quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Voz de Ricardo González

"As novas gerações não devem saber que houve um tempo em que chefes de torcida não eram, como hoje, chefes de quadrilhas. Tanto que tinham nome, endereço, profissão, e eram ouvidos pela mídia. (…) Casos como o rubro-negro Jaime de Carvalho, fundador da Charanga, o famoso Careca do Fluminense, dona Dulce Rosalina [Vasco da Gama]. E Russão. (...) Por mais que ele tentasse criar um personagem ‘mau’, com seus gritos e sua empolgação, era um doce de pessoa."Ricardo González, blogue ‘Entre as Canetas’, Globoesporte.com, elogiando Russão.

Rádio Botafogo: podcast #031

Botafogo (2004) – Leonor Xavier

“Estava escrito que assim seria, cada homem tem um destino marcado, e o dele, Joaquim, era o longe de não ficar na terra nem gastar as mãos no campo, o mundo é grande demais e está para além do pôr-do-sol na Sobreosa, desde a primeira idade da razão o soube, e sempre quis provar essa certeza.” – ‘Botafogo’ (2004), de Leonor Xavier.

O romance “é o retrato comovente de uma vida, plena de sonho e de aventura, de desejo e de suspense.” A autora é jornalista e escritora, formada em Românicas pela Universidade Clássica de Lisboa, viveu no Brasil de 1975 a 1987. Foi jornalista no semanário O Mundo Português, correspondente do Diário de Notícias (RJ), colaboradora da Manchete (RJ) e do Jornal de Letras (Lisboa), colunista nas revistas Mulher de Hoje (RJ) e Sábado (Lisboa). Escreve nas revistas Máxima e Vogue.

A palavra de Maria do Rosário Fardilha, leitora:

Eu não vos vou contar a história em detalhe porque isso não se faz, como não se conta um filme que alguém vai ver... Digo-vos apenas que Botafogo se centra na vida de um homem humilde, Joaquim Lourenço, nascido a 9 de Abril de 1922 na Sobreosa, que decide emigrar para o Brasil.

A Leonor Xavier é associada uma certa brasilidade, porque viveu 12 anos no Brasil e nunca cortou os laços com esse país. Ela define muito bem Brasilidade – pela negativa e pela positiva (pp. 117, ainda no livro ‘Colorido a Preto e Branco’): "não é filosofia de conhecimento livresco… não é uma espécie primária de cultura situada no sul do Equador… não é colorido de escolas de samba, nem é só feijão com arroz e farofa. A brasilidade implica um respeito, uma intuição, uma aprendizagem de transfiguração para encarar a vida. Tem códigos especiais, princípios definidos, exige interpretação de significados… Talvez possa ser um mistério de fé...".

É esta aprendizagem de transfiguração, esta descodificação, que Joaquim Lourenço nunca vai conseguir realizar por completo. E por isso este romance é um drama, nascido de uma inextinguível Portugalidade.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Russão para sempre!


João da Silva Faria, o ‘Russão’, faleceu hoje aos 62 anos de idade, após vários problemas de saúde e amputação de uma perna em Setembro de 2010. O Mundo Botafogo publicou em 2010 um artigo de pesquisa sobre Russão, reproduzindo hoje parte desse artigo em homenagem a um dos mais emblemáticos chefes de torcida do Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas.

Estofador de móveis por profissão, Russão foi um dos mais conhecidos torcedores botafoguenses, tendo fundado a extinta Torcida Folgada, que mais tarde acrescentou à sua designação o apelido do fundador.

Russão começou por se destacar em 1965 ao fundar, na geral do Maracanã, aos 18 anos de idade, a torcida Fogo-Duro. Tratava-se de uma torcida com botafoguenses pobres e fanáticos que, antes das 7 horas, pulavam o muro do estádio e permaneciam escondidos até à abertura do portão.

Foi então que Tolito, dono da mais famosa banca de jornais alvinegra do Rio de Janeiro, estimulou Russão a criar, em 1968, uma nova torcida, a organizada Fogo-Lito, mas já na arquibancada.

Entretanto, a figuraça loira e musculosa de Russão cruzou-se com a figuraça de Tarzan, quiçá o mais emblemático torcedor do Glorioso. Ambos viveram em grande camaradagem na torcida organizada até 1974, quando Tarzan resolveu regressar a Belo Horizonte, nomeando Celso, diretor da bateria, como líder da torcida. Porém, a barra era pesada demais para Celso, que passou a liderança a Russão.

Tudo correu normalmente até 1978, quando Tarzan decidiu voltar ao Rio e retomar a liderança da torcida organizada. Na disputa, Russão venceu, mas a torcida ficou dividida e Russão acabou por passar a liderança a ‘Barriga’ dois anos depois.

