Eduardo
Barroca sabe a (não)qualidade da sua equipe e procura montar uma estratégia
diminuidora do potencial dos adversários mediante muita posse de bola capaz de
retirar velocidade ao adversário e favorecer a maior lentidão dos nossos jogadores.
Porém…
Porém,
o Botafogo pouco mais faz do que isso. A posse de bola exige que, em alguns
momentos, a equipe mude rapidamente a velocidade de jogo, faça mudanças de flanco para rasgar
a defesa em desequilíbrio e penetrar rapidamente com perigo frente à baliza. Ora,
o Botafogo não sabe fazer isso, porque à custa de baixar a velocidade do jogo
não é capaz de a acelerar subitamente, entre outras razões, porque não possui
jogadores velozes além do Erik e não tem atacantes que façam gols.
Então,
a posse de bola é inócua e o Botafogo torna-se previsível numa equipe que não
tem velocidade nem ataque – e quem não tem ataque não ganha jogos.
Nos
últimos três jogos o Botafogo perdeu duas partidas por 1x0 e empatou uma por
0x0, não marcando nenhum gol e, por isso, basta um gol adversário em jogada
súbita ou um erro da defesa para perder o jogo. Ou, no caso, um golaço
imparável de fora da área.
Assistiu-se
a um primeiro tempo em que o Botafogo marcou bem a criação do Santos, pese
embora Marcinho ter sido constantemente assediado e pouco apoiado pelos
companheiros, abrindo-se um corredor ao Santos, sobretudo porque enquanto o
Botafogo tem posse de bola com lentidão, os paulistas fizeram muito mais jogo
vertical com precisão de passe e velocidade, ameaçando mais vezes o Botafogo do
que o inverso. Enquanto isso, sempre que chegou ao ataque, bem lentamente, o
Botafogo nunca perigou a baliza adversária ao longo dos 45 minutos iniciais.
O
segundo tempo começou diferente em virtude da expulsão de um adversário. O
árbitro expulsou-o porque não teve outro remédio: Lucas Veríssimo já antes devia ter recebido o
segundo amarelo e, neste caso, a jogada foi tão flagrante que o árbitro teve
que o expulsar.
Então,
claramente o Botafogo assumiu maior proximidade à baliza adversária e, momentaneamente,
o Santos teve dificuldade de se ajustar à nova realidade. Poderíamos ter
marcado então, mas quem não tem jogadores de ataque nem médios com pontaria,
nem zagueiros para cabecear com sucesso nos escanteios, não consegue fazer gol.
E
a partir dos 12’ da partida o Santos recuperou
sua melhor articulação após uma substituição errada de Barroca, que atirou
Alex Santana para o banco, apesar de a sua exibição ter sido muito aceitável. E
a partir daí o Botafogo piorou e, apesar de estar jogando com um atleta a mais,
permitiu um contra-ataque do Santos de 3 contra 1.
Nesse
contra-ataque um jogador do Santos escorregou antes de qualquer contato com
Gilson e o árbitro aproveitou a ocorrência para o que já tanto esperava: a
oportunidade de, 22’ após expulsar o paulista, igualar as forças em campo com
expulsão de Gilson.
Ora,
Gilson não teve nenhum contato com o adversário antes de ele escorregar e cair,
tocando-se levemente pouco depois pela pressão dos corpos na jogada. O santista
reclamou e o árbitro prontamente mostrou o segundo amarelo e… MUDOU O RUMO DO
JOGO!
Então,
o Santos tornou a exercer maior perigo através de uma equipe tecnicamente
melhor, perigou a baliza de Gatito e acabou sofrendo o gol da derrota numa
execução primorosa de Marinho. E depois disso o Santos teve, pelo menos, quatro
oportunidades claras de ‘matar’ o jogo, enquanto o Botafogo não conseguiu
entrar na área com perigo e apenas teve uma chance de marcar.
Em
suma, se o árbitro influenciou no resultado, tornando a desequilibrar a partida
com a injusta expulsão de Gilson, a verdade é que o Botafogo não cresceu como
eu esperava. Não que lhe falte vontade – o que falta mesmo é capacidade técnica
na criação, na velocidade, na finalização.
Torno
a recear o futuro da equipe de futebol em 2019 face ao crescimento zero da
equipe, em jogo desenvolvido e em gols marcados.
FICHA
TÉCNICA
Botafogo
0x1 Santos
»
Gols: Marinho, aos 74’
»
Local: Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
»
Data: 21.07.2019
» Renda: R$ 480.278,70
»
Árbitro: Heber Roberto Lopes (SC); Assistentes: Bruno Boschilia (PR) e Daiane
Caroline Muniz dos Santos (MS); VAR: André Caio Max Augusto Vieira (RN);
Assistentes VAR: Pablo Ramon Goncalves Pinheiro (RN) e Flávio Gomes Barroca
(RN)
»
Disciplina: cartão amarelo – Gilson e Joel Carli (Botafogo) e Gustavo Henrique,
Lucas Veríssimo e Marinho (Santos); cartão vermelho (segundo amarelo): Gilson
(Botafogo) e Lucas Veríssimo (Santos)
»
Botafogo: Gatito Fernández; Marcinho, Carli, Gabriel e Gilson; Cícero, Alex
Santana (Victor Rangel), João Paulo; Erik, Diego Souza (Jonathan) e Luiz
Fernando (Rodrigo Pimpão). Técnico: Eduardo Barroca.
»
Santos: Éverson; Lucas Veríssimo, Felipe Aguilar, Gustavo Henrique; Jorge,
Diego Pituca, Carlos Sánchez, Jean Mota (Victor Ferraz), Eduardo Sasha (Felipe
Jonatan), Uribe (Marinho) e Soteldo. Técnico: Jorge Sampaoli.
Sem comentários:
Enviar um comentário