domingo, 21 de dezembro de 2008

2008: o melhor e o pior dos cariocas

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Neste blogue e no sítio Arena Alvinegra deixei escritas as minhas perplexidades, as minha sugestões, as minhas alegrias e as minhas recomendações. Não irei fazê-lo novamente. Alguns companheiros do blogue têm realizado esse balanço de 2008 e eu apenas realçarei aquilo que considero o melhor e o pior do futebol carioca em 2008.

O pior do Botafogo


Quando se perde, sobretudo injustamente, é absolutamente normal chorar, mas o Flamengo decidiu gozar os jogadores do Botafogo porque choraram no vestiário após perderem a final da Taça Guanabara com um juiz trajando por fora uma indumentária de arbitragem e escondendo as cores vermelha e preta com que se veste por dentro. O próprio Flamengo chorou muito mais quando foi eliminado da Copa Libertadores. O pior do Botafogo não foi o choro dos jogadores, mas o choro do seu treinador e do seu presidente, isto é, o choro de quem devia tocar o Botafogo para a frente e, afinal, lhe deu o derradeiro toque de chorão. O pior do Botafogo foi mostrar que o dirigente máximo da equipa e o dirigente máximo do clube não estavam à devida altura para enfrentar os acontecimentos mais duros e os desafios mais árduos.

O melhor do Botafogo


Os jogadores do Botafogo não se deram por vencidos e conquistaram a Taça Rio nos últimos minutos contra a empáfia fluminense que afirmara, pela voz de seus jogadores, que iria haver dança do créu contra o Botafogo. Afinal, foi apenas uma das várias derrotas que a soberba fluminense teve que engolir em 2008. Pela bazófia pública que fez e pelo mau contributo ao futebol, o Fluminense deveria ter substituído o Vasco da Gama na descida de divisão.

O melhor do Flamengo


O melhor do Flamengo foi a conquista da Taça Guanabara e do Campeonato Carioca, mas fê-lo, uma vez mais, sem brilho nem valor, porque quem tem os árbitros sempre ao seu lado, assinalando grandes penalidades existentes a seu favor, perdoando outras e não marcando essas mesmas penalidades a favor dos adversários – ou anulando-lhe gols limpos como na final do campeonato carioca de 2007 –, não pode ser um vencedor nato, nem um clube que conta apenas com os seus méritos desportivos para vencer.

O pior do Flamengo


Após gozar descaradamente com os botafoguenses, apesar de saberem que foram escandalosamente beneficiados em 2007 e em 2008 contra os alvinegros, os vermelhos e negros tiveram o devido castigo ao serem goleados pelos mexicanos em pleno Maracanã e afastados da Copa Libertadores quando se julgavam os detentores do mundo. Mas fora de fronteiras os árbitros são mais imparciais… e o Flamengo teve aquilo que se pode designar como um Chororô Monumental.

O pior do Fluminense


O Fluminense, muito justamente, não teve nada de bom a acontecer-lhe em 2008. Perdeu a semifinal da Taça Guanabara, a final da Taça Rio, a final da Copa Libertadores e safou-se à tangente da 2ª divisão quando se desfez do seu incompetente treinador Renato ‘Gaúcho’ Portaluppi. O pior do Fluminense foi levar quatro gols na 1ª mão da final da Copa Libertadores e achar que teve um resultado positivo, acabando por perder, em pleno Maracanã, aquilo que a sua soberba já considerava ser seu: o título máximo das Américas.

O pior do Vasco da Gama


O Vasco da Gama também não teve nada de positivo em 2008, que foi o ano mais negro da sua existência centenária ao ser rebaixado à 2ª divisão nacional. É uma grande perda provisória para o campeonato brasileiro, mas devemos ser justos e considerar que foi o caminho que a diretoria anterior desenhou nos últimos anos através de uma gestão desastrada e pouco transparente. O modo como o Vasco da Gama foi conduzido nos últimos anos é um grande alerta para os clubes cariocas que vivem de diretorias de bairro que não têm visão nacional – e algumas delas acumulando com visões pouco desportivas das competições.

O pior dos clubes médios


A tradicional agremiação do América Football Club desceu para a segunda divisão do campeonato carioca, após uma péssima campanha e diversos treinadores. A gestão do América mostrou, mais uma vez, que o que se passa em campo é muito influenciado por uma boa ou uma má gestão.

O melhor dos clubes médios


O Bangu Atlético Clube rejuvenesceu e, após vários anos afastado da 1ª divisão, regressou ao escalão maior do futebol carioca, passando a integrar o pelotão dos melhores que disputam o campeonato carioca de 2009.

O pior dos clubes pequenos


O pior clube pequeno foi o Cardoso Moreira, que subiu à primeira divisão carioca em 2007 e com a mesma rapidez da subida tornou a descer à origem em 2008.

