segunda-feira, 7 de março de 2022

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1961-1965’: à beira do título… [69]

por CARLOS VILARINHO

especialmente para o Mundo Botafogo

sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

[A narração que se segue reporta-se ao II Volume da coleção ‘O Futebol do Botafogo’ e ao ano de 1962]

Na terça-feira da outra semana, por causa do temporal e para evitar um prejuízo financeiro, o Botafogo e o América, de comum acordo, transferiram o jogo entre eles para a noite seguinte, dia 5 de dezembro. Edson pôde então se recuperar da torção, enquanto Rildo superou uma crise de sinusite.

Apesar do terreno pesado, o Botafogo começou muito bem, com Garrincha aberto na direita (recebendo bolas) e “os outros” três fazendo misérias pelo lado direito da defesa rubra (Nelson e Jerry). Aos 11, numa enfiada de Zagalo, Amarildo evita Nelson e toca para Quarentinha, que vence Ivan e atira violentamente: 1x0. Aos 15, Amarildo passa por Nelson, mas chuta para fora. Aos 22, Paulistinha é envolvido por Nilo e João Carlos. Amorim recebe e executa o tiro. Manga pula certo, mas não evita o gol, pois a bola desvia na lama e muda de direção: 1x1. O Botafogo sentiu o golpe e sofreu um bocado. Deu sorte, pois Manga pegou tudo.

O jogo seguiu nesta toada até a metade do segundo tempo, quando Marinho deslocou Zagalo para a direita. Garrincha vinha perdendo o duelo para Ivan e por isso foi deslocado para o miolo do ataque. Amarildo não caiu na esquerda, mas a mexida foi suficiente para retomar as rédeas do jogo. Aos 27, Amarildo toca para Quarentinha atirar um foguete, sem chances para Ary. Guálter Gama de Castro observa o impedimento de Garrincha, mas aponta corretamente o centro do campo: 2x1. O América se mandou, mas esbarrou em Manga, autor de quatro defesas espetaculares. Aos 42, Garrincha apanha uma bola limpa, finta Leônidas e sela a vitória: 3x1. Quarentinha voltou a empatar com Saulzinho (17 gols), logo à frente de Dida (16 gols).

Restando apenas 4 pontos em disputa, a luta ficou restrita a Flamengo (37 pg) e Botafogo (35 pg). Fluminense (34 pg) e Vasco da Gama (33 pg) ainda sonhavam com uma combinação de resultados, a esta altura, improvável.

Na noite de sexta-feira, após a recreação, os jogadores se reuniram com Estellita e Marinho. Cobrado por todos, Amarildo reconheceu que andava fominha e que devia passar mais bolas para Garrincha, que, por sua vez, rebateu as críticas de que vinha voltando muito para receber os passes (às vezes, atrás da linha média). Mané, bem mais confiante após a última atuação, respondeu que, em certos momentos, não sabia o que fazer: se voltava, era criticado; se procurava o meio do ataque era advertido de que devia ficar na ponta.

Na noite de sábado, o Botafogo enfrentou o Fluminense, que necessitava da vitória a todo custo. Íris se mandou, juntando-se a Paulinho no apoio a Valdir e Rodrigo. Jair Marinho, não tendo a quem marcar, largou a lateral direita. Entretanto, o domínio territorial rendeu ao tricolor pouquíssimas chances efetivas de gol. Protegidos pela linha média, Jadir (um leão) e Nilton Santos (magnífico na cobertura) fartaram-se de desviar as bolas lançadas na área. Manga foi um autêntico muro. Aos 16, Nilton Santos tira o pão da boca de Rodrigo, que atira na trave, aos 19.

O jogo seguiu nesta toada até a metade do segundo tempo, quando Marinho deslocou Quarentinha (com o apoio de Edson) para a ponta esquerda. O Botafogo explorou o buraco deixado por Íris e ainda atraiu a dupla de beques (Roberto e Dari), deixando Garrincha no mano a mano com Altair. Foi o caminho da vitória. Aos 39, Garrincha dribla o lateral, chega livre ao fundo e serve com açúcar para Amarildo decidir de carrinho: 1x0. Golaço! O Botafogo cozinhou o couro até o apito final e foi comemorar no vestiário.

A renda foi excelente: Cr$7.757.518,00. O bicho também: 120 mil, o dobro de um ordenado para muitos titulares.

O Fluminense saiu do páreo. No domingo, o Vasco da Gama foi bem superior, mas só empatou (1x1 Flamengo). Também foi eliminado. Já o Flamengo, que chegara a colocar 6 pontos na frente do Botafogo, viu sua vantagem cair para 1 ponto, como previra o “sábio” Aluísio no início de agosto.

05/12/1962 – 3x1 América, gols de Quarentinha (2) e Garrincha. Time: Manga, Paulistinha, Jadir, Nilton Santos e Rildo, Ayrton e Edson, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagalo.

08/12/1962 – 1x0 Fluminense, gol de Amarildo. Time: Manga, Paulistinha, Jadir, Nilton Santos e Rildo, Ayrton e Edson, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagalo.

Fonte do excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor: Rio de Janeiro.

A Obra pode ser adquirida através do endereço: https://www.mauad.com.br

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