terça-feira, 1 de março de 2022

BOTAFOGUENSES ANÔNIMOS (24): Lusitano

 

por JOSÉ RICARDO CALDAS E ALMEIDA

Colaborador do Mundo Botafogo e Pesquisador de Futebol

Manoel Ferreira Constantino, o ‘Lusitano’, nasceu em Vitória (ES), no dia 7 de fevereiro de 1923.

Desde pequeno viveu no sítio de seu pai, um agricultor de recursos, nos arrebaldes de Vitória. O pai queria que ele se adaptasse à vida de cultivo da terra, mas Maneco (seu apelido na infância) preferia mesma era chutar uma bola de meia.

Os primeiros passos de Lusitano no futebol nacional foram dados no América, de Vitória (ES). Ali, Maneco demonstrou seus primeiros conhecimentos na arte de controlar a bola. E tantos foram os elogios que recebeu, que o Galícia, de Salvador (BA), foi buscá-lo. Estava iniciada a carreira de mais um profissional.

O apelido Lusitano ganhou em Salvador, quando de sua apresentação no Galícia. Cândido Trancoso, um dos baluartes do clube da colônia espanhola na capital baiana, olhou para o rapaz e sentenciou: Que tipo lusitano! Você é português?

Respondeu que era brasileiro, mas o apelido já estava lançado. Todos passaram a chamá-lo de Lusitano e a imprensa completou o batismo.

Com pouco mais de 16 anos estreou no Galícia, no dia 29 de outubro de 1939, no campo da Graça, em Salvador, com derrota de 3x1 para o Ypiranga, que viria a ficar um ponto à frente do Galícia na classificação final do campeonato baiano desse ano. O Galícia formou com Gino, Carapicu e Lusitano (Daruanda); Nevercínio, Ferreira e Palmer; Cacuá (Chico Antônio), Nestor, Palito, Capi e Vevé (Reginaldo).

No ano seguinte, mais precisamente no dia 4 de dezembro de 1940, Lusitano faria sua estreia na Seleção da Bahia em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. Também no campo da Graça, a Bahia massacrou o selecionado de Alagoas, por 12x1. Assim foi formado o selecionado baiano nesse dia: Menezes (Bahia), Baiano (Bahia) e Lusitano (Galícia); Mesquita (Vitória), Ferreira (Galícia) e Palmer (Galícia); Louro (Botafogo), Nestor (Bahia), Palito (Bahia), Nandinho (Bahia) e Vevé (Galícia).

Foram 12 jogos de Lusitano no Campeonato Brasileiro de Seleções com a camisa da Bahia.

Nos anos de 1941 a 1943 o Galícia tornou-se o primeiro tricampeão baiano de futebol. E em todos esses anos, sempre com a presença de Lusitano em sua defesa. Com poucas alterações, a escalação básica do Galícia nesses três anos foi: Nova (Bonfim), Carapicu (Bibi) e Lusitano (Zito); Daruanda (Nevercínio), Palmer (Falabaixinho) e Nouca (Alberto); Nogueira, Curto, Cacuá (Palito), Novinha e Reginaldo.

No começo de janeiro de 1944, a Federação Baiana de Futebol comunicou à Confederação Brasileira de Desportos que, apesar dos insistentes chamados, o zagueiro Lusitano, que havia participado do último Campeonato Brasileiro de Futebol e pertencia ao Galícia, não regressou à capital, Salvador, criando uma situação insustentável não só para o referido jogador como também para seu clube.

Alegando que não tinha condução para regressar imediatamente, e sem recursos financeiros para ficar num hotel, Lusitano aceitou um oferecimento de Joel Presídio, seu conterrâneo e diretor do Botafogo, se hospedando na sede do alvinegro carioca, onde passou a treinar sem nenhum compromisso, apenas para manter a forma.

No dia 7 de janeiro de 1944 o Botafogo concluiu as negociações iniciadas com o Galícia e obteve o passe do jogador, pagando por ele a quantia de Cr$ 20.000,00 e assinando contrato com prazo de dois anos.

No dia 26 de janeiro de 1944, quando o Botafogo foi registrar os novos contratos junto à Federação Metropolitana de Futebol, a entidade não registrou o de Lusitano, por não ter o mesmo feito a prova de quitação com o serviço militar. O contrato foi legalizado apenas em 26 de fevereiro.

