quinta-feira, 31 de março de 2022

Campeonato Carioca: “eu era charme, estão a matar-me”

Crédito: Portal onefootball.com

por CARLOS EDUARDO

Crônica de Quinta, no Mundo Botafogo

E a FFERJ segue com sua função principal no RJ além do lucro-próprio... o sucateamento do seu principal produto, o outrora ‘Cariocão’.

Aquele que era considerado ‘o mais charmoso’ campeonato estadual do Brasil, tornou-se um torneio repleto de erros propositais de arbitragem, e pior, tudo com o aval da federação e do VAR – Vídeo Arrumador de Resultados!

Aliás, o que esperar de um campeonato tão mal-organizado e com arbitragens sendo as verdadeiras protagonistas do torneio?

É notório que ao longo dos anos a competição perdeu a sua relevância e o tal ‘charme’, já que atualmente é um campeonato descartável, cujo único objetivo é ser um ‘peso’ no calendário das grandes equipes cariocas.

O ‘Clássico Vovô’ na semifinal do estadual no último final de semana não fugiu à regra (polêmica com arbitragem), e acabou sendo ofuscado, para variar, pelo "dono do apito" (o árbitro Paulo Renato Moreira)

Apesar da vitória por 2x1, pelo regulamento o Botafogo não disputará a final. Entretanto, fez um campeonato digno, mesmo com reformulações e desfalques constantes.

Além disso, o Campeonato Carioca não é rentável aos clubes, não é atrativo para quem vai aos estádios nem para quem assiste pela tv/app já que a transmissão é ruim, e é um péssimo produto para quem queira patrocinar.

A postura da FFERJ exigindo que os clubes usem seus elencos principais num estadual que ela mesma desprestigia e desvaloriza, é no mínimo contraditória.

Se não querem acabar, de fato, com o campeonato, é de extrema necessidade enveredar por uma reformulação séria, pois cada vez mais os clubes boicotarão inapelavelmente o certame, porque infelizmente o nível é baixo e o torneio só é rentável e atrativo para a federação!

REMO: A LENDA COM FUTURO [05]

Olavo Bilac batiza a embarcação Salamina.

quarta-feira, 30 de março de 2022

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1966-1970’: o combate Manga x Ditão… [09]

por CARLOS FERREIRA VILARINHO

especialmente para o Mundo Botafogo

sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

 [A narração que se segue antecipa o III Volume da coleção a editar em 2022 e reporta-se ao ano de 1966]

No dia 28 de março de 1966, satisfazendo a imensa expectativa do País, João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos, leu a lista de convocados para os treinos do escrete nacional para a Copa do Mundo. De um total de 45 jogadores (23 paulistas, 19 cariocas, 1 mineiro, 1 gaúcho e 1 pernambucano), cinco eram botafoguenses: Manga, Rildo, Gérson, Jairzinho e Parada. Jair da Costa (Internazionale) e Amarildo (Milan) eram nomes certos para uma próxima convocação. No dia 1º de abril, os canarinhos botafoguenses se apresentaram à CBD.

No dia 22, uma sexta-feira, em Caxambu, local da concentração, durante o bate-bola, o beque Ditão, mau chutador, irritou-se com as gozações de Manga, sentado ao lado das traves, e o desafiou: “Olha, Manga, você é um mascarado. Só lhe falta a espada e o chapéu para bancar o Zorro. O melhor que você faz é vir para cá, que eu quero fazer gol é em quem se diz goleiro” (Jornal do Brasil).

Manga respondeu à altura: “Pois bem, Ditão, eu vou para o gol e em 10 chutes você não faz nenhum. Não reconheço qualidades de atacante em você” (Jornal do Brasil).

Montagem de Iram Santos.

Paulo Amaral, que ouvia tudo, mandou que Ditão fosse para o gol. Manga dirigiu-se a Dino Sani: “Ei, Dino, chuta no peito do Ditão. Chuta no peito dele, que mesmo assim, você faz gol” (Jornal do Brasil).