Porém, Russão não parou por aí e, em Setembro de 1981, fundou a Torcida Folgada, mais tarde a Folgada do Russão, que chegou a integrar 800 sócios de carteirinha e a pagar mensalidades – foi o auge da liderança de Russão, antes da extinção desta torcida.

Em declarações à Revista Placar, na década de 1980, Russão declarou que não guardava a menor mágoa de Tarzan: – “Com ele aprendi a ser mais Botafogo, a ser mais valente, fiel e a defender as nossas cores."

Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

1957: Troféu Instituto Nacional de Desportos

O Botafogo conquistou o Troféu Instituto Nacional de Desportos, no Torneio de Caracas, que decorreu na Venezuela, no dia 18 de julho de 1957, obtendo o 2º lugar ao empatar com o Barcelona por 2x2, em jogo único.

BOTAFOGO 2x2 BARCELONA (Espanha)
» Gols: Garrincha e Neyvaldo (Botafogo); Evaristo e Villaverde (Barcelona)
» Competição: Torneio de Caracas (Pequena Taça do Mundo)
» Data: 18.07.1957
» Local: Estádio Olímpico de Caracas
» Árbitro: Isidro Capote
» Botafogo: Amaury, Beto, Thomé e Nílton Santos; Pampolini e Mathias; Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Édison (Neyvaldo) e Quarentinha. Técnico: João Saldanha.
» Barcelona: Ramallets, Olivella e Brugué; Segarra, Vergés e Gensana; Basora, Villaverde, Martínez, Evaristo e Tejada. Técnico: sem informação.
Obs: O Botafogo recebeu a Troféu Instituto Nacional de Desportos pelo 2º lugar.

Pesquisa de Pedro Varanda (investigador esportivo e colaborador do blogue Mundo Botafogo)

Priorizar ou não priorizar: eis a questão!

A sondagem ‘O futebol do BFR deve priorizar alguma competição em 2012?’, realizada pelo Mundo Botafogo, apurou 147 votos distribuídos do seguinte modo:

» Não, deve disputar todas para ganhar: 59 (40%)
» Sim, a Copa Brasil e a Copa Sul-americana: 49 (33%)
» Sim, o Campeonato Brasileiro e a Copa Sul-americana: 12 (8%)
» Sim, o Campeonato Carioca e a Copa do Brasil: 11 (7%)
» Sim, o Campeonato Carioca e o Campeonato Brasileiro: 11 (7%)
» Outra resposta: 4 (3%)
» Sim, mas UMA competição apenas: 1 (1%)

A opção pela ‘não priorização’ venceu com 40% dos votos expressos – o que é bastante significativo –, mas a soma das opções por ‘duas competições’ acumula 56% das respostas.

Os resultados apontam para que esta tenha sido uma das enquetes menos unânimes de sempre. Ambas as opções contêm vantagens e desvantagens.

Desta vez o meu voto foi ‘vice’: votei na opção pelas competições de eliminatórias – Copa do Brasil e Copa Sul-americana. Mas ‘venceu’ no conjunto dos ‘sim’.

Porque razão essa é a minha opção desde há vários anos, concretamente desde 2007? Primeiramente, porque nunca tivemos um time que pudesse arrogar-se de querer conquistar tudo num só ano. Nenhum clube brasileiro o fez, não o quer fazer e não o consegue fazer, pela simples razão que não existe um plantel capaz de manter-se sempre na melhor forma em competições que exigiriam mais de 70 jogos por ano.

Obviamente que eu compreendo a opção pela ‘não priorização’, bem ao estilo de nunca se desistir de nada, de nenhuma competição nem de nenhum resultado. Porém, uma coisa é batermo-nos com galhardia em cada jogo, outra é utilizar os principais jogadores em 70 jogos por ano! Nem as melhores equipas do mundo o conseguem fazer ano após ano.

Secundariamente, a minha opção fundamenta-se em que a conquista do campeonato carioca não constitui um título significativo e porque o campeonato brasileiro exige, regra geral, plantel capacitado, preparação física e resistência psicológica que o Botafogo ainda não exibe. A dureza da competição, agravada pelos jogadores chegarem de longos campeonatos estaduais, torna o campeonato brasileiro a competição mais difícil de todas, incluindo as competições continentais.

Ademais, as opções de prioridade devem ser feitas preferencialmente entre competições paralelas. Ora, a competição paralela ao campeonato carioca é a Copa do Brasil e a competição paralela ao campeonato brasileiro é a Copa Sul-americana. Logo, escolhi as ambas as Copas.

