domingo, 5 de agosto de 2012

João Saldanha, meu ídolo


Três histórias de João Saldanha:

HISTÓRIA 1

As colaboraçoes são do brilhante jornalista e amigo Rodrigo Araújo e do editor André Kolandra, aqui do Sportv. Nas duas a situação era a mesma: pediram a João que fizesse um comentário breve, por causa do tempo que estava estourando – e poucas coisas irritavam mais o gaúcho do que ter seu espaço cerceado.

Uma foi no jogo Brasil 4x2 Iugoslávia, em 1986, no qual Zico fez dois gols de placa e, salvo engano, fez chover também. No rádio, encerrando a transmissão, o locutor pede: “João, o tempo está em cima, resuma o jogo em uma frase.” Genial, ele atendeu: “Se fosse Zicovic, a Iugoslávia teria ganho de 4 a 2, como era Zico, o Brasil é que ganhou.”

(Narrado por Ricardo González)

HISTÓRIA 2

Mas há outra, em outra partida há mais tempo, que retrata melhor a irritação do João Sem Medo, e que também foi ao ar, para desespero dos narradores e operadores no estádio. “João, mudaram um anúncio, ficou maior, por favor, o comentário tem de ser curtinho, não se alongue muito”, disse o locutor, enquanto o comercial rodava. Volta para o locutor que emenda. “João Saldanha, estamos encerrando a transmissão, o que você achou do jogo?”

Sem pestanejar, e sem dizer mais nada, João, disciplinado, resumiu: “Uma bosta!”

(Narrado por Ricardo González)

HISTÓRIA 3

Corria o verão de 1983, encontrei os também saudosos Sandro Moreyra, Salim Simão e Marcelo Rezende, este ainda vivo, no castelinho, todos debaixo de um sol escaldante. Eu era o mais jovem de todos e somente o Marcelo não era botafoguense. Eis que, minutos após, chegou Saldanha. Carregava uma guarda-sol, uma cadeira de praia e em sua cabeça um velho chapéu Panamá, que certamante nunca fora lavado. Meia hora depois João começou a guardar seu aparato praiano. Sandro indagou, surpreso: “Ué, já vai? O que houve?” Saldanha olhou para o céu e respondeu: ”Olha, meus amigos daqui a meia hora vai cair um baita temporal, as gaivotas estão rumando para a Floresta da Tijuca, vou nessa.” E lá se foi o João sob os olhares incrédulos de todos nós, pois o céu estava totalmente azul, sem nenhuma nuvem. Falei baixinho para o Marcelo: ”O cara tá louco de vez! Tá a fim de tirar sarro com a gente.”

Não é que em meia hora o céu ficou encobreto com pesadas nuvens e caiu um baita temporal, que nos deixou ilhados.

O homem sabia de tudo, este era o João Saldanha. O cara que inclusive participou da guerrilha camponesa de Porucatú, norte do Paraná.

(Narrado por Marcos Canavale)

Fonte: Blog Entre as Canetas.

10 comentários:

Lorismario disse...

"Meus amigos." Muitas saudades do nosso querido João Saldanha. Loris

Ruy Moura disse...

Muitas saudades mesmo. Esse 'louco' encarnava o verdadeira espírito revolucionário dos botafoguenses!

Abraços Gloriosos!

Émerson disse...

É verdade, Rui e Lorismario.
Se João Sem Medo fosse vivo, botaria o Pinóquio Paraguaio e sua gangue prá correr de General Severiano, a pontapés, como alguns fazem aos cachorros (Rui, mais uma vez peço licença para falar assim dos (des)administradores do Botafogo).

Ruy Moura disse...

E se não fosse a pontapés era na ponta do revólver, como fez com Manga quando desconfiou que o goleiro havia estado à beira de nos trair. Manga - o meu maior ídolo em campo - saiu logo a seguir do Glorioso! Na dúvida, Saldanha não perdoava!

Quem enfrenta desarmado cara a cara o Castor de Andrade com um revólver na mão, não pode ter medo de nada! Mas hoje - desculpem a expressão vernácula e pouco peculiar na minha pessoa - quase só vejo 'cagões' diante de quem deviam enfrentar sem temor.

Abraços Gloriosos!

Gil disse...

Rui,

Sou mais um a sonhar com o nosso João Sem Medo Saldanha no atual Botafogo!
Quando penso em Carlito Rocha, Saldanha, Sandro Moreyra e tantos outros, vejo a distância jurássica que estamos.

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Gil, em minha opinião há três figuras incontornáveis no passado relativamente recente do BFR: Paulo Antônio Azeredo, Carlito Rocha e João Saldanha.

Abraços Gloriosos!

Sergio Di Sabbato disse...

Rui, o Saldanha era sensacional, mas acho que se equivocou no caso do Manga, tanto que fizeram as pazes mais tarde. Eu colocaria nessa sua relação o Ademar Bebiano, o responsável direto pelo melhor futebol de base que o país já teve. Pena que o Botafogo abandonou esse trabalho. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Negócio fechado, Sergio: Adhemar Bebiano deve fazer parte de um quarteto de notáveis e admiráveis botafoguenses!

Abraços Gloriosos!

Biriba disse...

Meu ídolo pra sempre.

Saudações botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Meus ídolos, Luiz: na diretoria, Paulo Antônio Azeredo; na bola, Manga; na barra do tribunal a defender o Botafogo, João Saldanha!

Abraços Gloriosos!

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