Nervoso por ainda não ter renovado com o Flamengo, Ditão o advertiu e acrescentou que só conhecia dois goleiros no Brasil: Castilho e Gilmar. Manga retrucou: “É, mas todas as vezes em que eu jogo contra o Flamengo, faço a feira de véspera e com fartura, porque o bicho é certo” (Jornal dos Sports).

Ditão saiu de campo e o chamou para a briga. Ora, Manga lutara muito para chegar ao escrete e não faria uma estupidez, que certamente seria punida com o corte sumário. Envergonhado, Manga respondeu que estava brincando e deu o caso por encerrado. Mas os outros jogadores foram obrigados a levar Ditão para o ônibus, pois ele não se convencia e queria mesmo brigar com Manga. À noite, com cabeça fria, ambos selaram a paz.

Na tarde de terça-feira, dia de aniversário de Manga, houve um treinamento no qual Paulo Amaral rolava a bola para os atacantes chutarem na corrida. Quando um goleiro deixava a bola entrar, cedia a vez ao próximo. Entretanto, mesmo com a chuva forte, Manga agarrou tanto que Paulo Amaral se aproximou, conversou com ele, virou-se para os atacantes e explicou que Manga ia ser dispensado para os outros goleiros poderem treinar, porque a bola não entrava e ele não saía.

REMO: A LENDA COM FUTURO [04]

A invencível embarcação Diva venceu o Campeonato Carioca, em 4 de junho de 1899, tripulada por Armando Leite Basto, F. Macedo, O. Castro e C. Freire, e patronada por Paulo Azevedo.

terça-feira, 29 de março de 2022

Níver dos Campeões: Torneio Internacional do México, 1968

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

TORNEIO INTERNACIONAL DO MÉXICO – 1968

Os campeões e as Datas de Nascimento

Afonso Celso Garcia Reis (‘Afonsinho’). DN: 03.09.1947.

Antônio Parada Neto. DN: 20.02.1939.

Carlos Roberto de Carvalho. DN: 01.05.1948.

Dimas Filgueiras Filho. DN: 13.05.1944.

Francisco de Jesus Fernandes (‘Chiquinho Pastor’). DN: 21.08.1946.

Gérson de Oliveira Nunes Canhotinha de OuroDN: 11.01.941.

Haílton Corrêa de Arruda Manga. DN: 26.04.1937.

Humberto André Rêdes Filho. DN: 20.06.1945.

Ismael Moreira Braga. DN: 18.05.1945.

Jair Ventura Filho (‘Jairzinho). DN: 25.12.1944.

José Carlos Gaspar Ferreira (‘Zé Carlos’). DN: 17.08.1943.

Luiz Carlos Pires de Queiroz (‘Cao’). DN: 26.09.1945.

Luiz Edmundo Teixeira de Souza Paiva (‘Lula’). DN: 09.06.1944.

Oswaldo Sampaio Júnior (Paulistinha’). DN: 20.08.1939.

Paulo Cézar Lima (‘Caju’). DN: 16.06.1949.

Roberto Lopes de Miranda. DN: 31.07.1943.

Rogério Hetmanek. DN: 02.08.1948.

Sebastião LeônidasDN: 06.04.1938.

Valtencir Pereira Senra. DN: 11.11.1946. 

Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo. DN: 09.08.1931.

Os jogos

BOTAFOGO 2x1 TOLUCA (Bicampeão do México)

» Gols: Roberto, aos 12' e Jairzinho, aos 50’ (Botafogo); Vicente Pereda, aos 75’ (Toluca)

» Data: 06.02.1968

» Local: Estádio Azteca (México)

» Botafogo: Cao, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Afonsinho (Lula); Rogério, Roberto (Humberto), Jairzinho e Paulo Cézar. Técnico: Mário Zagallo.