Essas competições têm a vantagem de se concretizarem através de eliminatórias e não de pontos corridos, opção esta que exige muito mais regularidade e em que a ‘sorte’ é menos presente. Nas competições por eliminatórias é mais fácil preparar jogos isolados através de um plano de priorizações que facilite o melhor estado do plantel às datas dos jogos.

Finalmente, tem sido muito difícil ao Botafogo aceder à Libertadores porque baqueia sempre no campeonato brasileiro, em especial na 2ª volta da competição. Então, a melhor forma de o fazer é ganhar a Copa do Brasil e ou a Copa Sul-americana, ganhando fôlego para o ano seguinte e, finalmente, erguendo taças de âmbito nacional e internacional.

Veja-se que desde 1998 ganhamos apenas dois campeonatos cariocas. Colocamos as fichas – dirigentes e torcedores – em todas as competições ano após ano e acabamos, ano após ano, por perder todas - excetuando dois campeonatos cariocas em 14 anos, nada mais.

Porém, deixo uma nota-questão final: se no ano passado a comissão técnica concluiu, em novembro, que fez mal o plane(j)amento anual ao não priorizar competições, e este ano foi definida a Copa do Brasil como prioridade, mas os reforços só chegam para o início do campeonato brasileiro, afinal ficamos com que plane(j)amento e com que priorização no que respeita à Copa do Brasil?!...

Vote na nova enquete.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Voz de Eduardo Viana

 Acordo, eu descumpro. Papel, eu rasgo. Opinião pública pra mim deve ser tratada na base da metralhadora.” – Eduardo Viana ou o luminar Caixa D’Água, citado por Gustavo Poli, colunista do Globoesporte.com, que o designou como  secular presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro e representante egrégio do pensamento dirigente nacional.

O Glorioso

por Sir Zatonio Lahud, Barão de General Severiano

Hoje é dia do Glorioso;
De Gérson, Didi, Nilton Santos e Mané;
E também de meu amigo Saint-Clair;
Hoje é dia de xingar, sofrer e gritar;
E depois comemorar;
É dia de Botafogo;
A estrela que nos deixa loucos;
De amor, confusão e paixão;
Botafogo de Teka Felisberto;
E de meu "irmão" Gilberto;
Hoje tem Glorioso;
Dia do Zeca cantar um pagodinho;
E homenagear o Jairzinho;
Hoje é dia de ficarmos loucos;
Gol do Loco!!!
Dia da Estrela que dizem Solitária;
Como pode ser solitária
A estrela de Moraes
O Grande Vinicius;
Estrela forte de Carvalho
Cantada com amor pela Beth;
Estrela confusão
Comandada pelo Saldanha
O grande João
Que ventava fogo e paixão
Em defesa do Fogão;
Hoje é dia de jogo do Botafogo
Que um dia me disse uma garotinha:
" Eu torço para o Botafogo
Porque aquele estrelinha é linda!"

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Botafogosa Isabelle Cristine Santos Pessanha

TORCIDA 'AS BOTAFOGOSAS'

Voz de Oswaldo de Oliveira

Acho que o jogo foi equilibrado, mas predominamos, impusemos nosso ritmo. O Fluminense, na maior parte do jogo, contra-atacou. Mas acho que comandamos, tivemos sempre a iniciativa. Infelizmente, não conseguimos transformar isso em vitória.Oswaldo de Oliveira, após a eliminação do Botafogo da Taça Guanabara 2012 (LANCE!NET).

[Nota de Mundo Botafogo: se Oswaldo de Oliveira viu realmente isso, significa que é mais vesgo do que Deivid à frente de uma baliza; se não viu, significa que pretende manipular a realidade e enganar os outros – em qualquer caso significa que não dispõe de discurso crítico e assertivo, que repete as 'mesmices' dos seus antecessores e que desmoronará mais brevemente do que muitos pensariam]

Tese de mestrado sobre cores e símbolos de clubes


por Claudio Nogueira, 24.05.2010

As cores do arco-íris são sete. Mas e a paixão pelo futebol, de que cor seria? Preta e branca? Verde, branca e grená? Vermelha e preta? Iluminada por uma estrela ou abençoada por uma cruz? Será que é vermelha? Cor de rosa? Com essas e outras perguntas na cabeça, a designer Eliane Corrêa da Rocha mergulhou, em seu mestrado em design pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, na análise da história das cores e símbolos adotados pelos clubes de futebol, em especial os do Rio.

