Dominique Beaucant mostrando o
livro numa mão e a caixa de proteção noutra
Desde
criança, Dominique Beaucant apaixonou-se pelo futebol de Mané Garrincha, bem
como coloca Pelé e as equipes da Seleção Brasileira de 1958 e 1962 como os
protagonistas da maior arte de futebol jamais produzido até hoje.
Durante
décadas, Dominique colecionou tudo o que se referia a Garrincha. Durante
décadas sonhou em produzir uma obra que elevasse Garrincha ao lugar que
realmente merece: o topo dos topos do mundo do futebol. Finalmente, acaba de
concretizar o seu sonho publicando ‘Garrincha – O Rei dos Reis – O divino anjo
voa novamente’.
A obra foi
divulgada, li todas as sinopses que encontrei e escrevi um artigo sobre o seu
lançamento. Dominique ficou entusiasmado com as observações que fiz sobre ele e
a sua obra e, por isso, tive a honra e o privilégio de ser agraciado com o
fabuloso livro que, de entre os livros escritos de boa-fé sobre Garrincha
(porque, como sabemos, há outros livros em que a boa-fé se ausentou,
designadamente livros explorando a vida pessoal de Garrincha nos aspectos que
lhe foram menos favoráveis), é provavelmente o livro que mais penetrou na nobre
e generosa alma de Mané Garrincha, quer quanto ao seu maravilhoso futebol
único, quer quanto à singeleza e doçura da sua personalidade, tão bem descrita
por Nelson Rodrigues que, ao lado de Armando Nogueira, faz com toda a certeza o
duo mais genial daqueles que escreveram sobre o futebol brasileiro até hoje.
Devo dizer
que sempre fui apaixonado pela leitura e pelos livros. Aos 8, 10, 12, 15 anos
da minha existência, a minha querida mãezinha deparava comigo ainda de luz
acesa a ler um livro quando me ia chamar para mais um dia de escola. Nunca
consegui intervalar a leitura de uma obra que me envolva: leio-a de fio a
pavio, nem que para isso tenha que utilizar 24 ou mais horas seguidas. Ou,
então, interrompo a leitura que não me agrada e a probabilidade de não tornar a
pegar nesse livro é bastante elevada. Quem julga que eu sou razão pura devido
aos meus comentários, engana-se; as minhas emoções secundárias são das mais
intensas que se possa imaginar.
Fico
arrepiadíssimo quando vejo alguém desfolhar inadequadamente as páginas de um
livro, dobrá-las e até mesmo dobrar os próprios livros. Então, tomo sempre
muito cuidado com os meus livros e respeito-os. Porém, o livro de Dominique
Beaucant colocou-me verdadeiramente em sentido!
Em primeiro
lugar, devo dizer que quando Dominique me enviou o livro (livro? livro ou
enciclopédia ilustrada sobre Garrincha?) previu que eu o recebesse numa
quinta-feira ou sexta-feira da semana seguinte. As promessas de Dominique
acerca de eu me espantar quando recebesse o livro fez-me ficar em casa durante
esses dois dias até às 14h00 para receber a obra logo que chegasse.
Dominique
havia me dito quais eram as características do livro e a sua abrangência e, por
isso, foi com ansiedade que abri cuidadosamente o enorme volume que recebi.
Sim, meus amigos, eu nunca tive um livro sobre futebol com uma apresentação tão
extraordinária como o do nosso amigo americano apaixonado pelas obras-primas de
Mané Garrincha.
Prometi a
Dominique produzir uma recensão crítica sobre o livro, mas, francamente, nem
sei por onde começar, porque, imaginem, fiquei tão impressionado com a
apresentação geral do livro que, antes de o abrir, fui lavar as mãos com gel
desinfectante para não conspurcar a obra com qualquer lixeira imperceptível.
