sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Votos festivos nas brumas do tempo


por Marcos Venícius
Escrito para o Mundo Botafogo

Lá pelos idos de 1957, um menino de calça curta e suspensório pediu ao seu pai – um flamenguista de primeira linha – que o levasse ao Maracanã para assistir à final do campeonato carioca daquele ano – seria sua primeira ida ao maior estádio do mundo.

E lá foram, num domingo, dia 22 de Dezembro, às 15 horas – eles e mais de 90 mil espectadores para presenciar o que já consideravam certo – a vitória do Fluminense que jogava pelo empate.

Mas o menino, ao chegar ao maior do mundo, ficou extasiado, perplexo, porque nunca tinha visto tamanha imensidão – e os jogadores pareciam de boneco – do jogo de pinbolim – totó –, mas aos poucos sua visão foi melhorando e começou a tentar reconhecer alguns jogadores.

Bem, o final da história todos conhecem – Botafogo campeão com a maior goleada em finais de campeonatos cariocas. Foi "6x2 em cima do pó-de-arroz" com cinco gols de Paulo Valentim e um de Garrincha – um cara com as pernas tortas que fazia todo mundo rir de quem tentava marcá-lo.

No mesmo dia o menino pediu ao pai se podia entrar para sócio do Botafogo – era perto de casa – e assim ele poderia assistir a mais jogos e quando o mando fosse do Botafogo entrava de graça no Maracanã – era assim antigamente.

Pois logo na segunda-feira cedo lá foi o menino de bermuda e suspensório passsear em General Severiano. Lá chegando ficou com os olhares perdidos naquele palácio imponente de General Severiano – quase caía de tanto que teve de olhar para cima.

Enquanto isso, seu pai foi ver como poderia fazer e quanto custava para o menino ser sócio do clube. Imagina o sacrifício de pai flamenguista levando o filho para o Botafogo!

Lá pelas tantas, o menino, sentado nas escadarias do palácio olhando para o morro da Urca, vê um sujeito chegar e perguntar:

– “E aí, tá passeando?”
– “Não, meu pai foi ver se dá certo eu ficar sócio do Botafogo” – respondeu garoto.
– “Ah!... Você torce para o Botafogo?”
– “Sim, fomos campeões ontem.”
– “E você conhece algum dos jogadores?”
– “Não, sou criança, ainda só vejo pelos jornais e ouço no rádio e na televisão” – coisa rara na época.
– “Vem aqui” – disse ele, ao mesmo tempo que foi avisando o porteiro: – “Quando o pai desse menino aparecer, diga que ele foi lá no estádio com o Garrincha e já volta".

O menino quase ia caindo de felicidade!... Garrincha levou o menino lá perto dos vestiários – estavam pagando o bicho – e os jogadores pegando suas coisas, pois parecia que iriam viajar numa excursão.

Todos falaram com o menino, dando parabéns por se ter tornado sócio e disseram que sempre que ele quisesse podia dar um pulinho lá para ficar conversando com eles.

Pois é, Ruy, desse dia em diante o menino virou sócio do Botafogo e uma mascote diferente, que não entrava em campo, mas ficava a conversar até minutos antes de cada jogo em General Severiano.

O menino acabou ficando amigo de vários jogadores, mas principalmente de Garrincha e Nilton Santos.

O menino cresceu e continuou acompanhando tudo. O menino se casou e fez de seus filhos torcedores d’O Glorioso. Então, levou os filhos a General Severiano para conhecerem o palácio, a capelinha e o novo estádio de treinamento.

O menino se emocionou ao entrar naquele salão, onde durante anos pulou Carnaval e brincava por lá. O menino chorou quando se lembrou que ali, num certo canto, se ia para o vestiário e os jogadores ficavam nas escadas calçando as chuteiras.

O menino, Ruy, sou eu!...

Esse dia de 1957, Ruy, foi o meu melhor presente de Natal de todos os tempos!...

Aproveito para desejar a todos vocês um Natal cheio de amor, paz e prosperidade! Que o ano novo seja cheio de esperança e certeza de que os objetivos serão atingidos e conquistados!

