domingo, 2 de novembro de 2014

Sporting 0x3 Vitória de Guimarães

Nenhuma oposição ao desfecho do jogo. O último clube invicto nas competições nacionais quedou-se fragorosamente em Guimarães.

As boas exibições do Sporting ficaram algures à sombra em Lisboa. Avalio a equipe assim: meio-campo de luxo – que diversos olheiros europeus acompanham – ataque razoável, mas apenas com um ponta de lança de raiz, e uma defesa que depois da saída de Marcos Rojo tornou-se uma peneira.

Uma equipe europeia com aspirações a título nacional não pode, jogo após jogo, tomar gols elementares por falhas dos zagueiros. Antes Maurício tinha o apoio de Rojo, mas sem esse apoio deixou de haver ‘xerife’ na defesa. Sarr ofereceu diversos gols aos adversários e acabou sendo preterido em favor de Paulo Oliveira, que tem feito um bom trabalho. A zaga chegou ao cúmulo de Sarr, em um dos seus últimos jogos como titular, dar um passe para trás na sua grande área e Maurício completar de cabeça ainda mais para a frente do atacante adversário. Paulo Oliveira é uma revelação, mas é muito jovem e Maurício não sabe jogar sem um líder na zaga.

A verdade é que o Sporting tem apenas um zagueiro competente, precisa de outros zagueiro titular e de mais dois zagueiros reservas. Faria bem se vendesse Maurício e Sarr para adquirir quem precisa. E carece, pelo menos, de outro atacante de área.

Ontem o Guimarães fez os três gols de bola parada, o que é inaceitável para uma grande equipe e revela falhas gritantes. Os dois primeiros gols ocorreram na sequência de dois escanteios. No primeiro o técnico do Vitória percebeu que a defesa do Sporting estava distraída e mandou o seu atleta bater rapidamente o escanteio. No segundo gol, na sequência de outro escanteio, Maurício cabeceou absurdamente para o fundo da própria baliza. Finalmente, já no final do jogo, um pênalti infantil oferece o terceiro gol aos vimaranenses.

Evidentemente que o terreno do Guimarães é dificílimo, mas o Sporting teria que sair com um empate e, afinal, foi praticamente goleado. Creio que uma equipe que toma três gols de bola parada e não faz nenhum certamente não pode aspirar a vitória em competições por pontos. Com esta equipe a cometer erros atrás de erros na zaga, coisa para a qual venho alertando desde o início do campeonato, dificilmente pode competir com o Porto e o Benfica que têm planteis superiores – devendo privilegiar as competições de mata-mata. O ponto forte do Sporting em relação aos dois rivais teria que ser a força do coletivo, mas não oferecendo gols assim. Quase todos os gols sofridos pelo Sporting ao longo das competições nacionais foram ofertas de Maurício e Sarr.

Ainda se poderia dizer algo da arbitragem, que, em casos de dúvida, favoreceu sempre o Guimarães. Isto justifica-se porque o árbitro é de Lisboa e o Benfica tem muita força de bastidores. Aliás, isso foi visível na sexta-feira em que o árbitro marcou impedimento de um adversário do Benfica quando este ficaria frente a frente ao goleiro – evitando que o Benfica se ficasse pelo empate. Por via das dúvidas é melhor começar desde logo os favorecimentos ao Benfica e os prejuízos ao Sporting para garantir uma distância psicologicamente segura. Porém, observando a panorâmica dos 90 minutos o árbitro não influenciou os três pontos ganhos pelo Guimarães; quem influenciou por demérito próprio foi a equipe do Sporting.

Desta vez nem Nani, o líder da equipe, conseguiu influenciar positivamente o placar.

Se a defesa não for remontada na abertura da ‘caça aos talentos’, em Dezembro, dificilmente os Leões poderão disputar o título nacional, quedando-se em 3º ou 4º lugar, admitindo-se que a forte equipe do Guimarães se mantenha a jogar com inteligência como até aqui.

Vida que segue.

FICHA TÉCNICA
Sporting 0x3 Vitória de Guimarães
» Gols: Bouba, aos 15’, Maurício, aos 41’ (contra) e André, aos 82’ (pen.)
» Competição: Campeonato Português
» Data: 01.11.2014
» Local: Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães
» Público: 25.108 espectadores
» Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa); Ricardo Santos e Hernâni Fernandes
» Sporting: Rui Patrício; Cédric, Paulo Oliveira, Maurício e Jonathan; (Capel), Adrien Silva e William Carvalho; Nani, (Carlos Mané) e (Slimani). Técnico: Marco Silva. Táticas: inicial, 4x3x3; final, 4x4x2.
» Vitória de Guimarães: Assis; Bruno Gaspar, João Afonso, Josué e Traoré; André, Bouba, Hernâni (Cafú), Bernard (Ricardo Gomes) e Alex (Bruno Alves); Tomané. Técnico: Rui Vitória. Táticas: inicial, 4x2x3x1; fina, 4x2x3x1.

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