BOTAFOGO 2x2 ESTRELA VERMELHA (Campeão da Iuguslávia)

» Gols: Roberto, aos 13' e Jairzinho, aos 63' (Botafogo); Dzajic, aos 61' e 89’ (Estrela Vermelha)

» Data: 11.02.1968

» Local: Estádio Azteca (México)

» Botafogo: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir (Paulistinha); Carlos Roberto e Gérson; Rogério (Humberto), Roberto, Jairzinho (Afonsinho) e Paulo Cézar (Lula). Técnico: Mário Zagallo.

BOTAFOGO 4x0 SELEÇÃO DE JALISCO (México)

» Gols: Jairzinho, aos 15' e 60’, Roberto, aos 28' e 31'

» Data: 18.02.1968

» Local: Estádio Azteca (México)

» Botafogo: Manga, Moreira, Zé Carlos (Chiquinho Pastor), Leônidas (Dimas) e Valtencir; Carlos Roberto (Afonsinho) e Gérson; Rogério, Roberto (Parada), Jairzinho e Lula. Técnico: Mário Zagallo.

BOTAFOGO 1x0 SELEÇÃO DO MÉXICO (México)

» Gol: Jairzinho, aos 76'

» Data: 22.02.1968

» Local: Estádio Azteca (México)

» Botafogo: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Afonsinho e Gérson; Rogério, Roberto, Jairzinho e Lula. Técnico: Mário Zagallo.

BOTAFOGO 3x1 FERENCVAROS (Campeão da Hungria)

» Gols: Jairzinho, aos 37', Roberto, aos 67’ e Gérson, aos 50’ (pen.) (Botafogo); Szucs, aos 82’ (Ferencvaros)

» Data: 25.02.1968

» Local: Estádio Azteca (México)

» Botafogo: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Afonsinho (Paulistinha) e Gérson; Rogério (Dimas), Roberto, Jairzinho e Lula. Técnico: Mário Zagallo.

Os artilheiros: Jairzinho (6), Roberto (5) e Gérson (1).

Fichas Técnicas  completas aqui: 1968: Botafogo, campeão internacional no México 

REMO: A LENDA COM FUTURO [03]

Regata Commissão Millitar Uruguaya, 1894, vitoriosa embarcação Etincelle patronada por Luiz Jordão.

segunda-feira, 28 de março de 2022

Botafogo 2x1 Fluminense: a resposta de John Textor!

Erison inaugura o marcador entre três defesas. Créditos: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Análise ao jogo fácil de fazer:

O Botafogo não entrou em campo no primeiro tempo e o Fluminense jogou tranquilo com o regulamento debaixo do braço, ciente que o Botafogo jamais marcaria dois gols.

O Botafogo surpreendeu com uma boa segunda parte e um Erison mostrando as suas capacidades e o merecimento do Botafogo em eliminar o Fluminense.

Por incompetência própria o Botafogo tomou o gol que o eliminou, sobretudo porque resolveu chutar à baliza adversária no último minuto em vez de segurar a bola na frente. Luís Castro pôde perceber, no mínimo, três coisas: a imaturidade sistêmica das equipes botafoguenses na gestão de vantagens, a existência de adversários do tipo indecoroso de Fred e a verdadeira cara da Federação e da Comissão de Arbitragem de Futebol do Rio de Janeiro.

O árbitro mostrou ao vivo e em direto a maléfica influência de quem manda no futebol carioca quando expulsou Fred por falta próxima da área do Fluminense, não o impediu de se manter em campo e decidiu terminar o jogo quando se formava a barreira e o Botafogo se preparava para cobrar a falta, chance derradeira de eliminação do Fluminense.

Os Mais Gloriosos. Crédito: Botafogo TV.

A esta incompetência, desfaçatez, má-fé e escandaloso benefício sempre aos mesmos clubes (Flamengo e Fluminense), colocando-se mais uma acha na fogueira em que se queima o futebol carioca, John Textor foi determinante e brilhante:

In 2023, @Cariocao will be a great tournament for our @Botafogo B team!