Queremos nosso Botafogo de volta!

Feliz Natal e próspero 2009!

São Paulo, dezembro/2008

12 comentários:

Gil disse...

Valeu, mais uma vez, amigo Rui!
Valeu Marcos, só de ler o seu relato já emociona. Fico imaginando a emoção de um menino ver, conversar e participar do mundo dos seus ídolos. Tudo nessa época tem outra dimensão.

Quantos de nós não mudamos, perdemos ou nos desiludimos com os nossos amores pela vida e o único a permanecer eterno, sofra o que sofrer é o nosso querido BOTAFOGO.

Você foi um abençoado por ter essa possibilidade. Esses momentos que você viveu realmente não têm preço.

Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!

Fernando Lôpo disse...

Sobre o bravo Fahel, além de já ter 27 anos, o cara tem média de roubos de bola inferior à do Lúcio Flávio, que não é exatamente um primor de marcação.
Ainda acho um desperdício contratar jogador para cabeça-de-área e lateral direita, a menos que chegue pra ser titular.

Esse Jean Carioca até acho um tipo de contratação interessante. Nunca o vi, mas alguém deve tê-lo visto, e com 20 anos vale a aposta.

O Williams do Vitória está indo pro Palmeiras por meio de troca por jogadores não usados. Poderíamos ter tentado algo parecido. Ou pelo menos tentar ganhar alguém em troca de jogadores como Túlio, que saiu mas estava sob contrato.

Com o dinheiro gasto em Diego, Fahel e provavelmente em juninho (que não virá ganhando pouco e é fraco), mais a brecha financeira aberta por Lúcio Flávio daria para tentar Éder Luís ou Leandro Amaral para fazer uma forte dupla com Reinaldo.

O Vasco, por exemplo, contratou o zagueiro maurício, de 23 anos, ex-capitão do Coritiba. Pode não ser brilhante, mas é bom reforço.

PS: Marcos Vinícius, imagina se um garoto hoje está lá na porta de General Severiano e tem esse encontro com o Fabio ou o Adriano Felício. Teria pesadelos daqui a 50 anos. hehehehe

Anónimo disse...

AMIGOS A EMOÇÃO FOI TÃO GRANDE A ESCREVER QUE DESEJEI FELIZ 2010 - PERDÃO - MAS JÁ ADIANTEI AS FELICITAÇÕES - FELIZ 2009 A TODOS

Ruy Moura disse...

Fernando, eu só gostava de saber como é que simples torcedores como nós vemos coisas tão claras que os dirigentes não veem. Será só por não verem ou haverá algo mais para justificar certos disparates que às vezes se fazem?...

Ruy Moura disse...

Abraço, grande Gil!

Saudações Gloriosas!

Ruy Moura disse...

Marcos, a sua emoção foi tão grande a escrever que voou logo para 2010. E a minha emoção foi tanta a ler o seu testemunho que nem me dei conta do 2010. Mas agora já emendei.

Saudações Gloriosas.

Vinícius Barros disse...

Linda história! Nota-se que o pai do Marcos Vinícius coloca a felicidade do filho acima de sua própria, pois naquela época e hoje, Marcos iria sofrer muito não fosse a aceitação do pai!

Parabéns Marcos! Valeu Rui!

Saudações Alvinegras!

Fernando Lôpo disse...

Amigos, o globoesporte.com estreou um blog muito legal chamado memória EC. Logo na estréia já perturbei o blogueiro para comentar os 60 anos do título de 1948, já que a imprensa cansou de comemorar (comemorar mesmo) os 30 anos do gol do Rondineli (que aliás os vascaínos deveriam botar na conta do arrogante Marco Antonio, pois a culpa foi toda dele).
Aqui a estréia:
http://colunas.globoesporte.com/memoriaec/2008/12/15/ponto-de-partida/#comments

O legal é que ele responde tudo e fez um texto ótimo sobre os títulos de fim de ano do Botafogo. O interessante também foi um comentário de um internauta que Marcelo Monteiro não soube responder e nem eu sei:
http://colunas.globoesporte.com/memoriaec/2008/12/19/dias-gloriosos-do-botafogo/#comments

Repasso a pertiennte pergunta do fogonauta:

"Gomes | Sex, 19/12/08 | 21:07

Valeu, Marcelo, parabéns pelo tópico.

