terça-feira, 13 de outubro de 2015

Seleção Portuguesa: a ‘estratégia resultadista’

Esta equipa joga para ganhar e hoje voltou a fazê-lo. A nota artística não me parece importante. Se temos de melhorar o nosso ataque? Eu quero é ganhar sempre. Claro que prefiro ganhar por mais golos, mas a coisa não prefiro é perder a jogar muito bem. Muitos gostam disso, mas não sou como os outros. E se ganhamos é porque se jogou bem. Tem é de se ganhar, não é preciso dar espetáculo. É claro que se tem de corrigir esses défices, mas a equipa tem mostrado muita qualidade.” – Fernando Santos, técnico da Seleção Portuguesa.

Apoiei a escolha de Fernando Santos como técnico da Seleção Portuguesa após uma série de maus resultados com o treinador anterior. Fernando Santos, engenheiro e técnico de futebol, é retranqueiro e as suas equipes são seguras na defesa, o que era uma boa garantia para a disputa da Euro Copa.

Após a escandalosa derrota do ex-treinador no 1º jogo em casa para a modesta Albânia, Fernando Santos conseguiu vencer todos os 7 jogos que se seguiram ao leme da equipe e atingiu uma eficácia de 100%. Todavia, em nenhuma partida a equipe jogou bem e em todas venceu por um único gol de diferença. Eis os resultados:

1x0 Dinamarca (f)
1x0 Arménia (c)
2x1 Sérvia (c)
3x2 Arménia (f)
1x0 Albânia (f)
1x0 Dinamarca (c)
2x1 Sérvia (f)

A defesa é segura, mas Portugal teve o 3º pior ataque das 18 Seleções classificadas em 1º e 2º lugar, que garantiam o acesso direto ao campeonato europeu de 2016. Não estava nas minhas previsões…

O técnico não se interessa por jogar bem e foi apelidado ‘engenheiro resultadista’. Muitos defendem que a ‘nota artística’ não interessa para nada e vencer deve ser o único objetivo. Vencer, vencer, vencer… Cada vez mais somos uma sociedade mundial em que o perdedor é execrado e a beleza ausente do desporto.

Como é possível nos termos deixado formatar como espectadores assistentes de desporto desprovido de beleza?

Vencer, vencer, vencer… Todos vendidos a uma vitória, a um título, a um momento sem luz nem exaltação, vendidos ao ‘resultadismo’…

Portugal venceu fulgurantemente com 7 vitórias sucessivas, classificou-se com muita antecedência e 7 pontos de avanço. Brilhante, sem dúvida. As duas últimas vitórias, em jogos maus, saíram dos pés do mesmo jogador com dois chutes inspirados de fora da área que se transformaram em golaços de meia distância. No resto do jogo?... Nada mais…

Fala-se em candidato ao título. Alguns, raros, arriscam Portugal ser um dos favoritos ao título. Se a equipa não decidir mudar a sua falta de criatividade e se limitar a exercê-la apenas para marcar gols quando está empatada, não tem futuro na fase final. Ou então é campeão da Europa sem nenhum brilho tal como fez a Grécia em 2004 e hoje é uma Seleção 'miserável' que não joga nem ganha coisa nenhuma. Aliás, este ‘resultadismo’ que se começa a sentir na cultura futebolística mundial, independentemente dos meios e da forma de vencer, retira do campo a arte de jogar futebol, anula os pressupostos do desporto. Fica contente o adepto ‘resultadista’, mas não o apaixonado pelo futebol.

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