Como resultado da pesquisa de dois anos, orientada por Alberto Cipimiuk, com pós-doutorado em História da Arte na França, Eliane elaborou a dissertação de mestrado "O Aspecto Social da Iconografia do Futebol - Estudo de casos das agremiações desportivas cariocas", que quer agora transformar em livro. Na conclusão, ela detecta uma dimensão religiosa ou sagrada nos símbolos dos clubes e considera que o futebol carioca é o mais colorido, listrado e carnavalesco do país.

Para chegar a tais conclusões, a pesquisadora e seu orientador (Cipimiuk) começaram a estudar sobre a utilização de listras e faixas em bandeiras de países e uniformes militares. Até o século 18 as listras não eram tão apreciadas, mas com as Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789), elas entraram na moda, já que a bandeira americana é listrada, e a da França, tricolor.

– “No fim do século 19, quando começa na Europa a idéia de saúde e de cuidados com o corpo, as listas eram usadas em trajes de marinheiro e de praia. No caso do remo e do futebol, os trajes eram listrados. Como no Rio o futebol está ligado ao remo (Botafogo, Flamengo e Vasco começaram nas regatas), os uniformes de futebol também têm listras” – explica a pesquisadora. – “Hoje, as listras expressam dinamismo, são visíveis de longe, têm a ver com o espetáculo.”

Ao falar do colorido dos times cariocas, Eliane detecta em cada camisa, bandeira e escudo uma espécie de mensagem. No caso do campeão estadual, o Botafogo, o símbolo mais forte é a estrela, herdada do Clube de Regatas Botafogo, fundado em 1894 e que, em 1942, se juntou ao Botafogo Futebol Clube, de 1904, para dar origem ao clube atual.

– “Os remadores que fundaram o clube escolheram como símbolo a estrela que viam no céu, a Estrela D’ Alva, o planeta Vênus. Depois, houve a fusão do clube de remo com o de futebol, de camisa listrada. Além disso, na época da fundação, a estrela estava na moda. É um símbolo associado ao mar e à República. No caso da religião católica, a estrela é um símbolo da Virgem Maria” – analisa ela. – “A estrela solitária que brilha tem a ver com a fama de sofrimento do Botafogo, e o alvinegro é supersticioso. O clube não é preto nem branco. É preto e branco. O branco representa a pureza, e o preto, austeridade.”

No Flamengo, as cores, quando da fundação, eram azul e ouro:

– “Poucos sabem disso. Dizem que as cores desbotavam, e por isso, o clube mudou para o preto e o vermelho. Outra teste é a de que, com as cores antigas, o remo vinha perdendo, e o azul e amarelo foram considerados de mau agouro. O vermelho e o preto expressavam raça e fibra.”

Ao analisar as cores do Fluminense, Eliana observa:

– “Inicialmente, era branco e cinza, mas um de seus fundadores (Oscar Cox) foi à Europa comprar novas camisas. Lá, ele adquiriu o jogo de camisas tricolor. As cores expressam o elitismo e a sofisticação de um clube que tinha dinheiro para comprar seus uniformes na Europa. O clube era bem representado por Marcos Carneiro de Mendonça, um goleiro impecável, que se vestia de branco.”

Eliane chama a atenção para o fato de que no uniforme do Vasco, o símbolo mais forte é a Cruz de Cristo, também chamada de Cruz de Malta, também presente no escudo da seleção brasileira. As cores preta e branca, básicas na maioria dos clubes no fim do século 19, têm uma interpretação especial para os vascaínos.

– “O Vasco tinha a ideia de ser um clube mais democrático, usando o preto, o branco e o vermelho na cruz. São cores que se encaixam na ideia de uma comunhão de etnias (já que o clube lutou contra preconceitos raciais e sociais nos anos 20). É muito forte o aspecto religioso da cruz, porque a Ordem Militar de Cristo era a mesmo tempo religiosa e guerreira” – explica. – “A cruz é usada também em clubes europeus, e de forma geral, todos os clubes atribuem a si uma dimensão religiosa. Os jogadores rezam, agradecem a Deus. As camisas são sagradas. Não se pisa nem se rasga uma camisa. Ao mesmo tempo, não se vê tanto fervor religioso noutros esportes.”

Eliane pesquisou também clubes como o América e o São Cristóvão. No caso do América, a agremiação havia começado preta e branca, para mais tarde adotar o vermelho.

– “Já o São Cristóvão tem um friso rosa ao redor do escudo preto e branco, por causa de Santa Teresinha. Vale lembrar que todo time tem um padroeiro, e é difícil encontrar um time com uniforme rosa, exceto o Palermo, da Itália, por devoção a uma santa local” – finalizou Eliane, cuja tese foi debatida no recente I Simpósio de Estudos sobre Futebol, em São Paulo.

