por
Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)
As
‘atitudes existenciais’ e as práticas que lhes estão associadas comprovam que
os pessimistas em situação extrema podem conduzir-se ao suicídio e que os
otimistas em situações extremas ‘levantam voo’ e vivem exclusivamente o mundo
da irrealidade – o que, sob determinado ângulo de observação, pode ser mais
perigoso ainda do que um suicídio que encerra de vez a vida de um pessimista,
mas não acalenta a vida de quem pelo seu extremo otimismo não ajuda à centragem
de muitas vidas na realidade vivida, prejudicando não um indivíduo mas o
coletivo dos indivíduos.
Estas
palavras podem ser mote de reflexão quando se constata que por um pouco de nada
que o time de futebol do Botafogo faça em campo, muita gente levanta voo – sem perceber
que um time de futebol não é apenas a representação de uns quantos resultados
que bateram certo num dado período de tempo. Uma equipa de futebol credível
necessita de uma diretoria qualificada, de uma comissão técnica qualificada, de
um departamento médico qualificado, de psicólogos qualificados, de jogadores
qualificados, de dirigentes qualificados que saibam montar plantéis e,
sobretudo, de motivação e empenho intrínsecos e de uma torcida presente.
Se
olharmos para trás desde 2006, que foi quando o Botafogo retornou aos títulos,
verificamos que em muitas ocasiões os torcedores bradaram aos céus que o
Botafogo ia ser campeão brasileiro, que ia disputar a Libertadores. Não foi.
Nunca ficou sequer no G4 neste século.
Este
ano, não obstante a dura realidade desportiva que enfrentamos com a perda do
Engenhão, ao que se soma automaticamente uma enorme ameaça financeira, o
‘síndrome das alturas’ regressou e continuo lendo que muitos torcedores
convocam um novo título para o Botafogo em 2013: ‘campeão de tudo!’
Obviamente
que com o cenário que se desenha os pessimistas e os otimistas de plantão não
contribuem para coisas significativas, e se não nos empenharmos realisticamente
não seremos campeões de mais nada – a não ser que certas forças políticas
mudassem de rumo…
E
todos os anos havia jogadores que saiam do Botafogo com grande vontade, sem
sequer se terem empenhado em campo. Alguns declararam mesmo à chegada que o
Botafogo seria uma grande vitrine para eles. Sempre pensei que se eu dirigisse
no Botafogo, jogador que dissesse isso à entrada rumava diretamente para a
lista dos dispensados.
Em
suma, nunca vi o Botafogo realmente forte. Passaram Carlos Roberto, Cuca, Manuel
Sérgio, Chamusca, Geninho, Estevam Soares, Joel Santana, Caio Júnior, Ney
Franco e outros treinadores que certamente omiti, e nunca vi os atletas do
Botafogo com a moral em cima. Por sua vez, os atletas iam e vinham com a maior
das facilidades, os dirigentes do futebol mudavam – e ainda mudam – a uma
velocidade que não permitia consolidar a equipa principal e a cada ano o
plantel mudava radicalmente.
Agora
vejo coisas muito diferentes: vejo um plantel estabilizado, vejo atletas que
estimam o Botafogo, que gostam de jogar no Botafogo, que não querem sair do
Botafogo. As últimas declarações de Fellype Gabriel são revigorantes para a
nossa alma alvinegra quando afirma entregar nas mãos do clube o seu destino –
mesmo que venha a ser transacionado.
Confesso
que já não me lembro de um Botafogo tão emocionalmente forte, tão coeso nos
seus objetivos, tão empenhado mesmo quando as coisas extra campo não correm
como todos gostaríamos.
É
com este Botafogo renovado que o prefeito interdita o estádio, que se impede um
patrocínio de 30 milhões / ano, que a mídia negocia quatro jogadores alvinegros
por semana nas suas páginas cathartiformes, que o fisco ameaça reter os valores
de negociações que o Botafogo faça para poder pagar contas atrasadas ao
plantel, que Seedorf não participasse de um clássico, que o penteado de
Jefferson era abusivo…
Os
nossos inimigos não nos podem vencer!
Por
tudo isto dispensam-se as atitudes existenciais pessimistas e otimistas do tipo
anteriormente mencionadas – dê-mos lugar às atitudes assertivas e realistas, às
atitudes cujas práticas mostram compreender que o momento é extremamente
delicado, às atitudes capazes de implementar um futuro sustentável, às atitudes
conscientes de que urge lutar seriamente para alcançar a vitória. Que não será
fácil. Que será certamente muito suada.
Este
Botafogo reconstruído, por muitas críticas acertadas que façamos – começando
por mim próprio –, é um Botafogo que merece o nosso apoio num momento difícil
como o que estamos atravessando. E, diga-se, certamente que todos ou quase
todos terão um pouco de influência na força do nosso time: alguns dirigentes
que tomaram umas quantas decisões importantes e certas; a comissão técnica que
mostra coesão e abertura; os atletas que evidenciam empenho em ganhar; muitos
outros intervenientes que diariamente cuidam da equipa, da sua melhoria
técnica, do seu apuro físico, da sua força psicológica.