O melhor dos clubes pequenos


O melhor dos clubes pequenos foi o Duque de Caxias. Presente na 3ª divisão do campeonato nacional por desistências sucessiva de diversos clubes do Rio de Janeiro, o Duque de Caxias acabou por se classificar muito positivamente e subir à 3ª divisão do campeonato nacional de 2009.

O destaque em arbitragem


O destaque em arbitragens vai para Marcelo Lima Henrique, um juiz que não honra a competência da arbitragem, cometendo ‘erros’ grosseiros ao assinalar penalties inexistentes a favor do Flamengo e ao não apitar grandes penalidades ocorridas a dois metros dele que seriam contra o mesmo clube. É um caso flagrante de coincidência de favorecimento sucessivo do mesmo clube, o qual deveria ser seriamente analisado e tomadas medidas que salvaguardassem a integridade da verdade desportiva.

O destaque em condução de equipas


O maior destaque vai, indubitavelmente, para a atitude empáfia de Renato ‘Gaúcho’ Portaluppi, então treinador do Fluminense, que declarou antecipadamente a vitória dos tricolores na Copa Libertadores das Américas, que se auto-elogiou como sendo ‘muito bom’ e que declarou, ciente da vitória e sem nenhum respeito pelos adversários, que “nesse Brasileiro nós vamos brincar”. Afinal, após perder o título que dava como certo, Gaúcho lançou a sua equipa para a área da degola do Brasileirão. O Fluminense salvou-se da 2ª divisão porque teve a clarividência de demitir o pedante e incompetente treinador, que acabou por ser contratado pelo Vasco da Gama, o qual selou, com essa contratação, o seu destino a caminho da segunda divisão.

O destaque em indisciplina


André Luís, atleta do Botafogo, mostrou, no estádio dos Aflitos, em jogo contra o Náutico, como um jogador não deve proceder. O referido atleta foi expulso, acenou obscenamente para a torcida, sentou-se ostensivamente no banco de suplentes sem o poder fazer, reagiu e lutou contra os policiais que – ilegalmente, diga-se, porque entraram em campo sem autorização do árbitro – o pretendiam obrigar a sair do banco. Foi detido, mas continuou com a sua mania truculenta e tornou a ser expulso mais tarde, prejudicando o Botafogo em diversas ocasiões devido às suas suspensões. André Luís tem sido, na sua vida futebolística, o exemplo do anti-atleta, incapaz de despertar a admiração dos jovens que são o futuro das torcidas de qualquer clube.

O destaque em gestão


O destaque para o dirigente mais prejudicial ao seu clube vai claramente para Carlos Augusto Montenegro, ‘colaborador’ do Botafogo, que publicamente – tal como já fizera o ano passado – teceu violentas críticas à equipa de futebol, tornando-se o principal responsável pela racha ocorrida na equipa e a debandada de jogadores, após acusar publicamente – algo absolutamente insensato em dirigentes – Carlos Alberto e Lúcio Flávio, os mais importantes jogadores da equipa, de liderarem grupos dentro da equipa. O dirigente determinou, implicitamente, a saída quase imediata de Carlos Alberto, que não é homem para aturar certas atitudes, e a insatisfação de Lúcio Flávio, que tratou de se salvaguardar acenando com uma possível saída e despertando o interesse de outros clubes. E a debandada seguiu-se… porque nenhuma equipa pode funcionar bem quando um dirigente e ex-presidente acusa (em 2008) e ofende (em 2007) os jogadores que defendem o clube.

O destaque institucional


O Superior Tribunal de Justiça Desportiva mostrou-se incapaz de aplicar as mesmas medidas para casos semelhantes. Em certos casos absolveu praticamente atletas que agiram claramente com dolo e, noutros casos, em situação semelhante, o tribunal decidiu-se por medidas punitivas muito rigorosas. O mesmo tribunal suspendeu o treinador Cuca e depois foi obrigado a absolvê-lo das acusações de que era alvo na súmula apresentada por Marcelo Lima Henrique, devido a comprovar-se numa gravação áudio que o juiz faltara à verdade – e não foi punido por isso.

A cena do ano


Independentemente de constituir uma indisciplina que mais uma vez prejudicou a imagem do Botafogo, e eu me declarar a favor da punição do atleta pelo próprio clube, a cena do ano pertence, indubitavelmente, a André Luís, atleta do Botafogo, que farto de arbitragens desfavoráveis ao Botafogo, arrancou o cartão amarelo das mãos do árbitro e mostrou-lho ostensivamente. Espera-se que haja mais dois jogadores a fazerem-no, porque três cartões acumulados obrigam a suspensão…

2009: Que cenário?... Que desejar?...