Imagem de Alexandre Cassiano.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Voz de Cuca

"Eu fico puto com o PVC [Paulo Vinícius Coelho]. Ele mostra o jogo. Ele desenha aqueles bonequinhos na prancheta, diz que o meu volante vem por aqui, que o outro avança por lá, publica o esquema no jornal e entrega o meu time para o adversário. A coisa principal é saber ler o esquema tático, e isso ele faz muito bem, infelizmente. Eu prefiro que ele faça isso só com o time dos outros. Dá o recado a ele." – Alexis Stival, o ‘Cuca’, treinador do Botafogo a época, desabafando em privado sobre as leituras corretas de PVC e a entrega do ‘ouro ao bandido’.

[Nota de Mundo Botafogo: espanta-me que a maioria dos treinadores pós-Cuca deixe que os seus jogadores revelem a tática, ou parte dela, como foi o caso das declarações de Renato que antecederam a semifinal com o Fluminense, na qual a nossa tática foi praticamente neutralizada]

1956: Taça Cidade de Córdoba


O Botafogo conquistou a Taça Cidade de Córdoba, em Córdoba, no dia 13 de maio de 1956, ao vencer o Córdoba por 4x3, em jogo único.

BOTAFOGO 4x3 CÓRDOBA (Espanha)
» Gols: Alarcón 15’, 29’ e 31’, Rodrigues 35’ (Botafogo); Joaquim 3’, Santos 23’ e Fustero 39’ (‘olímpico’) (Córdoba)
» Competição: Amistoso (Taça Cidade de Córdoba)
» Data: 13.05.1956
» Local: El Arcangel, Córdoba (ESP)
» Árbitro: Sr. Sellés
» Botafogo: Amaury (Pereyra Natero), Domício (Thomé) e Nílton Santos; Orlando Maia, Bob e Pampolini (Juvenal); Garrincha (Neyvaldo), Didi, Alarcón (Wilson Moreira), João Carlos (Mário) e Rodrigues. Técnico: Zezé Moreira.
» Córdoba: Sanchez Rojas, Navarro e José Luiz; Mujica, Sanchez e Santos; Joaquim, Luizito, Araújo, Hermida e Fustero. Técnico: sem informação.
Obs: Segundo o Boletim do Botafogo, os gols do Alvinegro foram de João Carlos (2), Alarcón e Rodrigues; o Botafogo conquistou a Taça Cidade de Córdoba.

Pesquisa de Pedro Varanda (investigador esportivo e colaborador do blogue Mundo Botafogo)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Botafogo 1x1 Fluminense



Creio que o conjunto de jogos realizados pelo Botafogo na Taça Guanabara pode ser considerado positivo. Inicialmente Oswaldo de Oliveira não me pareceu ter entrado bem, ainda não convenceu, mas a equipa apresenta mais consistência do que no tempo de Estevam Soares, Joel Santana ou Caio Júnior.

Isso é importante para mim porque considero, desde há anos, que o campeonato carioca devia ser o campo de treino da equipa no início de cada temporada. Obviamente que se se mantivesse o treinador e a equipa, isso faria menos sentido, mas as mudanças sucessivas que a cultura futebolística do país impõe, fazem com que cada ano seja uma nova incógnita. Ademais, enquanto um clube europeu joga 50 partidas por ano, o Botafogo jogou 69,5 partidas, em média, nas últimas quatro temporadas. Portanto, não pode desgastar-se logo no início do ano sob o calor escaldante do Rio de Janeiro: o campeonato carioca, nos moldes em que se disputa, é um homicídio futebolístico em 1º grau.

Não obstante a avaliação positiva que faço deste mês de jogos, na partida de ontem registrou-se novamente defeitos verificáveis há muito tempo. E digo-o com tranquilidade, porque não considero essencial a disputa do campeonato carioca (ainda mais com tantas decisões por penalties, que é coisa que nunca gostei) e opto por priorizar a conquista da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana e fazer um Brasileirão positivo.

Sucintamente, direi que ontem a equipa se mostrou mais entrosada e esquematizada e que a propalada tranquilidade de Oswaldo de Oliveira parece estar sendo interiorizada. Não obstante, se olharmos a distribuição dos jogadores do Fluminense, o adversário foi melhor e mais consistente nesse domínio, chegando mais vezes com perigo à baliza alvinegra.

O Fluminense pôde fazer isso porque falta velocidade à equipa do Botafogo para destroçar as defesas adversárias. Entrosamento sem velocidade resulta em escassez de oportunidades de gol. Além da falta de velocidade falta também ‘agilidade’, isto é, reflexos rápidos para roubar a bola ou não perdê-la. Quando a bola é perdida, muitas vezes a meio campo, o contra-ataque adversário é muito perigoso, como se viu novamente ontem.

