por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Teria muito, muito, que
comentar, mas seria demasiado complexo expressar sentimentos, pensamentos e
emoções neste turbilhão de reações a quente que, certamente, todos os
botafoguenses tiveram sob ângulos naturalmente diversos e nem sempre
coincidentes.
Um amigo expressou-me uma opinião
por escrito sobre o jogo e lembrou-se da primeira frase de um livro de Charles
Dickens, Um Conto de Duas Cidades: “Foi o
melhor dos tempos, foi o pior dos tempos.”
Pela minha parte lembrei-me
do tradicional Botafogo, expresso por Augusto Frederico Schmidt há cerca de 70
anos como tendo “a vocação do erro”,
e a sua clássica ligação à definição do conceito ‘surreal’: “Que existe no contexto de sonhos, da
imaginação; incompatível com as leis da razão, de teor absurdo, ilógico,
bizarro.” (Dicionário de Língua Portuguesa)
Mais focado na memória dos
jogos, lembrei-me ainda de um Botafogo 2x4 River Plate, pela Copa
Sul-Americana, em 2007, quando ganhávamos por 2x1 após termos vencido no Rio
por 1x0, a equipe recuou para garantir o resultado de 3x1 no placar agregado e
seguiram-se três gols argentinos de rajada.
Algumas opiniões de amigos:
“Não é contra tudo e contra todos, essa palhaçada que só serve para
deixar jogadores nervosos e desfocados.”
“Concordo que não deveriam expulsar o Adryelson, mas um minuto depois
que expulsou, pênalti. E no lance seguinte do pênalti, gol.”
“4x1 era fatal para o Porco e para os outros times.”
“O time se borrou depois do 3x1. Lúcio Flávio ao invés de botar o melhor
zagueiro botou o parça. Viu o time borrado e fez mexidas para recuar ainda mais
e dar mais a bola pra eles.”
“Chegamos na cara do gol e não marcamos, com Eduardo contra o Cuiabá e
Jr. Santos hoje. Que driblamos o goleiro e não fazemos, como o Vítor. Que
perdemos o pênalti mais importante do campeonato em (mais) uma cobrança
ridícula de um cara que é um baita jogador e um péssimo cobrador de pênalti. De
um time que se borra por inteiro ganhando de 3x0 por levar um gol faltando 40m
pra acabar o jogo. De um goleiro maluco que ganhando de 3x0 quer sair fazendo
lançamento super rápido e dá contra ataque pros caras fazerem esse gol que
desmonta o time. De um treinador que vê que o lado esquerdo da zaga perde todas
as jogadas e sempre cruzam em cima dele, mas mantém o cara.”
“O LF não tem estofo pra encarar um Abel pela frente. Abel acertou o
posicionamento do time no 2º tempo e o LF ficou assistindo.”
“O
Botafogo está apenas botafogueando mais uma vez. Dessa vez só está sendo mais
feio e triste que o que estamos habituados.”
A questão fundamental agora
para elevar o astral, corrigir os erros, ser firme e saber conduzir a situação
atual é o que? se vai fazer e como? se vai fazer. Se ainda houver 'como'...
Blogue aberto a outras
opiniões sobre a partida.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x4 Palmeiras
» Gols: Eduardo, aos 20’, Tchê Tchê, aos 29’, e Júnior
Santos, aos 35’ (Botafogo); Endrick, aos 49’ e 83’, López, aos 88’, e Murilo,
aos 90+9’ (Palmeiras)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 01.11.2023
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos
» Público: 33.200 pagantes; 34.913 presentes
» Renda: R$ 1.272.900,00
» Árbitro: Braulio da Silva Machado (SC); Assistentes:
Bruno Raphael Pires (GO) e Rafael da Silva Alves (RS); VAR Rafael Traci (SC)
» Disciplina: cartão
amarelo – Victor Cuesta, Tiquinho Soares, Tchê Tchê, Marçal, Marlon
Freitas, Di Placido e Lúcio Flávio – técnico (Botafogo) e Mayke, Rony, Gustavo
Gómez e Artur (Palmeiras); cartão vermelho – Adryelson (Botafogo)
» Botafogo: Lucas Perri; Di Placido, Adryelson, Victor
Cuesta e Marçal; Marlon Freitas, Tchê Tchê (Gabriel Pires) e Eduardo (Danilo
Barbosa); Júnior Santos (Carlos Alberto), Tiquinho Soares e Victor Sá (Philipe
Sampaio). Técnico: Lúcio Flávio.
» Palmeiras: Weverton; Gustavo Gómez, Luan (López) e Murilo;
Mayke, Richard Ríos (Rony), Zé Rafael, Raphael Veiga e Piquerez; Breno Lopes e
Endrick. Técnico: Abel Ferreira.