Sua estreia no Botafogo aconteceu de forma auspiciosa, com uma goleada de 6x2 sobre o Flamengo, no dia 8 de março de 1944, em São Januário, formando com Oswaldo Baliza, Hernandez e Lusitano; Zarcy, Santamaria e Negrinhão; Affonsinho, Octávio (Tovar), Heleno de Freitas, Limoeirinho e Reginaldo.

De 1944 a 1947, seu último ano no Botafogo, foram 41 jogos, sendo 19 em 1944, 5 em 1945, 13 em 1946 e 4 em 1947. Não marcou gol.

Lusitano não conquistou título com a equipe principal do Botafogo. Suas únicas conquistas no Botafogo foram dois campeonatos cariocas de Aspirantes em 1944 e 1945.

Sua última partida com a camisa do Botafogo aconteceu em 12 de fevereiro de 1947, no empate em 1x1 com o Coritiba, no estádio Belfort Duarte, em Curitiba (PR). Formou o Botafogo com Oswaldo Baliza, Laranjeira (Negrinhão) e Lusitano; Ivan, Nilton Senra (Cid) e Juvenal; Braguinha, Geninho, Heleno de Freitas (Oswaldinho), Octávio e Izaltino.

Em abril de 1947, o América, de Belo Horizonte (MG) mandou um dirigente seu ao Rio de Janeiro para contratar três jogadores do Botafogo: Negrinhão, Papetti e Lusitano.

No dia 20 do mesmo mês faria sua estreia no América, em jogo válido pelo Campeonato Mineiro, com vitória de 3x2 sobre o Sete de Setembro. Essa foi a escalação do América: Rui, Arnold e Lusitano; Luís, Papetti e Negrinhão; Valinho, Alfredo, Silas, Santinho e Murilinho.

No ano seguinte seria um dos destaques do América na conquista do campeonato mineiro (o último título estadual havia sido em 1925). Na grande final contra o Atlético Mineiro, no dia 28 de novembro de 1948, defenderam o América: Tonho; Didi e Lusitano; Jorge, Lazarotti e Negrinhão; Hélio, Elgen, Petrônio, Valsechi e Murilinho. Técnico: Yustrich.

Paralelamente, Lusitano defendeu Minas Gerais no Campeonato Brasileiro de Seleções em sete oportunidades, sendo a última vez em 12 de março de 1950, no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, com derrota para a Guanabara, por 3x0. Nesse jogo, Minas Gerais formou com Chico, Duque e Lusitano; Lazarotti, Zé do Monte e Negrinhão; Murilinho, Lauro, Vaguinho, Alvinho e Nívio.

Seu último jogo pelo América foi em 24 de junho de 1951, nas Laranjeiras, com empate em 2x2 com o Fluminense. Logo depois, no começo de julho de 1951, Lusitano passou a ser jogador contratado do Bonsucesso, do Rio de Janeiro.

Defendeu o Bonsucesso nos anos de 1951 e 1952 e, em 1953, passou para a A. A. Portuguesa, também do Rio de Janeiro.

Em fevereiro de 1954, ainda como jogador da Portuguesa, foi convocado pelo Serviço Técnico da Federação Metropolitana de Futebol, a comparecer e receber o seu diploma do Prêmio "Belfort Duarte".

Em agosto de 1954, já com 31 anos de idade, ainda tentou ingressar no Olaria, mas não houve acordo com o clube. Não mais foram encontradas notícias de Lusitano.

Fotos: O Globo Sportivo e Sport Ilustrado.

Fontes: Almanaque Esportivo da Bahia, Blog O Canto do Coelho, Jornal dos Sports, O Globo Sportivo e Sport Ilustrado.

4 comentários:

jornal da grande natal disse...

Sensacional. Joel Presídio foi quem indicou Demóstenes Cesar da Silva ao Botafogo. O diretor botafoguense veio a Natal entrevistar o general Cordeiro de Farias para a Agência Nacional e o viu no treino do selecionado potiguar no segundo semestre de 1943.

Ruy Moura disse...

O Demósthenes, apesar de ser reserva na equipe de luxo da década de 1940, foi um jogador importante que participou em diversas competições. Ponta esquerda com 29 gols em 53 jogos.

Abraços Gloriosos, José Vanilson!

jornal da grande natal disse...

Estou fazendo a biografia dele. E um dos pontos de partida são os dados do MUNDO BOTAFOGO. Falta só localizar familiares dele para dar o ponto final. Estou deixando baixar um poucos mais esse problema dos vírus para ir atrás.

Ruy Moura disse...

Boa ideia, José Vanilson! Força!
Abraços Gloriosos.

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