À velocidade e agilidade deve-se acrescentar a qualidade do toque de bola. A equipa não tem craques para drible, e devia ter consciência disso. Tenta driblar, perde a bola. Os toques devem ser cada vez mais de primeira, com velocidade para destroçar a defesa adversária e agilidade para se chegar à cara do gol.

A concentração é outro quesito muito importante. Geralmente, quando o Botafogo marca gol a concentração diminui, e isso verificou-se novamente ontem com o gol ‘infantil’ tomado pela equipa; enquanto todo o mundo avançava para deixar 4 ou 5 fluminenses fora de jogo, eis que Márcio Azevedo se ‘esqueceu’ de o fazer… Aliás, a defesa continua a evidenciar as fraquezas costumeiras, e se não for reformulada nenhum de nós pense em ganhar seja o que for em 2012.

Finalmente, quero dizer que futebol é um jogo coletivo, não uma competição individual. Quando todos e cada um perceber isso, mas perceber realmente, poderemos ser uma equipa melhor. Sem craques, e bem melhor. Admitindo, é claro, que Oswaldo de Oliveira será um técnico que não vai inventar como os outros e fará sempre o mais simples.

Deixo uma última nota que pode vir a revelar-se útil. Loco Abreu tem mostrado ‘não existir’ nos últimos jogos e a sua eficácia desapareceu até na cobrança de penalties. O atleta uruguaio não corre, não se posiciona bem, não é útil à equipa enquanto conjunto – é como se jogássemos com 10 atletas. Então, considero duas hipóteses: ou o atleta retoma os níveis de antigamente (o que me parece difícil face à idade e à falta de velocidade e agilidade) e faz sentido um 4-2-3-1 que aposte nele, ou não deverá ser escalado e encontrar-se outra solução de esquema tático. Isso poderá ser essencial para a evolução de uma equipa que, neste momento, tem precisamente ineficácia ao último toque e incapacidade de romper as defesas adversárias mais fortes. 

Sou adepto de Loco Abreu, mas antes disso sou botafoguense e já vi muitas o filme ‘Ascensão e Queda’. Espero que não deitemos tudo a perder devido à insistência em Loco Abreu, mesmo quando não rende. Isso mostra também que precisamos de mais um atacante, além de, pelo menos, dois laterais e um zagueiro. E quanto a mim só vejo uma chance de introduzir uma dinâmica nova na equipa: apesar de ser contra a manutenção de Jobson no clube, penso que se ele tomar juízo desta vez poderá ser o tal atacante que falta e o grande desequilibrador das defesas adversárias.

[PS: Confesso temer que a mania de ‘ir com tudo’ para o campeonato carioca, faça a comissão técnica concentrar-se novamente na Taça Rio e acabar por ser eliminada da Copa do Brasil, já que Oswaldo de Oliveira tem-se mostrado muito mais conservador do que ousado.]

FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x1 Fluminense [pen. 3x4]
» Gols: Elkeson 73' (Botafogo); Leandro Euzébio 79' (Fluminense)
» Competição: Campeonato Carioca
» Data: 23.02.2012
» Local: Estádio Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’ (RJ)
» Público: 17.027 pagantes
» Renda: R$ 541.615
» Arbitragem: Péricles Bassols (RJ); Assistentes: Wagner Santos (RJ) e Jackson dos Santos (RJ)
» Disciplina: cartão amarelo – Antônio Carlos (Botafogo) e Edinho (Fluminense)
» Botafogo: Jefferson, Lucas, Antônio Carlos, Fábio Ferreira e Márcio Azevedo; Marcelo Mattos (Caio), Renato, Andrezinho e Elkeson (Lucas Zen); Herrera e Loco Abreu. Técnico: Oswaldo de Oliveira.
» Fluminense: Diego Cavalieri, Bruno (Rafael Moura), Leandro Euzébio, Anderson e Carlinhos; Edinho, Diguinho, Deco (Jean) e Thiago Neves; Wellington Nem (Araújo ) e Fred. Técnico: Abel Braga.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Viviane Araújo, musa do carnaval 2012


Na enquete promovida pela EGO os internautas elegeram como musa do carnaval carioca de 2012 a Rainha de Bateria do Salgueiro, Viviane Araújo, que reuniu a preferência de 72% dos internautas.

Valeu, rapaz!

Demósthenes: reserva na equipa de luxo 1945-49



Demósthenes César da Silva nasceu a 3 de janeiro de 1921, no Rio Grande do Norte, e foi ponta-esquerda do Botafogo entre 1945 e 1949, tendo disputado 53 jogos e assinalado 29 gols. Demósthenes marcou 7 gols em 15 jogos nas equipas principais e 22 gols em 39 jogos nas equipas reservas/aspirantes.

