quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Carta de botafoguense


Carta de Ademir Pedrosa a António Corrêa Neto, flamenguista.
Publicado no sítio de Corrêa Neto.

Caro Corrêa,

“Errare humanum est”, ensina a lição em latim. Ninguém é perfeito, graças a Deus. Sei que de todas as qualidades que o Senhor reúne a que mais admiro é o seu caráter íntegro, um intelectual probo, um jornalista dos mais respeitáveis que conheço. Mas apesar de todas as qualidades que o dignificam, o seu defeito é incomensurável. Eu não sabia – francamente! – que sua imperfeição tivesse tamanha proporção. Diga-me, meu caro Corrêa Neto, o Senhor é Flamenguista? – Jura?!! Como pode um cidadão vacinado, inteligente, alfabetizado, crente em Deus, cometer tamanha heresia? Que Deus lhe perdoe, meu caro Corrêa!, porque eu não perdôo de jeito nenhum...

Botafogo!

* Ademir Pedrosa

Prezado Jô Soares: em junho de 1989 fui ao Rio de Janeiro, realizar um sonho: conhecer a cidade Maravilhosa e assistir, no Maracanã, ao meu querido Botafogo jogar e ser campeão carioca depois de vinte e um anos sem título.

Um belo dia, no Rio, tomei um táxi com destino a um restaurante, e no percurso conversava com o motorista sobre futebol. Ele, torcedor do Flamengo, levou um susto quando lhe revelei que tinha vindo do extremo norte do país, do Amapá, pra ver meu time ser campeão. Aí ele me confessou que também tinha um sonho:

– Quero ir à Amazônia ver de perto uma pororoca e um boto-cor-de-rosa _ disse num tom solene e, em seguida, piscou de leve o canto do olho.

Ora, isso me soou gozação. Desconfiei de que estivesse fazendo uma insinuação à fantasiosa possibilidade do Botafogo conquistar o título. O carioca tem ambigüidade no verbo, Jô. Há qualquer coisa de malandro na fala, no gesto. Levanta quase sempre uma suspeita, como se residisse entre a brincadeira e a seriedade uma espécie de sacanagem sutil.

Ao chegar no restaurante, paguei a corrida ao taxista e o despachei cordialmente. Lembrei do que diziam deles. Que alongam o percurso da corrida, à revelia do passageiro, a fim de majorar o seu valor. Adulteram o taxímetro. O preço, enfim, é cobrado de acordo com a cara do otário. E eu pensava sobre isso com tristeza, quando de súbito fui interrompido pelo garçom que me avisava de um taxista que me procurava. Jô, acredite, ele me devolveu a máquina fotográfica que eu, por descuido, havia esquecido no interior do seu táxi. E me disse:

– Aí, ó botafoguense, isso é pra você não fazer mau-juízo dos cariocas, nem dos flamenguistas — e outra vez mordiscou o canto do olho com a costumeira piscadela.

Essa história é verdadeira, mas fui advertido a não contá-la, pois soaria falso. O Rio é suspeito demais. Entretanto, Jô, depois do motorista Ronaldo, entrevistado no seu programa, ter declarado que devolveu a bolsa de uma passageira contendo vinte mil dólares, devo confessar que me encorajei a contar esse episódio.

Devo acrescentar, Jô, que no momento da devolução de minha máquina, fiquei estupefato, paralizado com o garfo de comida no ar. Tartamudeei alguma coisa de boca cheia, e acabei por não agradecer ao taxista, que merecia pelo menos meu muito obrigado. Nesta oportunidade, porém, se você me permitir, gostaria de agradecer àquele motorista anônimo (não sei seu nome, nem a placa do seu táxi); agradecer também ao Ronaldo (motorista dos vinte mil dólares); e ao Eriberto França (motorista do ex-presidente Collor), que contribuiu, com suas denúncias, ao impeachment do presidente corrupto. Os gestos desses motoristas, profissionais modestos, despertam na gente um grande orgulho e a esperança de que um dia o povo brasileiro reconquistará sua legítima cidadania e sua merecida dignidade, usurpadas pelo golpe militar de 64. E aí, Jô, este País voltará a ser um verdadeiro campeão, feito o meu querido e glorioso Botafogo.

PS: esta carta foi lida pelo apresentador Jô Soares, no programa “Jô, Onze e meia”, ainda no SBT. Não me lembro do ano, leitor, mas faz bem mais tempo do que é da sua conta.

* Escritor e professor de língua portuguesa e literatura.

9 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Ruy,quanto à carta do botafoguense Ademir Pedrosa, gostaria de externar uma opinião sobre a parte final.Ele parece falar em nome dos brasileiros, dizendo que exemplos como esse ajudam a recuperar a cidadania e a dignidade usurpada pelos governos militares.Discordo totalmente quando ele se refere aos governos militares,pois foram os melhores períodos de vida para os brasileiros trabalhadores e honestos(exceto Figueiredo).Os políticos corruptos foram para a cadeia e o país saiu do fundo do poço para ser a oitava economia mundial.Castelo Branco, Geisel e Medici foram exemplos de governantes,preocupados com o desenvolvimento e progresso da Nação.Não tenho nada a ver com militares,mas não gosto de injustiças.Seria o mesmo que eu sair por aí dizendo que o país está uma maravilha no momento,não há corrupção,o governo cuida bem da saúde,educação,segurança etc...Seria uma tremenda injustiça...Saudações alvinegras.Um abraço.jesiel

Anónimo disse...