4 comentários:
Meu caro Ruy, sem palavras... Pior de tudo é ver o sofrimento, a dor sentida pela minha filha de 20 anos, saber que sou responsável por essa ligação dela com uma, agora, sociedade anônima de capital fechado controlada por por um capitalista norte-americano.
Nem sei o que me dói mais. A minha frustração é só mais uma, somada a tantas outras, iniciada naquele longínquo 1971, eu com meus 11 anos e então (mal) acostumado com conquistas, na decisão de um Carioca dado como certo e entregue/surrupiado ao clube das 3 cores.
Doeu também ler relatos de pais de crianças pequenas, todas sofrendo pelo ocorrido ontem.
Sei que ontem, no longo caminho do Nilton Santos até Laranjeiras, minha filha e eu sem forças para falar, lembrei-me do título do excelente livro do Sérgio Augusto: Botafogo, do Céu ao Inferno.
Pois ontem foi isto. De um clima leve, de alegria, quase êxtase na torcida ao ambiente de velório, revolta, desânimo.
Eu, desejando muito estar errado, perdi por completo a confiança nesse time e na conquista do título.
Matematicamente é mais que possível, mas uma derrota, da forma ocorrida, acaba com o moral do grupo, antes tão resiliente.
Muito pouco provável que mostrem daqui para a frente o que faltou em jogos (que duram 90 min e acréscimos) como os contra Goiás, Athletico, Cuiabá e ontem.
É isso, meu caro.
Muito apropriadamente ao dia de hoje, o sentimento é de luto.
Abraço enlutado a você e aos demais amigos do seu excelente Mundo Botafogo.
Meu caro amigo Ruy, depois de ontem resolvi me afastar do Botafogo por um tempo ou quem sabe em definitivo. Não vale a pena continuar assistindo a essa tortura, promovida por dirigentes que levaram o futebol do a se tornar sinônimo do fracasso, mesmo com alguns breves momentos nos últimos 50 anos, mas o século XXI se tornou um tormento, parece que o fracasso no futebol foi incorporado no clube e, confesso, senti falta do Luís Castro, pois uma coisa ele estava fazendo bem: trabalhar o psicológico do elenco, e isso ontem foi pro brejo.
Depois da derrota acachapante, humilhante, vendo em campo depois de um primeiro tempo primoroso onde poderia ter feito cinco gols, um segundo tempo covarde, burro, frouxo, sem inteligência, uma completa falta de discernimento, tanto de quem estava em campo quando da comissão técnica, eu não acredito mais no titulo esse ano, acho muito difícil o elenco se recuperar do baque. E digo mais, do jeito que está se se classificar para a fase de grupos da LA será lucro.
Nem vou comentar sobre o absurdo da expulsão, uma vez que prejudicar o Botafogo parece ser pauta da cbf, mas mesmo com um a menos o Botafogo poderia vencer o jogo. Ontem, em mais de 50 anos acompanhando o futebol do Botafogo, não me recordo de tamanho vexame, e olha que não foram poucos. Portanto, pelo bem da minha saúde física e mental vou me dedicar mais a outras atividades que me dão sempre prazer. Ver o Botafogo atual vinha sendo uma surpresa muito boa, mas depois de tantas mudanças na comissão técnica a decadência se tornou vertiginosa, e nos últimos 4 jogos chegou ao auge. Repito: não creio mais no título nesse ano. O título pode acontecer? Pode, é possível, mas quando vai a confiança do time e em especial da torcida, entramos no terreno do imprevisível, queremos um milagre, e esse não vai acontecer. Desculpe o pessimismo, mas aqui repito Saramago: "eu não sou pessimista, a realidade é que péssima". ABS e SB!
Desolador, Eduardo. Não por perdermos, porque perder é normal contra uma grande equipe como o Palmeiras. O problema é perdermos como foi e a um pênalti do título. Veremos como são as sequelas. Mas com JT a comportar-se como mero torcedor e a dizer o que disse, só piora as coisas.
Abraços Gloriosos .
O estúpido recuo do Botafogo, bem visível no início da 2ª parte e depois as substituições do LF que nos recuaram ainda mais, são um excelete exemplo de tudo o que não se deve fazer em futebol naquelas condições de 3x0. O gol à entrada da 2ª parte fez regressar o fatalismo botafpguense de que 3x1 já era a visão para o abismo. LF interiorizou esse fatalismo com Cuca em 2007 e depois com o célebre chororô de 2008. O Botafogo anterior a Castro regressou...
Apesar da matemática ainda nos ser favorável, o ambiente tornou-se predominantemente adverso. Vamos aguardar.
Abraços Gloriosos.
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