O atleta conquistou o Campeonato Carioca de Reservas de 1945 e na equipa principal venceu a Taça Luis Martin Rivas e a Taça Cidade de La Paz, ambas na Bolívia, em 1948.

Demósthenes jogou algumas vezes com Pirillo, Santo Cristo, Geninho, Octávio e Heleno de Freitas.

Eis a resenha dos 54 jogos de Demósthenes:

CAMPEONATO DE RESERVAS 1945

» 07.07.1945: Botafogo 10x1 Bonsucesso
» 21.07.1945: Botafogo 4x1 Fluminense [1 gol]
» 28.07.1945: Botafogo 3x0 Madureira
» 05.08.1945: Botafogo 5x1 Olaria
» 11.08.1945: Botafogo 2x4 Vasco da Gama
» 18.08.1945: Botafogo 13x1 Bangu [3 gols]
» 25.08.1945: Botafogo 4x2 Flamengo
» 02.09.1945: Botafogo 6x1 Andarahy
» 08.09.1945: Botafogo 1x1 São Cristóvão
» 15.09.1945: Botafogo 4x0 América
» 22.09.1945: Botafogo 2x1 Bonsucesso [1 gol]
» 13.10.1945: Botafogo 4x3 Vasco da Gama [1 gol]
» 27.10.1945: Botafogo 2x0 Flamengo
» 03.11.1945: Botafogo 6x0 Bangu [3 gols]
» 10.11.1945: Botafogo 5x0 São Cristóvão [1 gol]
» 15.11.1945: Botafogo 3x1 América [1 gol]
» 18.11.1945: Botafogo 7x1 Olaria
» 28.11.1945: Botafogo 7x0 Andarahy [2 gols]

[O Botafogo foi campeão]

TORNEIO MUNICIPAL 1946

» 21.04.1946: Botafogo 1x1 Vasco da Gama [1 gol]
» 28.04.1946: Botafogo 5x0 Bonsucesso [1 gol]
» 02.06.1946: Botafogo 6x4 Flamengo [1 gol]

CAMPEONATO DE RESERVAS 1946

Série Zona Sul:
» 10.07.1946: Botafogo 1x1 Flamengo
» 17.07.1946: Botafogo 2x0 Fluminense [1 gol]
» 31.07.1946: Botafogo 3x2 Flamengo
» 07.08.1946: Botafogo 5x2 Fluminense [1 gol]

Série Final:
» 04 e 11.09.1946: Botafogo 1x2 Vasco da Gama
» 18.09.1946: Botafogo 4x2 Madureira [2 gols]
» 02.10.1946: Botafogo 0x3 Vasco da Gama
» 09.10.1946: Botafogo 3x1 Madureira [1 gol]

[O Botafogo venceu a série Zona Sul e foi vice-campeão]

TORNEIO MUNICIPAL 1947

» 07.06.1947: Botafogo 4x1 Madureira
» 15.06.1947: Botafogo 4x6 Fluminense

[Nestes dois jogos a linha de ataque do Botafogo foi constituída por Santo Cristo, Geninho, Heleno, Octávio e Demósthenes]

TAÇA FERNANDO LORETTI 1947

» 22.06.1947: Botafogo 2x2 América

EXCURSÃO INTERNACIONAL 1948

Botafogo 3x2 Bolívar (Bolívia)
» Gols: Oswaldinho (2) e Octávio
» Data: 04.04.1948
» Local: La Paz (Bolívia)
» Botafogo: Osvaldo Baliza, Fedato e Sarno; Marinho, Ávila e Juvenal (Nílton Santos); Rosinha (Calvete), Geninho, Pirillo (Zezinho), Octávio (Oswaldinho) e Demósthenes (Darci)

Botafogo 3x1 El Litoral (Bolívia)
» Gols: Octávio 19’ e 85’, Demósthenes 31’ (Botafogo); Capparelli 44’ (El Litoral)
» Competição: Amistoso (Taça Luis Martin Rivas)
» Data: 11.04.1948
» Local: La Paz (Bolívia)
» Árbitro: Carlos Paredes
» Botafogo: Oswaldo Baliza (Ary), Fedato e Sarno; Marinho, Ávila (Nílton Santos) e Juvenal; Rosinha (Calvete), Geninho (Zezinho), Octávio, Oswaldinho e Demósthenes (Darci)