Em 2023, o Cariocão será um grande torneio para o time B do nosso Botafogo!

Uma competição B só pode ser disputada por uma equipe B do Botafogo. Obrigado pelo discernimento, John Textor. Parece que finalmente vamos ter dirigentes assertivos e determinados em defesa do Clube!

Crédito: Globoesporte.com

FICHA TÉCNICA

Botafogo 2x1 Fluminense

» Gols: Erison, aos 45+2’e 90’ (Botafogo); Cano, 90+6’ (Fluminense)

» Competição: Campeonato Carioca – Semifinais

» Data: 27.03.2022

» Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)

» Árbitro: Paulo Renato da Silva Coelho; Assistentes: Rodrigo Figueiredo Corrêa e Thiago Corrêa Farinha; VAR: Rodrigo Nunes de Sá

» Disciplina: cartão amarelo – Luiz Fernando, Rikelmi, Vinícius Lopes, Erison e Kayque (Botafogo) e André, Nonato, Fred, Cano e Yago Felipe (Fluminense); cartão vermelho – Fred (Fluminense)

» Botafogo: ​Douglas Borges; Daniel Borges, Philipe Sampaio, Kanu, Jonathan Silva (Hugo); Kayque (Juninho), Barreto (Romildo); Luiz Fernando (Gabriel Conceição), Chay, Rikelmi (Vinícius Lopes); Erison. Técnico: Lúcio Flávio.

» Fluminense: Marcos Felipe; Luccas Claro, Manoel (Nonato) e David Braz; Calegari, André, Martinelli (Yago Felipe) e Pineida (Cristiano); Jhon Arias (Ganso), Willian Bigode (Fred) e Germán Cano. Técnico: Abel Braga.

Retrospecto Botafogo x Fluminense (2007-2022)

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

No período em retrospectiva (2007-2022) o Botafogo defrontou o Fluminense em 61 partidas, obtendo 22 vitórias, 17 empates e 22 derrotas, com saldo de gols desfavorável em 61-63.

Artilheiros: Elkeson (3), Ribamar (3), Roger (3), Alex Santana (2), Bolívar (2), Dodô (2), Erison (2), Fahel (2), Henrique (2), Herrera (2), Loco Abreu (2), Lúcio Flávio (2), Renato (2), Wellington Paulista (2), Andrezinho (1), Bill (1), Bolatti (1), Caio (1), Caio Alexandre (1), Carlos Alberto (1), Daniel (1), Diguinho (1), Dudu Cearense (1), Felipe Menezes (1), Fernandes (1), Gegê (1), Igor Rabello (1), Jobson (1), Jorge Henrique (1), Kanu (1), Kieza (1), Lucas (1), Maicosuel (1), Marcos Vinícius (1), Matheus Babi (1), Neilton (1), Rafael Marques (1), Renato Silva (1), Renato Cajá (1), Rodrigo Lindoso (1), Sassá (1), Seedorf (1), William Arão (1) e Zeballos (1).

2007

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 2x1 Fluminense

Botafogo 0x2 Fluminense

Botafogo 2x0 Fluminense

2008

Botafogo 3x1 Fluminense

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 0x0 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

2009

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 1x2 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

Botafogo 0x0 Fluminense

2010

Botafogo 1x2 Fluminense

Botafogo 3x2 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 0x0 Fluminense

2011

Botafogo 3x2 Fluminense

Botafogo 2x1 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

2012

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 1x4 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

2013

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

2014

Botafogo 3x0 Fluminense

Botafogo 2x0 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

2015

Botafogo 1x3 Fluminense

Botafogo 1x2 Fluminense

Botafogo 2x1 Fluminense

2016

Botafogo 2x0 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

Botafogo 1x0 Fluminense

2017

Botafogo 2x3 Fluminense

Botafogo 3x1 Fluminense

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 1x2 Fluminense

2018

Botafogo 0x0 Fluminense

Botafogo 0x3 Fluminense

Botafogo 2x1 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

2019

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 1x0 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

