por Rui Moura (blogue Mundo
Botafogo)
Maurício Assumpção regressou. Eu manifestei por mais
de uma vez a necessidade de o presidente não manter a seu licenciamento em
‘banho maria’, mas decidir entre regressar de imediato ou demitir-se para
evitar erosão dos poderes institucionais do Botafogo. Ele ouviu e regressou.
A pertinência do seu regresso foi evidenciada por
declarações bastante mais determinadas do que aquelas que estavamos a assistir
com os poderes se esboroando por falta de consistência do executivo
botafoguense para comandar o leme da nossa embarcação.
Independentemente das críticas que faço, e que
continuarei a fazer ao modo como o Botafogo é conduzido sempre que isso for
aconselhável, ficou evidenciado que na ausência de Maurício Assumpção a nossa
embarcação flutua sem rumo. A voz do presidente tornou a ouvir-se e, até agora,
positivamente. Maurício Assumpção tem feito uma grande aprendizagem ao nível da
gestão – fundamental para que o Botafogo seja respeitado e retome as glórias de
outrora.
O presidente recusou liminarmente o regresso de
Jobson. Quando Jobson regressou ao Botafogo pela 1ª vez fui contra essa
decisão, porque o atleta fora irresponsável em tomar drogas na reta final do
Brasileirão sabendo que o Botafogo poderia ser prejudicado por uma suspensão
imediata do atleta. Não teria obviamente remédio. Então Maurício Assumpção não
quis ouvir por duas vezes, mas posteriormente emendou a sua decisão e agora tornou a rejeitar
o regresso de Jobson – e muito bem.
Sobre o projeto de Túlio Maravilha, por muito que gostemos
dele, tornou-se impraticavel manter uma parceria desde que o atleta processou o
clube. Essa atitude só poderia ter uma decisão do clube: a quebra da parceria.
É assim que o Botafogo deve agir para não se deixar torpedear, mesmo quando se
trata de um ídolo como Túlio.
Quanto à venda de atletas, e especialmente de Dória,
Maurício Assumpção anunciou que vendas somente pelo preço das cláusulas
rescisórias, e se os atletas assim o desejarem. Menos ainda uma negociação de
Dória com uma entidade profundamente ligada ao Cruzeiro. Muito bem novamente.
E teve o cuidado de reunir com o plantel do futebol
para conversar sobre os esforços que têm sido feitos – se é que têm sido feitos
esforços alternativos – para solucionar a questão dos salários em atraso.
Já anteriormente, de forma discreta, o presidente conseguira
calar a eterna boca de trapo de C.A. Montenegro acerca da devolução do
Engenhão, mostrando que tem armas de porte e pode esgrimi-las a favor dos interesses
do Glorioso.
Por outro lado, reconheço que foram tomadas muitas
medidas a favor da construção de uma equipa competitiva. As aquisições de
Seedorf, de Bolívar e de Júlio César, três titulares muito experientes e que
têm contribuido fortemente para a serenidade da equipa em campo e fora dele,
mostraram-se muito acertadas.
Devo ainda realçar o que já manifestei noutras
ocasiões: o afastamento de Anderson Barros (André Silva já o tinha sido
anteriormente), o afastamento do corpo clínico do Botafogo (que lamentavelmente
ficou agora privado do seu chefe) e o afastamento da psicóloga foram outras medidas acertadas. Tais medidas
melhoraram significativamente diversos aspectos, entre os quais um acréscimo
muito importante da condição física dos atletas e uma reposição mais rápida da
saúde de cada um, bem como um estado psicológico muito mais elevado do plantel.
Neste momento encontro-me satisfeito com o rumo das
coisas (exceptuando, evidentemente, a grande preocupação com a devolução do
Engenhão e a nossa capacidade financeira), discordando apenas do modo como tem
sido gerido o dossiê Engenhão. Maurício Assumpção acabou de afirmar que
“existem formas e formas de atuar” e que “outra forma é apanhar um pouco e ir
por um caminho de tentar resolver”.
Compreendo as intenções do presidente, que, aliás, não
é homem de enfrentar cara a cara grandes conflitos, já que o seu know-how nessa matéria orienta-se por
relações mais diplomáticas, mas o caso do Engenhão é muito grave porque existem
claros indícios de a interdição ter, eventualmente, contornos políticos e
económicos alheios ao Botafogo. Por isso, a falta de assertividade neste caso
não beneficia a imagem nem do presidente nem do Botafogo, porque estamos “apanhando”
muito mais daquilo que devíamos.
Ademais, as informações vindas a público e o
comportamento nada transparente da prefeitura na interdição do Engenhão, incluindo
as declarações do prefeito de que nem cem laudos chegariam para devolver o
Engenhão ao Botafogo se houvesse um só desfavorável, são fatores que configuram
algo mais do que a mera interdição.
Urge que Maurício Assumpção encontre habilidades
próprias para perseguir novas formas de atuação e pressione para a devolução do
Engenhão o mais rapidamente possível. Compreendo que todos têm que salvar a
cara, mas que as caras sejam salvas rapidamente e que a normalidade regresse a
General Severiano.
[Nota
fora de tópico: Estou preocupado com Vitinho a titular, porque muda
completamente o figurino de jogo do Botafogo; com Vitinho a equipa será menos
compacta, menos coletiva e mais individualista; os desequilíbrios que Vitinho
provoca não beneficiam o coletivo porque Vitinho não passa a bola e o
desequilíbrio provocado acaba por ser anulado por algum zagueiro; mesmo não
gostando de Andrezinho, creio que para início de jogo seria mais acertada a sua
escalação porque faz o jogo do coletivo e mantém o figurino da equipa mais
compacto; Vitinho ficaria como ‘arma’ caso as coisas não estivessem a correr
bem até aos 65’ de jogo.]
Fotografia de Alexandre Loureiro.
2 comentários:
Concordo com você em gênero numero e grau.
MAM, vamos acreditar que MA tenha habilidades 'escondidas' para reverter o mais rapidamente possível as coisas a nosso favor. Está em causa um semestre futebolístico que pode vir a ser muito bom - ou simplesmente desolador.
Abraços Gloriosos!
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