Três histórias de João Saldanha:
HISTÓRIA 1
As colaboraçoes são do brilhante jornalista e amigo Rodrigo Araújo e do
editor André Kolandra, aqui do Sportv. Nas duas a situação era a mesma: pediram
a João que fizesse um comentário breve, por causa do tempo que estava
estourando – e poucas coisas irritavam mais o gaúcho do que ter seu espaço
cerceado.
Uma foi no jogo Brasil 4x2 Iugoslávia, em 1986, no qual Zico fez dois gols
de placa e, salvo engano, fez chover também. No rádio, encerrando a
transmissão, o locutor pede: “João, o tempo está em cima, resuma o jogo em uma
frase.” Genial, ele atendeu: “Se fosse Zicovic, a Iugoslávia teria ganho de 4 a
2, como era Zico, o Brasil é que ganhou.”
(Narrado por Ricardo González)
HISTÓRIA 2
Mas há outra, em outra partida há mais tempo, que retrata melhor
a irritação do João Sem Medo, e que também foi ao ar, para desespero dos
narradores e operadores no estádio. “João, mudaram um anúncio, ficou maior, por
favor, o comentário tem de ser curtinho, não se alongue muito”, disse o
locutor, enquanto o comercial rodava. Volta para o locutor que emenda. “João
Saldanha, estamos encerrando a transmissão, o que você achou do jogo?”
Sem pestanejar, e sem dizer mais nada, João, disciplinado, resumiu: “Uma
bosta!”
(Narrado por Ricardo González)
HISTÓRIA 3
Corria o verão de
1983, encontrei os também saudosos Sandro Moreyra, Salim Simão e Marcelo
Rezende, este ainda vivo, no castelinho, todos debaixo de um sol escaldante. Eu
era o mais jovem de todos e somente o Marcelo não era botafoguense. Eis que, minutos
após, chegou Saldanha. Carregava uma guarda-sol, uma cadeira de praia e em sua
cabeça um velho chapéu Panamá, que certamante nunca fora lavado. Meia hora
depois João começou a guardar seu aparato praiano. Sandro indagou, surpreso:
“Ué, já vai? O que houve?” Saldanha olhou para o céu e respondeu: ”Olha, meus
amigos daqui a meia hora vai cair um baita temporal, as gaivotas estão rumando
para a Floresta da Tijuca, vou nessa.” E lá se foi o João sob os olhares
incrédulos de todos nós, pois o céu estava totalmente azul, sem nenhuma nuvem. Falei
baixinho para o Marcelo: ”O cara tá louco de vez! Tá a fim de tirar sarro com a
gente.”
Não é que em meia
hora o céu ficou encobreto com pesadas nuvens e caiu um baita temporal, que nos
deixou ilhados.
O homem sabia de
tudo, este era o João Saldanha. O cara que inclusive participou da guerrilha
camponesa de Porucatú, norte do Paraná.
(Narrado por Marcos Canavale)
Fonte: Blog Entre as
Canetas.
10 comentários:
"Meus amigos." Muitas saudades do nosso querido João Saldanha. Loris
Muitas saudades mesmo. Esse 'louco' encarnava o verdadeira espírito revolucionário dos botafoguenses!
Abraços Gloriosos!
É verdade, Rui e Lorismario.
Se João Sem Medo fosse vivo, botaria o Pinóquio Paraguaio e sua gangue prá correr de General Severiano, a pontapés, como alguns fazem aos cachorros (Rui, mais uma vez peço licença para falar assim dos (des)administradores do Botafogo).
E se não fosse a pontapés era na ponta do revólver, como fez com Manga quando desconfiou que o goleiro havia estado à beira de nos trair. Manga - o meu maior ídolo em campo - saiu logo a seguir do Glorioso! Na dúvida, Saldanha não perdoava!
Quem enfrenta desarmado cara a cara o Castor de Andrade com um revólver na mão, não pode ter medo de nada! Mas hoje - desculpem a expressão vernácula e pouco peculiar na minha pessoa - quase só vejo 'cagões' diante de quem deviam enfrentar sem temor.
Abraços Gloriosos!
Rui,
Sou mais um a sonhar com o nosso João Sem Medo Saldanha no atual Botafogo!
Quando penso em Carlito Rocha, Saldanha, Sandro Moreyra e tantos outros, vejo a distância jurássica que estamos.
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Gil, em minha opinião há três figuras incontornáveis no passado relativamente recente do BFR: Paulo Antônio Azeredo, Carlito Rocha e João Saldanha.
Abraços Gloriosos!
Rui, o Saldanha era sensacional, mas acho que se equivocou no caso do Manga, tanto que fizeram as pazes mais tarde. Eu colocaria nessa sua relação o Ademar Bebiano, o responsável direto pelo melhor futebol de base que o país já teve. Pena que o Botafogo abandonou esse trabalho. Abs e SB!
Negócio fechado, Sergio: Adhemar Bebiano deve fazer parte de um quarteto de notáveis e admiráveis botafoguenses!
Abraços Gloriosos!
Meu ídolo pra sempre.
Saudações botafoguenses!
Meus ídolos, Luiz: na diretoria, Paulo Antônio Azeredo; na bola, Manga; na barra do tribunal a defender o Botafogo, João Saldanha!
Abraços Gloriosos!
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