Imagem: Digitalização de Alceu Mendes de
Oliveira Castro (1951): O Futebol no
Botafogo (1904-1950)
Dia 7 de Novembro de 1920. Botafogo x Fluminense.
O Botafogo queria a revanche sobre o Fluminense, que desde 1917 não perdia para
o Glorioso. Dia inesquecível em que o Botafogo ganhou de virada ao Fluminense
nos 1ºs quadros (2x1), nos 2ºs quadros (4x3) e nos 3º quadros (3x1), além de
conquistar o torneio juvenil.
Sobre o jogo principal dos 1ºs quadros, Alceu
Mendes (1951: 184) descreve assim o acontecimento:
“O Fluminense abre o score por intermédio de
Welfare e o Glorioso reage jogando muito melhor e passando a dominá-lo por
completo, no segundo tempo. Petiot, Leite e Nequinho fazem prodígios. (…)
Franco, Alfredinho e Police formam uma barreira no meio da arena e o grande
Palamone, que reapareceu òtimamente, mais de uma vez leva a bola à área
tricolor. Faltam 14 minutos para terminar a luta, quando Leite evita C. Neto e
fecha ràpidamente. Gerdal vai ao seu encontro mas Leite dribla-o e, de longe,
com umtiro rasteiro e enviezado, coloca a bola nas redes tricolores, empatando
o jôgo. Cinco minutos após, o grande Petiot carrega a esfera e passa-a a
Vadinho, que a envia a Arlindo. Êste, por sua vez, atira-a a Nequinho que
dribla dois rivais, fecha resoluto e com formidável shoot rasteiro e enviezado,
conquista o goal da tão desejada vitória. Terminado o jôgo, a torcida
alvinegra, alucinada, invade o campo e carrega em triunfo os dois terríveis
‘guris’. Leite entusiasmado bradava ‘Botafô… go’! E Nequinho, comovido e mudo,
estendia as mãos a milhares de fanáticos.
‘O Jornal’ destacou:
“É justo porém frizar que o Botafogo, que
mais atacara e com mais insistência, logrando a justa e brilhante vitória de
ontem, deve-a exclusivamente ao extraordinário esfôrço individual de três
players: Leite, Nequinho, que ainda não são efetivos do 1º team e Petiot.
Alceu Mendes (1951; 184-185) acrescenta que:
“A vitória foi gosada como a de uma conquista
de campeonato: pequenos panfletos espalhados no final do jogo; passeata e
exposição da bola na Farmácia Pinto, do alvi-negro Joaquim Pinto; réco-réco no
campo, com impagável ‘marche aux flambleaux’, puxada por Nilo Martinho, com
danças cômicas;grande jantar na Brahma e ruidosas manifestações durante tôda a
semana na Galeria Cruzeiro, chefiadas por Paulo Lyra, nos quais os alvi-negros
escreviam a giz, nos bondes, os já famosos’2x1’. Tais manifestações, parecendo
excessivas foram criticadas, mas a verdade é que elas significaram (…) uma
resposta às salvas de canhão, com que foram comemoradas as nossas derrotas em
1918 e 1919. Encerraram-se com um grande baile no sábado, 13 de novembro, no
qual foram entregues, por iniciativa dos sócios, medalhas de ouro aos jogadores
do 1º quadros e prata aos do segundo e terceiro quadros.”
Pesquisa de Rui
Moura (blogue Mundo Botafogo); fontes: Alceu Mendes de Oliveira Castro (1951). O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio
de Janeiro: Gráfica Milone; ‘O Jornal’ (8 de novembro de 1920).
Sem comentários:
Enviar um comentário