Botafogo 1x1 The Strongest (Bolívia)
» Gol: Demósthenes
» Competição: Amistoso (Taça Cidade de La Paz)
» Data: 18.04.1948
» Local: La Paz (Bolívia)
» Botafogo: Osvaldo Baliza, Fedato e Sarno; Marinho, Ávila e Juvenal (Nílton Santos); Rosinha, Geninho, Pirillo, Oswaldinho (Octávio) e Demósthenes (Darci)

[O Botafogo conquistou a Taça Luis Martin Rivas e a Taça Cidade de La Paz]

AMISTOSOS NACIONAIS 1948

Botafogo 2x3 América (MG)
» Gols: Pirillo (de bicicleta), no 1º tempo, e Demósthenes, no 2º tempo (Botafogo); Rubinho, no 1º tempo, e Murilinho (2), no 2º tempo (América)
» Competição: Amistoso
» Data: 14.03.1948
» Local: Estádio Juscelino Kubitschek, no Barro Preto, em Belo Horizonte
» Árbitro: Geraldo Fernandes
» Botafogo: Oswaldo Baliza, Rubem e Newton Senra; Marinho, Ávila e Juvenal; Nerino (Zezinho), Geninho, Pirillo, Oswaldinho e Demósthenes.
» América Mineiro: Tonho, Didi e Lusitano; Jorge (Humaitá), Lazarotti e Negrinhão; Esmerino (Celso), Rubinho (Fernando), Petrônio, Nandinho e Murilinho.
Notas: 1. Estréia de Sílvio Cesarino Pirillo; 2. Ávila e Nandinho foram expulsos. Fontes: A Noite, Jornal dos Sports, Sport Ilustrado e O Futebol no Botafogo

Botafogo 5x0 Seleção de Mato Grosso
» Gols: Oswaldinho (2), Geninho, Octávio e Ávila
» Competição: Amistoso
» Data: 20.04.1948
» Local: Campo Grande, Mato Grosso
» Botafogo: Oswaldo, fedato e Sarno; Marinho, Ávila e Juvenal; ; Rosinha, Geninho, Oswaldinho, Octávio e Demósthenes.

AMISTOSO INTERNACIONAL 1948

Botafogo 3x1 Southampton (Inglaterra)
» Gols: Heleno, Pirilo e Demósthenes (Botafogo); Curtiss (Southampton)
» Competição: Amistoso
» Data: 20.05.1948
» Local: Estádio São Januário (RJ)
» Árbitro: George Reader
» Botafogo: Oswaldo; Fedato e Sarno; Marinho, Ávila e Juvenal (Santos); Rosinha, Geninho, Pirilo, Oswadinho (Octávio) e Demóstenes (Darcy)

TORNEIO MUNICIPAL 1948

26.05.1948: Botafogo 4x2 Canto do Rio [1 gol]
16.06.1948: Botafogo 2x2 Olaria
20.06.1948: Botafogo 1x1 Fluminense

CAMPEONATO DE RESERVAS 1948

25.07.1948: Botafogo 10x2 Madureira [2 gols]
01.08.1948: Botafogo 6x0 Fluminense
15.08.1948: Botafogo 7x0 Bonsucesso
05.09.1948: Botafogo 0x1 Flamengo
19.09.1948: Botafogo 1x2 América
26.09.1948: Botafogo 3x3 Vasco da Gama
03.10.1948: Botafogo 4x2 São Cristóvão
10.10.1948: Botafogo 4x1 Canto do Rio [1 gol]
24.10.1948: Botafogo 1x3 Fluminense
07.11.1948: Botafogo 6x0 Bonsucesso
21.11.1948: Botafogo 4x1 Olaria
05.12.1948: Botafogo 3x1 América [1 gol]

AMISTOSO NACIONAL 1949

Botafogo 2x0 Guarani
» Gols: Jayme, aos 75', e Hamílton, aos 89'
» Competição: Amistoso
» Data: 31.03.1949
» Local: Campo do Mogiana, Campeinas (SP)
» Árbitro: Francisco Kohn Filho
» Botafogo: Ary, Amaury Froment (Marinho) e Sarno; Rubinho, Carlito e Juvenal; Paraguaio (Nerino), Jayme (Vivinho), Hamíltn, Demósthenes e Reynaldo. Técnico: Zezé Moreira.
» Guarani: Arlindi, Landinho e Gritta; Piolin (Renato, depois Mário), Herbert e Alcides; Alemão (Chiquinho, Bode, Dirceu, Renatinho e Villalba. Técnico: Pelegrino Begliomini.
Fontes: A Noite, Diário do Povo (Campinas) e Jornal dos Sports.

CAMPEONATO CARIOCA 1949

21.08.1949: Botafogo 1x1 Madureira

Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

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