2020

Botafogo 0x3 Fluminense

Botafogo 0x0 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

Botafogo 1x1 Fluminense

2021

Botafogo 0x2 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

2022

Botafogo 1x2 Fluminense

Botafogo 0x1 Fluminense

Botafogo 2x1 Fluminense

Clique aqui e confira as fichas técnicas dos jogos: Retrospecto Botafogo x Fluminense (2007-2022)

domingo, 27 de março de 2022

Luís Castro: o futuro anunciado

Leia aqui a publicação do Mundo Botafogo sobre Luís Castro

Histórias de Sandro Moreyra: Manga no gabinete de Paulo Azeredo

REVISTA PLACAR, 11.08.1986

Numa das muitas ocasiões em que foi chamado para renovar seu contrato com o Botafogo, o goleiro Manga foi até ao gabinete do presidente Paulo Azeredo e ficou aguardando. Quando o presidente lhe perguntou quanto queria ganhar, Manguinha saiu-se com sua clássica resposta de todo ano:

- No mínimo, o máximo.

O presidente insistiu para que Manga traduzisse em cifras aquela frase e o goleiro fez, então, uma pedida altíssima. Surpreso e um tanto irritado, o presidente Azeredo disse:

- ‘Seu’ Manga, onde o senhor pensa que está?

- Ué. Em seu gabinete!

sábado, 26 de março de 2022

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1961-1965’: o futebol no tabuleiro das insinuações… [72]

por CARLOS VILARINHO

especialmente para o Mundo Botafogo

sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

[A narração que se segue reporta-se ao II Volume da coleção ‘O Futebol do Botafogo’ e ao ano de 1965]

Na segunda-feira (dia 6 de dezembro), a oposição lançou a chapa Tradição-Renovação, encabeçada pelo sócio emérito (1935) Althemar Dutra de Castilho, campeão carioca de 1933. Completavam a chapa – como se previa - o trio Rivinha, Ferraz e Júlio Azevedo. Seguindo o script, Armando Nogueira saudou-a com “indisfarçável satisfação”.

No dia seguinte, o Flamengo encaminhou à CBD o pedido de empréstimo de Garrincha, alegando: “Recuperação psicológica é o que Mané precisa para voltar à sua grande forma e ganhar o direito de nova convocação pela CBD”.

A semana banguense começou tensa por causa das imundícies lançadas pela imprensa, uma delas, a substituição (imediata) de Daniel Pinto por Paulo Amaral. Era de rir. Na terça-feira, Garrincha se recusou a participar do individual (puxado), limitando-se a bater bola. Roberto recuperou-se da contusão no joelho, assegurando o retorno. Frustrando o técnico, Bianchini ficou de fora do coletivo (titulares 2x1) de quarta-feira, pois se recusou a treinar entre os reservas. Mané não apareceu, nem deu satisfação. Felizmente, Zé Carlos renovou. No julgamento do TJD (sexta-feira), apesar de indiciado por agressão, Jairzinho foi apenas multado. Manga, atingido, no último jogo, por um pontapé no cotovelo operado, ficou de fora do apronto, sendo desfalque certo.

A esta altura, o Flamengo fizera circular o boato de que o Botafogo facilitaria a vitória do Bangu, encontrando, inclusive, apoio no suplente de João Saldanha (Última Hora).

Na outra noite, o Botafogo não repetiu a boa exibição do último jogo (2x1 Vasco da Gama), atuando sem inspiração. Aos 20 minutos, Cao agarra o chute de Paulo Borges, mas no momento da reposição, Foguete (ex-Flamengo) vem por trás, enfia a cabeça, toma a bola das suas mãos e empurra para o barbante. Acintosamente, Eunápio aponta o centro do campo: 0x1. Se o Botafogo estivesse no páreo, sua decisão seria outra. A validação do gol irregular desnorteou o Botafogo a ponto de Sicupira esquecer sua função de apoio ao meio de campo. Bem fechado atrás e absoluto na meia-cancha (Jaime, Roberto Pinto, Parada e Foguete), o Bangu controlou bem as ações.

