por
RUY MOURA
Editor
do Mundo Botafogo
Confesso desde já que Paulo Autuori me tirou a motivação
para analisar a partida quando, em vésperas do jogo contra o Fluminense, declarou
publicamente que não havia clima para motivar os jogadores para a semifinal.
Quando um treinador, pago pelo Clube e com a obrigação de
se empenhar a fundo pela vitória em qualquer circunstância, mostra um contrassenso
absurdo e indica o caminho da eliminação, então contagia os outros com o vírus
do seu descontentamento.
Aliás, provavelmente Autuori nem sequer quereria
enfrentar o Flamengo, suprimindo qualquer tipo de ambição antes do jogo de hoje
e evidenciando, em toda a partida, que a motivação para ganhar era zero x zero elevado
à máxima potência zero.
Precisando de um gol para se classificar, Autuori não desenvolveu
ações durante a partida com vista a ganhar e só efetuou duas substituições aos
82’ e 85’. E quando era preciso fazer as derradeiras tentativas a todo o gás,
Autuori procedeu à 3ª substituição a… 30 segundos do apito final!
Na verdade, Autuori levou avante a sua própria vontade
pessoal de não participar no campeonato, indiferente à obrigação de defender a
camisa de um Glorioso clube, e conseguiu a proeza de, em 180 minutos de jogo
contra a Portuguesa e o Fluminense, travar a criatividade de Luís Henrique e o
dinamismo do ataque no 1º jogo da retoma, que anunciava esperanças, desmentidas
nos dois jogos seguintes pela ação de um treinador engessado no seu próprio
capricho.
Mas como no Botafogo cada um faz sempre o quer e lhe apetece...
Afinal, foi o resultado perfeito para ambos os lados: o
Fluminense não fez nenhum gol nos seus três jogos e Autuori não levou a sua
equipe a fazer nenhum gol nos dois jogos em que a comandou – foram ambos
absolutas nulidades.
Para o futuro…
Bem, para o futuro… Se eu já não concordava com Autuori
na posição de técnico, mas sim de dirigente, porque o considero ultrapassado
tecnicamente, agora receio que nem sequer para dirigente sirva, porque o seu
nível de desmotivação é tão grande que o levou, aliás, a pedir a demissão – que
foi recusada.
Se não se mudar a equipe dirigente e a comissão técnica do
futebol, bem como efetuar alguns reforços, nem a SA salvará o futebol botafoguense,
se é que será dirigida por verdadeiros profissionais não pertencentes a qualquer dos grupelhos que minam o Botafogo há décadas, o que ainda não é sequer seguro.
O meu ceticismo continua, e os botafoguenses deviam cobrar
muito mais destes dirigentes soberbamente néscios.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 0x0 Fluminense
» Gols: -
» Competição: Campeonato Carioca
» Data: 05.07.2020
» Local: Estádio Nilton Santos, o ‘Engenhão’, no Rio de
Janeiro (RJ)
» Público e Renda: portões fechados
» Árbitro:
» Disciplina: cartão amarelo – Danilo Barcelos (Botafogo);
Michel Araújo (Fluminense)
» Botafogo: Gatito Fernandez; Barrangeguy, Kanu, Marcelo
e Danilo Barcelos; Caio Alexandre (Cícero), Honda e Bruno Nazário; Luiz
Fernando (Lecaros), Luís Henrique (Rafael Navarro) e Pedro Raul. Técnico: Paulo
Autuori.
» Fluminense: Muriel; Gilberto, Nino, Digão e Egídio;
Hudson, Yago Felipe (Michel Araújo) e Dodi; Nenê (Marcos Paulo), Wellington
Silva (Fernando Pacheco) e Fred (Evanilson). Técnico: Odair Hellmann.
2 comentários:
Nada a acrescentar ao seu comentário, apenas que me dá pena ver o desperdício de alguns bons jogadores travados num esquema que mais parece a disposição de um time de botão, com as peças fixas em suas respectivas posições, um engessamento irritante. Também acho que o Paulo Autuori já deu, sinto que ele não tem motivação além de estar extremamente indignado com os caminhos que o futebol no pais - em especial no carioca - vem tomando. Abs e SB!
Totalmente de acordo, Sergio!
Abraços Gloriosos.
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