sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ciclos de incompetência


Há cerca de três décadas o Botafogo viveu a pior fase da sua vida desde a fusão do Futebol com as Regatas.

Foi o tempo de Charles Borer, da perca da nossa sede e da travessia no deserto dos títulos estaduais e nacionais durante 21 anos.

Em 1980, no auge da crise, o time era péssimo e somente Mendonça e Paulo Sérgio eram poupados pela torcida, e Charles Borer, o desastrado presidente à época, foi alvo de um enterro simbólico, em ambiente não violento.

Publico uma notícia dessa época, em setembro de 1980, referente à manifestação dos torcedores em jogo contra o Campo Grande uma semana depois de termos sido goleados pelo Fluminense por 4x0.

Experimentem os leitores substituir os nomes de Charles Borer por Maurício Assumpção, Russão por Loucos pelo Botafogo, enterro de Borer pelo enterro recente que a torcida do Loucos fez, Mendonça e Paulo Sérgio por Jeferson e Seedorf e verifiquem como estamos perante cenários tão semelhantes. Recordem as consequências de outrora e projetem o que poderá ser o futuro do nosso Botafogo endividado, desequilibrado e mal conduzido.

Segue o artigo / notícia.

Torcedores “enterram” Borer com ele ausente

A ausência de Charles Borer no estádio não impediu que a torcida do Botafogo, mesmo que em pequeno número, fizesse o enterro simbólico do dirigente de toda a diretoria do clube. Logo antes do jogo, após os tradicionais coros de “Fora Borer”, “Ladrão” e “Queremos time”, os torcedores ergueram um caixão, promovendo o enterro prometido.

E no intervalo da partida, diante dos inúteis apelos do trio de arbitragem, alguns torcedores forçaram um portão que há no alambrado do Estádio de Ítalo Del Cima e conseguiram entrar em campo para colocar o caixão – vazio e de baixa qualidade – no centro do gramado. As manifestações, porém, foram realizadas num ambiente pacífico.

Os policiais que estavam no gramado – apenas 10 elementos da Cavalaria da Polícia Militar – logo pediram que os torcedores levassem o caixão do campo e o grupo atendeu. Só que ninguém quis levá-lo novamente para o meio da torcida e o caixão acabou ficando à margem do gramado, sob aplausos dos que tinham permanecido na arquibancada.

Russão, do meio do povo, comandava o espetáculo, mas em momento algum tentou invadir o campo. A manifestação pacífica da torcida chegou a surpreender, porque diante de tanta irritação que os torcedores vinham mostrando há uma semana, as previsões em relação aos protestos eram as mais pessimistas.

Logo que os torcedores voltaram para a arquibancada, chegou um reforço da Polícia Militar, com alguns soldados que vieram num “camburão”. Não foi necessário, no entanto, a intervenção da polícia. A torcida sequer vaiou os jogadores nos 90 minutos de jogo e quem não conhecesse a revolta por causa da goleada para o Fluminense poderia pensar que estava tudo em paz entre clube, diretoria, time e torcedores.

Talvez pela ausência de Charles Borer, o protesto acabou sendo frio, registrado pelas faixas com frases como “ladrão”, “Borer já morreu”, “Fora Borer”, “time de 12 anos sofridos” ou “que saudades do meu Botafogo” sem incidentes. Desta vez, nem mesmo o caixão foi apreendido pela polícia.

Se alguém queria ver a reação de Charles Borer, teve que se contentar com sua presença num programa de televisão ontem à tarde, num debate com o cantor Aguinaldo Timóteo. Oficialmente, a desculpa para o não comparecimento do presidente ao jogo foi uma pequena intervenção cirúrgica que ele sofreu na perna há pouco tempo. Também a recomendação de um médico – a pressão de Borer subiu a 21 nos últimos dias – impediu o dirigente de ir ao estádio.

E do boicote proposto pelos líderes das facções da torcida botafoguense apenas dois jogadores escaparam: Mendonça e Paulo Sérgio, que tinham faixas com seus nomes. 

Fonte: Internet.

1 comentário:

Gil disse...

Rui,

Acho maravilhoso essas comparações de fatos e com material da época!
Fica mais evidente como o Botafogo se repete! Fica muito mais forte as comparações!

Ou o Botafogo se reinventa, muda tudo, estatuto, redemocratização, novos dirigentes, ou pereceremos! É sempre os mesmos ou os seus indicados. Uma roda e trocas de posições. Quem não está hoje será o do futuro, quem está fica fora da próxima, porém tem o seu lugar preservado e garantido. Desse jeito veremos a americanização!
Só espero que o Botafogo leve o mesmo tempo que o América para desaparecer, pois mais 50 anos não estarei mais nesse mundo. Não gostaria de me tornar um torcedor símbolo como a querida Sra. Ruth Aragão Rodrigues, mais conhecida como "Tia Ruth"!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

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