Na fase final, logo aos 3, Jairzinho, num rush sensacional, finta vários marcadores, bate Mário Tito, dribla Ubirajara e vai empatar quando o goleiro e o beque o derrubam. Pênalti! Eunápio faz vista grossa! Até os 10 minutos, o Botafogo continuou apertando a garganta do Bangu. Depois, houve um equilíbrio. Aos 24, Foguete ampliou: 0x2. O Botafogo morreu em campo. Aos 29, Paulo Borges fechou o placar: 0x3.

Na preliminar, foi o contrário: Botafogo 3x0. Os aspirantes chegaram aos 22 pontos. O título agora só dependeria de um simples empate na última rodada, contra o Flamengo, que venceu o Fluminense (3x2).

Com a vitória no Fla-Flu (2x1), o Flamengo chegou aos 22 pontos e começou a comemorar o título.

Na segunda-feira, de volta à coluna “Contra-Ataque”, Saldanha comentou maliciosamente a derrota alvinegra: “Segundo consta, mais tarde, houve uma festa na sede do Botafogo”. No dia seguinte, a Diretoria protestou contra o que chamou de “insinuações levianas e grosseiras de que o time tivesse facilitado intencionalmente a vitória do Bangu”. Euzébio de Andrade, presidente do Bangu, reagiu: “O Flamengo deve ter amolecido também porque perdeu do Bangu por 3x0 e jogando menos do que o Botafogo. Neste caso, iríamos insinuar maldosa e levianamente, como os outros, que o Fluminense entregara o jogo no Fla-Flu”.

Na manhã desta terça-feira, Daniel Pinto concitou os jogadores a darem um pouco mais de si, despedindo-se do campeonato com uma vitória. Garrincha era carta fora do baralho: “O Mané não quer nada. Ontem mesmo, eu pedi ao Garrincha para se preparar bem e voltar ao time, no último jogo deste campeonato, mas a resposta foi negativa. Disse que só pretende voltar no próximo campeonato Rio-São Paulo”. O craque já sabia que Havelange pedira a Palmeiro que o emprestasse à CBD, que o repassaria ao Flamengo.

Na quarta-feira, os dois colunistas da Última Hora pediram voto para a oposição. Saldanha, mais polido, sentenciou: “O marasmo existente não pode continuar”. Maneco, com a habitual truculência, culpou a Diretoria “infeliz e desastrada” pelo “desastre” de 1965. No JB, Armando acusou a Diretoria de ter dado “ampla cobertura” à indisciplina de Bianchini. Não mencionou a de Garrincha (“ingênuo pecador”). Acusou Brandão Filho de ter transformado o futebol do Botafogo num “saco de gatos”. Ao longo de um ano, o JB mentiu e atacou a Diretoria, num esforço idêntico ao empregado na campanha (igualmente sórdida) em favor de Flexa Ribeiro.

À noite, Ney Palmeiro (104 votos) foi reeleito para o biênio 1966-1967, juntamente com Octávio (117 votos), Mufarrej (97 votos) e Brandão Filho (92 votos). A oposição obteve este resultado: Althemar (65 votos), Rivinha (70 votos), Ferraz (65 votos) e Júlio Azevedo (59 votos).

Na manhã seguinte, houve coletivo (titulares 3x1). Bianchini voltou ao time titular, saindo Arthur (com casamento marcado para o sábado). Jairzinho e Roberto jogariam nas pontas. Garrincha foi deixado de lado.

Na quinta-feira, Negrão de Lima atendeu ao pedido dos clubes para que as arquibancadas fossem vendidas a mil cruzeiros nos jogos do Bangu e do Flamengo.