Finalmente, quero manifestar a minha crença de que os piores acontecimentos de 2009 não irão ensinar coisa alguma a quem quer que seja, porque quem domina o futebol brasileiro não quer aprender a introduzir a cidadania no desporto e quem é dominado parece não ter coragem nem ousadia para denunciar com determinação as situações que carecem de outra justiça e de outra atitude cidadã. Terão os prejudicados algum 'rabo de palha' escondido?... Ou é apenas ausência de coragem mesmo?...

Resta-me desejar que os novos dirigentes eleitos para conduzir os destinos do Botafogo de Futebol e Regatas pensem bem e sejam capazes de discernir melhor – porque pensar bem e discernir adequadamente é algo que nos dois últimos anos os dirigentes, as comissões técnicas e os quadros superiores que supervisionam os departamentos mostraram não fazer parte das suas principais atribuições.
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Imagens: Globoesporto.com e Google.

14 comentários:

Saulo disse...

Excelente post.
Realmente aconteceu muitas coisas com os clubes cariocas nesse ano. Foi um ano eletrizante e muito emocionante.
O ano novo vem aí e muita coisa vai acontecer ainda.
Espero que o Botafogo faça uma boa temporada.

Vinícius Barros disse...

Rui, eu confesso que não acompanhei o América no Campeonato Carioca e tenho uma suspeita, semmuito fundamento, pois como já disse não vi os jogos. Você sabe se o América foi prejudicado pela arbitragem nesse campeonato? É porque como deve saber, Botafogo e América formam uma espécie de oposição a FFERJ e já que o Botafogo foi claramente prejudicado dois anos seguidos, levantei a hipótese do América também ser!

Abs!

Ruy Moura disse...

Amigo Saulo, realmente foi um ano original demais. Eu gostaria que 2009 fosse um ano mais banal do que foram 2007 e 2008 para o Botafogo. Talvez ficassemos a ganhar com isso.

Abraços gloriosos.

Ruy Moura disse...

Creio que não, Vinícius. O América começou o ano péssimo. Foram cinco derrotas iniciais e... quatro treinadores! A diretoria do América substituía um treinador por jogo!... O 'nosso' campeão mundial Amarildo foi maltratado. Fez um jogo como teinador, perdeu por 4x2 e foi imediatamente despedido. Um América com tal gestão só podia ir por água abaixo.

Abraços gloriosos.

Vinícius Barros disse...

hehehe! Parece que algum molambo se infiltrou lá no América tal como o Charles Borer e o Mauro Ney no Botafogo!

Abs!

Fernando Lôpo disse...

Rui, eu vi o jogo do Amarildo técnico do América e foi constrangedor. Acho que a contratação dele foi mais equivocada do qeu a demissão.

Ele criou um caso com o juiz, meio do nada, foi expulso e saiu gritando "eu sou o Amarildo, eu sou o Amarildo, você não pode me expulsar". O Alex Escobar amenizou na crítica só porque era o Amarildo, mas foi constrangedor, não encontro outra palavra.

Sobre arbitragem, que o vinícius perguntou, foi ao contrário. Quando apertou a situação, começaram a beneficiar o América, mas nem assim deu jeito. Inventaram pênalti, fizeram de tudo e nada. Teve jogo de dar vergonha. Teve um pênalti no Magno (do Botafogo) que foi lamentável.

O problema não foi só 2008, mas o que fizeram com o América ao longo de mais de 20 anos. E com o próprio Botafogo. Mas obviamente a capacidade de resistência dos rubros é menor e acabou nisso.

Mas como muito clube como Portuguesa, Bragantino e outros que julgávamos mortos ressurgiram, torço que o mesmo ocorra com eles, mas realmente a situação é terrível.

Acho que só jogam de novo em setembro.

Abraços.

Ruy Moura disse...

Obrigado pelos esclarecimentos, Fernando. Só sei aquilo que li. E o que li não falava dessa cena caricata do Amarildo. Mas o América também demitiu os outros um jogo depois... já tinham treino da coisa pelos vistos...

O que fizeram com o América foi imperdoável, mas o Bangu também foi verdadeiramente garfado e atirado para a sargeta. Ao Botafogo estão tentando, mas é um pouco mais difícil, realmente.

Na verdade, o Fluminense desde sempre, e o Flamengo nas últimas décadas, são irresponsavelmente beneficiados pelos dirigentes do futebol carioca e nacional. E os outros clubes têm que cair ou sofrer para eles terem muitas vitórias desportivas que sem ajudas nunca teriam (tantas).

