segunda-feira, 31 de março de 2014

Que sonhos, meu Botafogo?

Confesso que praticamente já não tenho ânimo suficiente para falar com profundidade dos problemas do Botafogo no que respeita à sua gestão e às respectivas soluções, tal é a situação de frouxidão a que se chegou no gerenciamento do clube.

Tenho avisado várias vezes sobre o buraco financeiro e a incapacidade do presidente e da sua diretoria na gestão do clube serem enormes. Pode-se queixar o Botafogo de lhe terem retirado o Engenhão?

Pode, mas…

Mas (1) o Botafogo viveu sempre sem o Engenhão e teve que se gerir sem estádio, subir da 2ª para a 1ª divisão tecnicamente na falência e reequilibrar as contas, que estavam equilibradas em 2008 quando Assumpção tomou a presidência sucedendo a Bebeto de Freitas; e (2) se não pode viver sem as receitas do estádio, então porque o presidente e a sua diretoria se mantêm persistentemente omissos quanto à interdição do estádio? Nem uma palavra até hoje se ouviu do presidente sobre essa matéria, sugerindo o próprio que trabalha na sombra…

Creio que na sombra andamos nós…

Agora vai a Brasília. Novamente. Quantas vezes é que já lá foi? O que resolveu nessas idas? Porque deixou a situação chegar a esta calamidade? Porque cometeu tantos erros que o fez sair do Ato Trabalhista? Porque deixa que tudo chegue às últimas consequências e as coisas sejam geridas pelos acasos de liderança ausente?

Maldita a hora em que Montenegro foi ao consultório de Assumpção e o catapultou, sem qualquer preparação clubista nem capacidade de liderança, à frente de um clube que, saído recentemente de uma crise profunda, com um time competitivo em 2006-2007-2008 e com um estádio novo, merecia muitíssimo mais do que esta gente que domina o clube. Vejam os nomes: Assumpção, Palmeiro, Rolim, Montenegro, Chico Fonseca, André Silva…

As contas consolidadas de 2008, foram-se; e o estádio também se foi. O Botafogo faz parte da comissão de acompanhamento do Engenhão. Que sabemos acerca disso? Quando nos entregam o Engenhão que num 1º momento seria previsível estar disponível até ao fim deste mês. Isto é, hoje!

Entretanto, o ano passado os jogadores fizeram greve à concentração por falta de salário. O salário voltou e eles não regressaram à concentração, que seria o mínimo exigível pelo presidente para mostrar que continuava a comandar o barco.

O problema é que não comanda…

E os jogadores agora fazem novamente greve, ameaçam parar, o sindicato apoia, o presidente diz que o clube não tem dinheiro nem para pagar aos 400 funcionários até ao dia 20 do próximo mês, nem para pagar salários e eventuais premiações aos jogadores por classificação na Libertadores.

Outros clubes têm direitos de imagem atrasados durante mais de um ano e não fazem greve. Que diz o presidente do Botafogo? Falta de liderança? Auto-gestão dos atletas? Não, diz que é assim porque o nosso plantel é… diferenciado! Que vontade que tenho de lhe… bem, cala-te boca!

Em suma, digamos que tudo isto é uma grande motivação para o próximo jogo decisivo da Taça Libertadores… O que nos vai valendo é que os atletas, apesar da sua postura ameaçadora face à Diretoria, se uniram aos torcedores em torno da campanha #UnidosPelaVaga.

Enfim… começo a habituar-me em ser um torcedor de um clube mediano completamente entregue às baratas, aos gafanhotos e a tudo o mais que não interessa.

O problema é que perco o meu DNA. Perder o meu DNA significa que a torcida está perdendo o seu DNA. Perdendo-se o DNA da torcida perde-se finalmente o DNA do Botafogo. Que já está bem longínquo, mas que há-se acabar no outro lado do mundo. O lado de uma infinita escuridão cósmica…

A liderança não se recebe de presente – conquista-se! E esta liderança acabará o deixando o Botafogo num enorme buraco negro, num breu que nem Deus nem o Diabo desejariam enfrentar.

Dezoito anos de espera e… o que temos? Que consistência? Que planos? Que metas? Que objetivos? Que sonhos?

- Vai valendo a esperança de que os nossos futebolistas se mostrem verdadeiros profissionais e dêem tudo o que podem em campo pela liderança do Grupo na Taça Libertadores. A torcida, que vai envher o Estádio do Maracanã, bem merece.

2 comentários:

Gil disse...

Rui,

Teci um comentário sobre o mosaico e como comungamos em vários pensamentos sobre o Botafogo, falei algo muito parecido com o teu texto sobre o nosso DNA.

Não sei se já teve a oportunidade de ver a postagem do Thiago Pinheiro (facebook) sobre o que farão no campo de General Severiano. Ele até concorda que o espaço não permite um CT, mas questiono qual o motivo de não ter sido debatido no Conselho Deliberativo a mudança. Farão três campos de futebol society e os sócios proprietários terão direito a uso.
Não sei, também, se já leu que nas internas do clube dizem que essa asfixia é premeditada e justamente para entregar o Engenhão para outro clube. Falam que o Botafogo ganharia um dinheiro para colocar o pagamento em dia dos jogadores e empregados.

As coisas no clube são tão escondidas e lembro muito bem que antes do fechamento do Engenhão diziam que ele dava prejuízo. Que eram precisos os shows e conseguir o naming rights que nunca veio. Veio promessa de quase assinatura quando o estádio foi interditado.

Lembra quando o atual presidente assumiu? Ele disse que era “pato novo” e precisaria do apoio do Montenegro.
Lembra que o atual presidente convidou o André Silva para vice de futebol, VICE DE FUTEBOL, mesmo ele declarando que não entendia nada, que era apenas um torcedor de arquibancada?
Além disso, retornou com nomes que você já citou e que quase fecharam o clube. Arrasaram-nos e nos colocaram na segunda divisão em 2002!

Pobre do atual Botafogo!
Que os Deuses Botafoguenses nos ajudem e nos proteja nas próximas eleições!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Eu li sobre os três estádios, Gil.

Quanto à premeditação, desde que fecharam o Engenhão que venho dizendo que com a dívida do Botafogo e os processos em tribunal estavamos em risco de asfixia e 'americanização'.

Há quem pense que não, mas eu penso que sim. Tudo tem sido feito para o BFR não ser reconhecido nem respeitado, e quando levanta um pouco a cabeça eis que os carniceiros se atiram ao Botafogo. E fazem-no nporque o Botafogo não se faz respeitar através dos seus representantes máximos.

A diferença entre a presidência de Bebeto de Freitas e a presidência de Maurício Assumpção é óbvia: um equilibrou as contas, o outro desequilibra-as; um conquistou o direito a usar o Engenhão por 20 anos, o outro perde o Engenhão em 5 anos.

Abraços Gloriosos!

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