Bicampeão mundial com a seleção brasileira em 1958 e 1962, o craque se
tornou treinador da Seleção do Peru e transformou o futebol no país vizinho. Crédito: revista Placar
por DIOGO MAGRI
Aos 17 anos, [Pelé] foi o camisa 10 da seleção e
brilhou na Suécia com gols e jogadas antológicas. O maior jogador de futebol de
todos os tempos, no entanto, não ganhou o prêmio de melhor jogador [da] Copa do
Mundo [de 1958]. Tal honra coube a Didi, apelido de Valdir Pereira,
um jogador mais discreto que o camisa 10, mas não menos brilhante. Craque doBotafogo,
o meia de 30 anos era conhecido como “o dono do time” que ganhou a primeira
estrela. Foi ele quem […] no meio do Mundial, pediu a entrada de Pelé e
Garrincha no time titular e, na final, após o Brasil levar um gol dos
suecos com quatro minutos, buscou a bola no fundo da rede e levou até o
meio-campo enquanto incentivava seus companheiros, gesto que marcou a vitória
de virada da seleção por 5 a 2 na decisão. Didi ainda foi bicampeão mundial em
1962 antes de se aposentar e comandar outro país em uma Copa, desta vez como
treinador. […]
O Brasil se classificou para o torneio na Suécia
graças a uma vitória por 1 a 0 contra o Peru, com um gol de Didi, em abril de
1957. […] O segundo contato do jogador com os peruanos aconteceria apenas seis
anos depois, quando o meia já tinha acrescentado ao seu currículo duas Copas e
uma breve passagem pelo Real Madrid. Em fim de carreira e ainda com contrato no
Botafogo, […] Didi começou a planejar sua empreitada como treinador. Recebeu o
convite para jogar e treinar no Sporting Cristal, de Lima. […]
Didi fez um trabalho discreto no Cristal e, com
saudades do Rio de Janeiro, voltou para o Botafogo. Jogou dois anos pelo
clube carioca e disputou suas últimas partidas, já com 38 anos, no São Paulo.
[…] Então, […] recebeu o convite para voltar ao cargo de técnico no Sporting.
“Encarando a coisa seriamente, ele montou o maior Sporting Cristal da
história”, afirma seu biógrafo. Foi campeão peruano em 1968, sua primeira
temporada. […]
Tamanho sucesso no futebol local não poderia resultar
em outra coisa se não o convite para dirigir a seleção do Peru. [Chegaram às] quartas
de final. […]
– “Ele virou um
deus no Peru por fazer o futebol do país acordar para o mundo”, continua
Péris Ribeiro. “O general Juan Velasco
Alvarado [no comando do país] queria
que ele virasse peruano, porque ele foi o homem que fez o futebol peruano
acordar”. […]
– “Aquela
seleção foi impecável, e os peruanos reverenciam Didi até hoje por causa disso;
chegar às quartas de final foi a melhor colocação da história do Peru”,
completa Lily Baylón, escritora e filha de Júlio Baylón, um dos jogadores
treinados pelo brasileiro na seleção em 1970. […] “A gratidão que o povo peruano e sua seleção sente hoje por Didi é
inestimável”, diz ela.
Apesar da idolatria, Didi escolheu deixar a seleção
após a Copa para treinar o River Plate. […] Só voltou ao Peru em 1986, como
técnico do Alianza Lima, um dos rivais do Sporting Cristal. Em dezembro do ano
seguinte, quando o brasileiro já havia deixado o Alianza, a equipe sofreu um
acidente de avião voltando para Lima após uma partida pelo campeonato peruano.
O avião, com 43 pessoas a bordo, caiu no mar nas proximidades do distrito de
Ventanilla. […] Apenas o piloto da aeronave sobreviveu. "Didi tinha amigos no Alianza Lima e foi
convidado pelo clube para viajar com a delegação nesse jogo, mas não aceitou",
revela Péris Ribeiro.
Didi morreu em 2001, no Rio de Janeiro, aos 72 anos.
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