BEM RUY SEGUINDO NOSSA SAGA GANHAMOS NOS MAGROS 1 X 0 MAS HONESTAMENTE - JOGAMOS BEM O PRIMEIRO TEMPO - O SEGUNDO É PARA ESQUECER - ENQUANTO ISSO O URUBU MAIS UMA VEZ AJUDADO PELO ÁRBITRO - PENALTI AQUILO - NUNNNNNNNNNNCA - ANULOU GOL E OUTRAS COISAS MAIS - CHORA CUCA CHORA - SEU DIA ESTA CHEGANDO - COMO DISSE SEREMOS CAMPEÕES CONTRA TUDO E TODOS - ESTOU INDO PARA BELO HORIZONTE - MARCOS VENICIUS

Fernando Lôpo disse...

Achei hoje Leo Silva e Diego abaixo do resto do time. Juninho assustou pela incrível lentidão. Impressionante como está pesado e leva uma eternidade para mudar de direção.

Fora isso, achei o esquema ruim, o time só pro gasto, Macaé horroroso e os jogadores em geral alternando bons e maus momentos.

Fernando Gonzaga disse...

caro Rui...

o nosso time hoje foi decepcionante...terminei a partida decepcionado e com maus presságios para este grupo em 2009...

abraço!!

Fernando Lôpo disse...

Esse esquema de 3 zagueiros, da maneira que está sendo feito, é pra quem tem muito bons laterais. Daqueles que pegam a bola no meio e vão parar na linha de fundo, o que não é o caso dos nossos.

Sempre o zagueiro que faz a esquerda fica todo torto, seja Leandro ou Émerson. Juninho está muito pesado, numa lentidão preocupante. Demora a arrancar, qualquer um dá um corte e o deixa pra trás.

A saída de bola muito ruim também, por causa desse esquema. Quantas bolas o Renan pegou e não tinha com quem jogar? Quantas vezes saiu com o Juninho e este teve de virar um bicão pra frente? Com apenas dois jogadores, sem forçar muito, o macaé conseguia marcar os 3 zagueiros e simplesmente não tínhamos saída de bola.

E quantas vezes davam a bola para um lateral e este não tinha com quem jogar? Coisa do 3-5-2, esquema que deixa só 3 no meio-campo e faz com que várias vezes o lateral fique isolado.

No segundo tempo Maicossuel e Batista cairam mais pela esquerda, melhorando o setor. Concordo que Eduardo talvez tenha ficado inibido com as vaias e quando leandro Guerreiro subiu pra apoiar por ali se enrolou.

Pra mim, pela 2ª vez, Diego e Leo Silva mostraram que não têm a menor condição de atuar no Botafogo. Digo isso desde a contratação dos dois, e acho que o mesmo vale pro Fahel. juninho, se não melhorar muito em mobilidade, vai nos complicar em jogos sérios.

Fernando Lôpo disse...

O que acham das sugestões de camisas feitas pelos internautas do Lancenet para o quarto uniforme?

http://www.lancenet.com.br/galerias/3-camisa-do-botafogo/3625.stm

http://www.lancenet.com.br/galerias/camisasdobotafogo/4140.stm

Se eu tivesse de escolher uma cor diferente nesse momento seria cinza, pois chocaria menos os mais conservadores. Futuramente, poderíamos usar outras cores que de alguma forma façam parte de nossa história como o azul (uniforme La Coruña no Teresa Herrera de 1996) e o amarelo (seleção brasileira).

Valeu.

Ruy Moura disse...

Estimado amigo Jesiel. Eu não pretendia colocar em causa nenhuma situação política. Apenas achei o texto engraçado e, na lógica do blogue armazenar tudo o que há de engraçado sobre o BFR, publiquei o texto. Deve ter em consideração que o texto tem muitos anos e pelo que percebo foi escrito ainda durante a ditadura. Portanto, o texto refere-se à necessidadde do fim da ditadura.

Também não achei politicamente complicado publicar o textoporque confesso ainda não consegui identificar um único país do mundo que realmente tenha se desenvolvido com uma ditadura. É historicamente comprovável que toda e qualquer ditadura acaba por levar os países a becos sem saída. Exemplos?... Todas as ditaduras de direita da América Latina e todas as ditaduiras de esquerda do leste europeu. Na Ásia, diversas ditaduras de esquerda e direita.

Acresce, querido amigo, que sou das poucas pessoas do mundo que viveu no Brasil a primeira parte da ditadura brasileira e em Portugal a última parte da ditadura portuguesa. E tenho a certeza que ambas fecharam os dois países ao mundo e ao progresso. E ainda hoje são essas résteas de estruturas antigas das duas ditaduras que ainda dificultam o maior progresso de ambos os países.

É apenas a minha opinião fundamentada em indicadores económicos e sociais de ambos os países.

Abração, Jesiel.

Ruy Moura disse...

Caros Marcos, F. Lôpo e F. Gonzaga, infelizmente na Guiné não consigo ver jogos do Brasil. Ontem ainda acompanhei o Flamengo, mas já não tive sinal de Rede para acompanhar o Botafogo. Donde, não posso apreciar o jogo. Farei postagem da ficha técnica e pouco mais.

Sei que não se vive da desgraça dos outros, mas se o BFR está jogando mal, como estão jogando os urubus?..

Abrações Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Fernando, não consigo aceder ao sítio da Lancenet, pelo que não vi o uniforme. O sinal de Rede está muito frágil. Tentarei do hotel à tarde.

Abraços Gloriosos!

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