Garrincha faltou ao individual, mesmo tendo dito ao JB, na véspera, que pretendia enfrentar o Flamengo. Daniel Pinto não engoliu: “Mané é jogador do Botafogo, mas só joga quando quer e eu não posso depender da vontade dele”. Na sexta-feira, Garrincha apareceu à tarde, quando o apronto (titulares 2x0) havia terminado há várias horas. O técnico declarou: “O Botafogo vai pra cabeça contra o Flamengo”. Ainda de mau-humor, Armando Nogueira previu o contrário: “O time do Botafogo não tem condições físicas e psicológicas para derrotar o Flamengo”.

No sábado, o Fluminense venceu o Bangu (20 pg) por 1x0, chegou aos 17 pontos e deu o título ao Flamengo (22 pg). Mas estourou a bomba! Tim disse à imprensa que, pela manhã, recebera um telefonema do vice-presidente do Bangu, Castor de Andrade (filho de Euzébio), garantindo-lhe as “castanhas de Natal”, caso Denílson não fosse escalado. Ainda segundo Tim, à noite, Castor anunciara nas tribunas do Maracanã que “o jogo estava ganho, porque Tim estava conversado”. O caso irá parar na 4ª Vara Criminal com recuo de Tim.

Na preliminar de domingo, o Botafogo decidiu o título contra o Flamengo e sua torcida (98% do estádio). O Botafogo jogou com raça, não se intimidando com vaias e bandeiras. Conquistou o resultado necessário (0x0) e levou para General Severiano o troféu de campeão carioca de aspirantes. Foi este o time: Hélio, Mura, Chiquinho, Adevaldo e Dimas, Élton, Ayrton e Afonsinho, Zélio, Humberto e Roberto II. A campanha foi excelente: 10 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 28 gols a favor, contra 10 sofridos.

A torcida flamenguista perdeu o humor. Quando os microfones anunciaram o nome de Gérson, ouviu-se uma vaia ensurdecedora. Quando o Botafogo entrou em campo, houve bis. Durante os 90 minutos, Gérson foi implacavelmente perseguido com os gritos de “É esse”. Na prática, o Flamengo armou-se num 4-4-2, pois Almir e Silva recuavam para apoiar Carlinhos e Nelsinho. Desta vez, Roberto procurou prender Murilo, jogando aberto. Jairzinho, na outra ponta, jogando com fome de vitória, infernizou a vida de Paulo Henrique. Ao contrário do turno, Bianchini e Sicupira voltavam para formar um quadrado com Marcos (um monstro) e Gérson. Na defesa, todos jogaram bem. Manga não teve trabalho. O primeiro tempo, debaixo de um sol abrasador (40 graus), não apresentou grande movimentação e passou em branco.

Na fase final, pouco a pouco, o Flamengo foi apagando e perdendo a meia-cancha. Sicupira recuou um pouco mais. Gérson subiu. Aos 35, na linha divisória do campo, Joel domina e toca para Sicupira, que passa por Nelsinho e serve a Bianchini, na entrada da área. Bianchini finge que vai chutar e enfia na medida para Gérson, entre Jaime e Ditão. Com um leve toque (de bico), Gérson desvia o couro do alcance de Valdomiro: 1x0. Depois do gol, o Botafogo levou o jogo no fogo baixo e garantiu a grande vitória. Radiante, Gérson apanhou a bola e exibiu-a para a torcida adversária.

Na terça-feira, Armando não escondeu sua contrariedade: “O jogo foi disputado com seriedade e o time do Flamengo só não ganhou porque não pôde; o outro, que foi tão irregular o ano inteiro, jogou melhor”.

11/12/1965 – 0x3 Bangu. Time: Cao, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo, Marcos e Gérson, Roberto, Jairzinho, Sicupira e Arthur.

19/12/1965 – 1x0 Flamengo, gol de Gérson. Time: Manga, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo, Marcos e Gérson, Jairzinho, Bianchini, Sicupira e Roberto.

A Obra pode ser adquirida através do endereço: https://www.mauad.com.br

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...