Aída dos Santos, 82 anos, antiga campeã internacional de atletismo do Botafogo de Futebol
e Regatas, foi convidada pelo Comitê Olímpico Brasileiro a participar num
debate sob o tema ‘Mulheres no Esporte’ que envolveu Fabi Alvim, bicampeã
olímpica de voleibol, e Carolina Ferracini, gerente da ONU Mulheres, o qual foi
mediado por Manoela Penna, diretora de Comunicação e Marketing do COB.
Única representante feminina da delegação brasileira dos Jogos Olímpicos de
Tóquio 64, Aída contou a sua história de superação e resistência numa época em
que as mulheres eram alvo de preconceito nas modalidades desportivas.
Aída dos Santos contou tudo desde o início: – “Ser mulher no esporte era muito difícil. Ainda mais sendo negra e
pobre. Meus pais não entendiam e não queriam que eu praticasse esporte. Quando
ganhei minha primeira medalha, meu pai jogou ela fora porque eu não trouxe
dinheiro para casa. Foi duro, mas insisti.”
Aída relatou as suas lembranças de mais de meio século dos Jogos de Tóquio,
pormenorizando as inúmeras dificuldades que enfrentou antes e durante a
competição na qual esteve sempre sozinha, sem técnico, sem equipamentos e sem
intérprete. Além de um torção no pé durante as eliminatórias que, mesmo assim,
não arredou Aída da luta, alcançando 1,74m no salto em altura e arrebatando o
4º lugar – que seria com certeza uma medalha se dispusesse das condições de outros atletas.
Fabi Alvim, medalha de ouro em Pequim 2008 e Londres 2012, homenageou Aída com gloriosas palavras apologéticas:
– “Escutar Aída dos Santos é um
privilégio. Quem é apaixonado por esporte a tem como precursora e grande
representante feminina nos Jogos Olímpicos. Hoje não tem nem como comparar, é
um cenário completamente diferente. A busca por evoluir, por mais mulheres
participando, é diária. Para entender de onde viemos e onde chegamos, devemos
toda inspiração e reverência a atletas como Aída dos Santos.”
Aída dos Santos, um exemplo de atleta que, aos 82 anos, continua sendo atleta
defendendo a Seleção Master Brasileira de voleibol.
Pesquisa de Rui Moura (editor do blogue Mundo Botafogo).
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