por
CARLOS FERREIRA VILARINHO
especialmente
para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário
e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas
Transcrevo um
primeiro e inédito trecho do meu livro O
Futebol do Botafogo - 1966-1970, III
volume, ainda no prelo:
No time principal do Botafogo,
em 610 jogos, Garrincha marcou 242 gols e entregou outros tantos aos
companheiros. Por merecimento, ele conquistou o título de ‘Alegria do Povo’.
Mas desde o instante em que a personagem cruzou o seu caminho, ele
desfigurou-se como homem e atleta. Mané deixou General Severiano porque quis.
Estava de cabeça virada. Porém, bem mais tarde, ele confessará: “Continuo
Botafogo, ele mora no meu coração” (in Jornal do Brasil, de 18/12/1973).
A
propósito desta importante declaração, vale a pena recordar o que escreveu
Sandro Moreyra em sua coluna no Diário da Noite (‘Diga-me qual é o seu segundo
club’), em 3/12/1954: Diz o menino
Garrincha que, antes de treinar em General Severiano, nunca se preocupara com o
Botafogo. Seu club favorito era o Fluminense. Pelo tricolor discutia e brigava
lá em Pau Grande. Tanto que, quando achou que dava para crack da capital, o
primeiro club que procurou foi o de Zezé Moreira. Lá deu as caras, com sua
chuteira embrulhada em jornal, muito mais confiante que nervoso. Mas ninguém
fez fé nas suas pernas tortas e Garrincha nem chegou a treinar. Drama igual ele
viveu no Vasco e no América. Não tinha pinta e não queriam perder tempo com um
garoto, ainda mais todo empenado. A esperada chance ele foi ter no Botafogo,
levado por Araty, amparado no pistolão de Julinho Azevedo. Dois treinos e
estava no team de cima. Dois jogos e era cobra, ídolo, cartaz, tudo que um
crack deseja ser. Daí ter esquecido o Fluminense, ou melhor, trocado o
Fluminense pelo Botafogo. Este, que não era nada, virou o preferido. O outro
caiu para segundo. É o seu segundo club, mas sem merecer mais uma defesa nos
seus papos com a velha turma da Raiz da Serra.
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Mas
veja-se também como Garrincha se posicionou em relação à decisão do super-super
de 1958. Está na página 254 do meu livro O Futebol do Botafogo – 1951-1960, I volume:
A maioria do time iria torcer
pelo Flamengo no sábado, exceto Garrincha. Ele não ligaria nem rádio, nem
televisão: “Para mim, tanto faz que ganhe o Flamengo ou o Vasco”.
Excerto autorizado pelo autor. In: VILARINHO, C.
F. O Futebol do Botafogo 1966-1970. III volume. Rio de
Janeiro: no prelo (está à venda nas melhores livrarias do Rio de Janeiro o I
volume da obra completa, intitulado O Futebol do Botafogo 1951-1960),
e o II volume intitulado O Futebol do Botafogo 1961-1965.
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