A propósito, sempre defendi q todo paraense deveria ser também um botafoguense. Isto porque a primeira formação do Glorioso contava com Mimi Sodré, Benjamim Sodré e Lauro Sodré, que, salvo engano, seriam filhos do então governador paraense Lauro Sodré. É isso mesmo, eles eram filhos do Lauro Sodré?

Caro amigo. Não sei dizer se eles tinham parentesco. Algum amigo do blog tem essa informação? Abs. Marcelo"

Alguém sabe essa? Eu sinceramente não sei.

Abraços.

Fernando Lôpo disse...

Pessoal, durante esse ano, não me lembro direito onde, mas acho que no fórum da Loucos pelo Botafogo, um torcedor do Botafogo lá do Ceará vivia dizendo que tinha um atacante chamado Osvaldo no Fortaleza, jovem, talentoso e de futuro. Vivia dizendo pra alguém dar um toque na diretoria pra ir lá buscar.

Depois ele comentou que o Fortaleza, se prevenindo, havia posto uma multa no contrato.

Pois bem, li no blog do Lédio Carmona que o contrato dele vence em abril e a multa pra tirar antes é de 2,5 milhões e que o Atlético-PR já está tentando contratar.

"Outro que está na mira do rubro-negro paranaense é Osvaldo, atacante do Fortaleza. Mas os cearenses pedem R$ 2,5 milhões para liberá-lo antes de abril, quando vence seu contrato."

Se alguém tiver algum contato com a futura diretoria, seria interessante que eles tentassem um pré-contrato para ter o jogador em abril ou usar um desses parceiros para adquirir pelo menos parte dos direitos do jogador e tê-lo ja´em janeiro.

É um investimento válido e que tende a dar retorno técnico e financeiro. Atlético-PR, Cruzeiro, Goiás e São Paulo são times que volta e meia pegam esses caras novos assim e depois vendem por uma boa grana.

Valeu.

Anónimo disse...

PREZADO AMIGO FERNANDO - BENJAMIM DE ALMEIDA SODRÉ OU MIMI SODRE É CEARENSE DE MECEJANA E FILHO DE LAURO DE ALMEIDA SODRÉ - ARTILHEIRO DO BOTAFOGO - PRIMEIRO A MARCAR EM GENERAL SEVERIANO NUM JOGO CONTRA O FLAMENGO - PRESIDENTE DO BOTAFOGO EM 1941-ESTEVE SEMPRE ENVOLVIDO EM ATIVIDADES DOS ESCOTEIROS E MAÇONARIA - FALECEU EM01/02/1982 - PARA BOTAFOGUENSES SUPERTICIOSOS UMA PEQUENA VARIAÇÃO DO ANO DE NASCIMENTO 1892.
SEU PAI LAURO SODRE NASCEU EM BELÉM NO ANO DE 1858(17/OUTUBRO)EM 1877 FOI PARA O RIO DE JANEIRO SEGUINDO CARREIRA DE ENGENHEIRO MILITAR - EM 1891 FOI ELEITO GOVERNADOR DO PARÁ - CERTO AMIGO - QUALQUER DÚVIDA SE PUDER AJUDAREMOS - ATENCIOSAMENTE - MARCOS VENICIUS

Ruy Moura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ruy Moura disse...

Fernando, o almirante Benjamin Sodré, ex-futebolista do Botafogo é filho de Lauro de Almeida Sodré, e nasceu no Ceará.

Lauro Nina Sodré e Silva é que foi senador diversas vezes pelo estado do Pará.

Portanto, o Lauro do Pará, político, não é pai de Mimi.

Saudações gloriosas.

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