Às vezes, um grande clube, ou uma grande instituição, ou uma grande pessoa, desaparecem de circulação. Mas a maioria das vezes regressa. Porque a génese das coisas é muito forte, a qualidade continua intrínseca à instituição e a capacidade de inventar e inovar coisas inesperadas é muito grande. Em suma, quem tem qualidade tem qualidade sempre, e se um dia cai, um dia também se há-de levantar. A vida mostra isso.

Abraços gloriosos.

Ruy Moura disse...

Fernando, então quer dizer que Amarildo, o 'Possesso', continua, mesmo depois dos sessenta anos, a ser... Possesso?!... rsrsrs...

Abraços gloriosos.

Fernando Lôpo disse...

Rui, na verdade esse negócio de técnico é meio estranho. Por exemplo, o nosso Carlos Roberto fez um bom trabalho no Botafogo e jamais sequer foi especulado em nenhum clube grande ou médio. Dizem que é porque não tem empresário. Seja o que for, acho injusto. Nos últimos 10 anos temos um título só, e com ele. Dizem também que uma dessas panelinhas de Ruy e Scheidt foi o que o derrubou. Também foi ele que fez boa campanha na série C com o América, eu acho. Ele merece novas chances.

Sobre o Amarildo, pelo que vi não dá pra ser técnico. Mas poderia colaborar na base. Não só ele, mas Maurício, Gonçalves, Roberto, jair e quem mais tiver a fim de trabalhar com a garotada. Esse contato com grandes nomes é importante. Já imaginaram um Afonsinho, Josimar ou PC Caju contando a história de vida deles? Seria grande lição pra garotada.

Ah, e eu obrigaria a base toda a jogar com 2 pontas, 1 centroavante, pelo menos um meia e laterais que saibam marcar e cruzar (não precisar driblar, chutar, correr que nem maluco, pois pra isso tem o ponta). O objetivo seria voltar a revelar jogadores de características raras hoje, como o ponta que chega na linha de fundo e volta marcando, o meia-atacante, o meia-armador, etc.

Valeu.

Vinícius Barros disse...

Fernando, se não me engano, o Maurício(jogador) vai trabalhar no Botafogo na gestão do Assumpção. O Josimar já trabalha(ou trabalhava), mas não é na base! Não sei se ficou sabendo que o Mauro Galvão deu uma espécie de palestra para os garotos do juniores, antes mesmo do Botafogo golear o Vasco por 4 a 0!

Ah, e eu não sei exatamente como era jogado taticamente o futebol de décadas atrás. Só havia um meia-armador? Não era Gérson e Didi? Também não sei se existiam volantes ou cabeças-de-área, que seja!

De qualquer maneira, a tática deve ter influenciado muito na escassez de habilidade de hoje. Sei lá, eu penso que sim, pois quando vejo o toque de bola da seleção de 70, as jogadas de Tostão e outros craques, não consigo ver nada parecido nos dias de hoje. João Saldanha já elogiava o toque de bola e o futebol bonito, mas hoje é só bola aérea o tempo todo!

Saudações Alvinegras!

Vinícius Barros disse...

Acrescentando... hoje o futebol não tem só bola aérea, na verdade há esse meio, a bola parada e o contra-ataque e... SÓ, não há outro jeito de ter gols!

Abs!

Ruy Moura disse...

Fernando, sou da mesma opinião acerca do carlos Roberto. Todo o mundo falava do Cuca e ignoravam o título do Carlos Roberto. Porque foi contra o Madureira, e não contra o Flamengo. Porque foi apelidado de treinador so 'soutien', e foi boicotado na equipa, sim. Nunca gostei desse Scheidt.

Além disso é mesmo botafoguense e ainda há pouco tempo levou uma carrada de orientais ao Engenhão para verem o Botafogo. É preto-e-branco o homem. Não é Cuca nem outros 'juradores' de amor eterno. É memso preto-e-branco.

Abraços gloriosos.

Ruy Moura disse...

Acho que a visão do Fernando sobre colocar os juniores a jogar à antiga é muito interessante mesmo. Quanto ao que diz o Vinícius, é bem verdade: agora o que vale é o chuveirinho, o gol de bola parada e o contra-ataque. Às vezes vejo futebol mais por amor ao clube do que pelo futebol em si mesmo. Canso-me muitas vezes do que vejo, é fastidioso ver sempre as mesmas jogadas e ficarmos à espera de um gol de escanteio ou de falta. E a seguir a retranca...

E os dribles?... E os gols de placa?... Há um fado português que tem uma letra assim: "Ó tempo, volta pra trás!"... rsrsrs...

Abraços gloriosos.

Miguel Gonzalez disse...

Muito bom post!!! Faltou apenas O Melhor e o Pior dos Esportes Olímpicos.

No dia 01/01 vai sair no meu blog o "Prêmio Esporte Rio 2008". Aguarde.

Um abraço e boas entradas,
Miguel

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