Confesso que praticamente já não tenho ânimo suficiente para falar com profundidade dos
problemas do Botafogo no que respeita à sua gestão e às respectivas soluções, tal é a situação de frouxidão a que se chegou no gerenciamento do clube.
Tenho
avisado várias vezes sobre o buraco financeiro e a incapacidade do presidente e
da sua diretoria na gestão do clube serem enormes. Pode-se queixar o Botafogo
de lhe terem retirado o Engenhão?
Pode, mas…
Mas (1) o
Botafogo viveu sempre sem o Engenhão e teve que se gerir sem estádio, subir da
2ª para a 1ª divisão tecnicamente na falência e reequilibrar as contas, que
estavam equilibradas em 2008 quando Assumpção tomou a presidência sucedendo a
Bebeto de Freitas; e (2) se não pode viver sem as receitas do estádio, então
porque o presidente e a sua diretoria se mantêm persistentemente omissos quanto
à interdição do estádio? Nem uma palavra até hoje se ouviu do presidente sobre
essa matéria, sugerindo o próprio que trabalha na sombra…
Creio que na
sombra andamos nós…
Agora vai a
Brasília. Novamente. Quantas vezes é que já lá foi? O que resolveu nessas idas?
Porque deixou a situação chegar a esta calamidade? Porque cometeu tantos erros
que o fez sair do Ato Trabalhista? Porque deixa que tudo chegue às últimas
consequências e as coisas sejam geridas pelos acasos de liderança ausente?
Maldita a
hora em que Montenegro foi ao consultório de Assumpção e o catapultou, sem
qualquer preparação clubista nem capacidade de liderança, à frente de um clube
que, saído recentemente de uma crise profunda, com um time competitivo em 2006-2007-2008 e com um estádio novo, merecia muitíssimo
mais do que esta gente que domina o clube. Vejam os nomes: Assumpção, Palmeiro,
Rolim, Montenegro, Chico Fonseca, André Silva…
As contas
consolidadas de 2008, foram-se; e o estádio também se foi. O Botafogo faz parte
da comissão de acompanhamento do Engenhão. Que sabemos acerca disso? Quando nos
entregam o Engenhão que num 1º momento seria previsível estar disponível até ao
fim deste mês. Isto é, hoje!
Entretanto,
o ano passado os jogadores fizeram greve à concentração por falta de salário. O
salário voltou e eles não regressaram à concentração, que seria o mínimo
exigível pelo presidente para mostrar que continuava a comandar o barco.
O problema é
que não comanda…
E os
jogadores agora fazem novamente greve, ameaçam parar, o sindicato apoia, o
presidente diz que o clube não tem dinheiro nem para pagar aos 400 funcionários
até ao dia 20 do próximo mês, nem para pagar salários e eventuais premiações
aos jogadores por classificação na Libertadores.
Outros
clubes têm direitos de imagem atrasados durante mais de um ano e não fazem
greve. Que diz o presidente do Botafogo? Falta de liderança? Auto-gestão dos
atletas? Não, diz que é assim porque o nosso plantel é… diferenciado! Que
vontade que tenho de lhe… bem, cala-te boca!
Em suma,
digamos que tudo isto é uma grande motivação para o próximo jogo decisivo da
Taça Libertadores… O que nos vai valendo é que os atletas, apesar da sua postura ameaçadora face à Diretoria, se uniram aos torcedores em torno da campanha #UnidosPelaVaga.
Enfim…
começo a habituar-me em ser um torcedor de um clube mediano completamente entregue às
baratas, aos gafanhotos e a tudo o mais que não interessa.
O problema é
que perco o meu DNA. Perder o meu DNA significa que a torcida está perdendo o
seu DNA. Perdendo-se o DNA da torcida perde-se finalmente o DNA do Botafogo.
Que já está bem longínquo, mas que há-se acabar no outro lado do mundo. O lado
de uma infinita escuridão cósmica…
A liderança
não se recebe de presente – conquista-se! E esta liderança acabará o deixando o
Botafogo num enorme buraco negro, num breu que nem Deus nem o Diabo desejariam
enfrentar.
Dezoito anos
de espera e… o que temos? Que consistência? Que planos? Que metas? Que
objetivos? Que sonhos?
- Vai valendo a esperança de que os nossos futebolistas se mostrem verdadeiros profissionais e dêem tudo o que podem em campo pela liderança do Grupo na Taça Libertadores. A torcida, que vai envher o Estádio do Maracanã, bem merece.