Os nossos inimigos não nos podem vencer!
Sei que muitos de nós – e entre os quais me incluo – critica a diretoria por omissão em determinadas ocasiões, bem como por não ter encontrado, em quatro anos e meio, um vice-presidente para o futebol que realmente percebesse de futebol. E certamente é uma diretoria que não soube conduzir adequadamente o ‘Caso Engenhão’, antes e depois de ser interditado.
Sei que muitos de nós – e entre os quais me incluo – critica a diretoria por omissão em determinadas ocasiões, bem como por não ter encontrado, em quatro anos e meio, um vice-presidente para o futebol que realmente percebesse de futebol. E certamente é uma diretoria que não soube conduzir adequadamente o ‘Caso Engenhão’, antes e depois de ser interditado.
Porém,
salvaguardadas as nossas críticas, que devem ser mantidas porque é do debate
democrático que nascem as melhores soluções, este time merece o nosso apoio,
este time precisa do nosso apoio – nos blogues, nas denúncias aos órgãos
judiciais competentes, nas ruas se for preciso reabraçar o Engenhão ou pugnar
por outra causa legítima, no estádio para motivar os nossos atletas e apoiar os
nossos cofres.
Os
nossos inimigos não nos podem vencer!
Esta
diretoria, estes jogadores e estes torcedores precisam fazer a ‘coisa certa’, e
não basta pensar bem – é preciso discernir bem. Importa encontrar novas
alternativas e não entregar o ouro pretendido pelo ‘bandido’ à primeira
dificuldade – e isso cabe especialmente à diretoria, que precisa de se exceder
a si mesma e saber mobilizar os recursos disponíveis, colocando energia,
criatividade e inovação na busca de novas e sustentadas soluções.
Seja
de que modo for, este Botafogo precisa vencer, este Botafogo merece vencer.
Estamos numa encruzilhada decisiva do nosso futuro para os próximos anos e
precisamos estar atentos e agir na hora certa.
Se
falharmos agora, falharemos por muito tempo, se ousarmos apoiar e lutar, poderemos
vencer.
Avante,
Gloriosos Botafoguenses de todos os quadrantes!
14 comentários:
Excelente, Rui! Como sempre..!! Baita abraço! Cid
Bonito Ruy!
Vamos vencer!!!
Caro Rui,
O seu texto está perfeito.
Dizem que "os mineiros só são solidários no cancer", e este é o momento da torcida ser solidária com o Botafogo. A diretoria deveria canalizar esta fase para captar novos sócios torcedores, não vejo nada nesse sentido.
Deveria fazer um programa mais transparente, com relatórios bi ou tri-mensais com as estatísticas todas, número de contribuintes, valor arrecardado, etc e tal, pois esse aí ninguém sabe do valor pago quanto vai para o Botafogo, quanto para a administradora.
Abraços Gloriosos,
Jatahy
Obrigado, Cid. Se puder, faça rodar o texto pela Internet. Para chegar a mais gente botafoguense.
Abraços Gloriosos!
Vale, MAM! Temos que vencer!
Abraços Gloriosos!
Jatahy, estamos muito precisados de informação correta e transparente. O Botafogo devia estar atento a todas as coisas que nos circundam e aproveitar este momento de crise para criar novas oportunidades. No entanto, ainda não tomaram posição sobre o Engenhão. Espero que estejam lidando corretamente com o assunto nos bastidores, caso contrário será a nossa menorização.
Abraços Gloriosos!
Abraços Gloriosos!
Excelente blog. Gostei muito. Parabéns pelo excelente post.
Excelente!!!
Excelente post parabéns.
Obrigado, Marcos Celso. Seja bem-vindo ao Mundo Botafogo - é o mundo no Botafogo e o Botafogo no mundo.
Abraços Gloriosos!
Boa, Rui!
Viva, Marlon! Temos que fazer um cordão de solidariedade. Os botafoguenses devem procurar por todos os meios impugnar a decisão do Engenhão, inclusive porque há conflito d einteresses, já que quem está no consórcio do Maracanã esteve na construção do Engenhão.
Abraços Gloriosos!
Que belo texto meu caro Rui. Não sou nem pessimista nem otimista, apenas vejo a realidade e, esta me parece tentar frear o crescimento do nosso Botafogo. Teoria da conspiração? Pode até ser, mas são muitas coincidências ruins num momento crucial para o BFR. O Botafogo foi forjado na luta e, nunca nos derrubaram e tenho certeza de que o clube sairá fortalecido dos tristes episódios que estão ocorrendo. Abs e SB!
Sérgio, há uns que dizem que não existem coincidências e naca acontece por acaso. Os religiosos costumam dizer que para Deus não existe o acaso. Portanto...
Creio que conseguiremos resistir, como sempre, mas provavelmente com poucas armas, a não ser que a diretoria consiga segurar os jogadores e encontrar financiamento para suprir o buraco deixado pelo Engenhão.
A solidariedade e a coesão são fundamentais para a resistência à adversidade e a busca de novas soluções.
Abraços Gloriosos!
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