terça-feira, 9 de julho de 2019

Didi, coisa mental

por PAULO MENDES CAMPOS

Da Vinci mudou a ótica estética ao dizer que pintura é coisa mental. Didi, mais que ninguém, introduziu no futebol o poder da inteligência. Não foi um espontâneo, um inspirado, um romântico; foi o cerebral, o racionalista, o clássico. (…)

Antes da Copa de 1958, perguntei-lhe qual era a dificuldade principal do jogador brasileiro na Europa. Respondeu-me que era a cancha pesada: os gramados de lá são espessos e os terrenos estão quase sempre úmidos; depois de 20 minutos, nossa moçada ficava sem perna. Pedi-lhe o remédio. Era simples: encharcar bastante o campo fofo do Bangu e realizar ali os treinos da seleção. Transmiti pelo jornal o recado; mas a comissão técnica não tomou conhecimento dele. Nossos dirigentes não topam palpites de meros atletas.

De volta da Suécia, Didi contou-me o que se passou na véspera da partida decisiva. Chovia durante a noite, e ele não conseguia dormir, temendo, mais que tudo, a cancha pesada. Acordou nervoso e cansado, mas decidido a transmitir uma impressão de calma e confiança aos jogadores menos experientes. E teve a feliz surpresa de saber que os amáveis suecos haviam estendido pedaços de lona sobre o gramado.

Perguntei-lhe: Que disse você aos jogadores, quando apanhou a bola no fundo das redes e veio andando sem pressa, depois que os suecos fizeram, no início, aquele primeiro gol?

– Disse: não é nada, minha gente, nós vamos encher esses gringos.

Sem comentários:

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...