A obra é
protegida por uma caixa cuja capa é a reprodução da capa do próprio livro, que
se apresenta no fantástico formato 37cm x 29cm, luxuosamente encadernado com
capa em alto-relevo, folhas espessas e da melhor qualidade, em requintado papel
couchê e centenas de fotografias que enchem o olho do leitor, sendo mais de centena
e meia desconhecidas do grande público, e muitíssimas dessas fotografias ocupam
todo o espaço de uma página e, em certas ocasiões, até mesmo duas páginas.
Parede do apartamento de
Dominique Beaucant
DOMINIQUE
BEAUCANT RESPONDE AOS DETRATORES DE GARRINCHA
Trata-se,
essencialmente, de uma biografia ilustrada, cujas fotografias são acompanhadas
de ricos comentários, em vez das frases que nada acrescentam ao leitor, a não
ser tédio. Por outro lado, a obra centra-se exclusivamente no futebolista e praticamente
omite informações sobre a sua vida pessoal, fora do campo de futebol. O autor
refere que «os fatos que não pertencem a
ele como jogador não devem ser misturados com suas realizações como
profissional. […] Devemos saber
quando não cruzar a linha e sermos decentes. Se eu tiver ofendido alguns
escritores, por simplesmente considerar o que eles fizeram de antiético e
abusivo, então estou com sorte.»
Desde logo
ficamos a saber que não vamos ler, novamente, os mil e um artigos que sem
qualquer despudor escavam na vida do sublime atleta. E se a obra escavasse a
vida do autor, bastante matéria tinha para realçar o amor de Garrincha pelos
amigos, pelas mulheres, pelas crianças, pelos companheiros de profissão e pelos
animais, fossem aves ou bichos de quatro patas, em vez de se centrarem na coisa
menos importante da vida pessoal de Garrincha e que só a ele dizem respeito.
Dominique
garante, desde o início da obra, que o leitor «não verá esse estilo ofensivo. […] Certamente não tenho nenhuma desavença com escritores que já incluíram
em seus ensaios, livros, revistas, histórias pouco lisonjeiras sobre Garrincha,
mesmo que eu esteja confiante em que havia muitas oportunidades para que eles
não o fizessem, cujos detalhes pessoais desnecessários em um artigo torna-se
simplesmente uma náusea ao ler, embora tal escritor saiba que existia a
possibilidade de a situação ter sido revertida».
Apartamento de Dominique Beaucant
AS
COMPARAÇÕES DO ‘ONTEM’ COM O ‘HOJE’
Por outro
lado, muitos ignorantes sobre o futebol de há cinquenta e sessenta anos, fazem
observações destituídas de sentido e revelam a verdadeira ignorância que grassa
entre a classe jornalística desportiva. Efetivamente, Beaucant também trata de
desmistificar tais ‘escribas’.
Dizer-se «que ele não se adaptaria aos jogos de hoje
seria um eufemismo que não tem absolutamente mérito nenhum. Garrincha gostava
tanto de dribles que podia ir e voltar com a bola sem que ninguém a tomasse,
depois de ter passado por todos os zagueiros e driblar novamente».
Muitos ‘escrevinhadores’
«disseram que os zagueiros de hoje são
muito mais qualificados de que seus antecessores. […] Quantas vezes eu li, por exemplo, que Garrincha ou Pelé, se fossem
jogar nos dias de hoje, não seriam capazes de passar os zagueiros atuais. É uma
piada ouvir isso».
O autor não
só contesta como desmonta completamente tais observações. Desde logo refere que
a violência dos zagueiros era muito maior no tempo de Garrincha e de Pelé,
porque os árbitros não protegiam os atletas dessa violência e, por isso,
Garrincha e Pelé sofreram na pele as piores maldades dos zagueiros do seu
tempo, especialmente porque eram os atletas que pontificavam no estrelato do
futebol mundial. Dominique dirige-se diretamente ao leitor afirmando que «alguns de vós já viram as imagens das pernas
do Garrincha mostrando cicatrizes incontáveis. […] Os zagueiros não iam para cima visando a bola mas sim visando as pernas
do jogador». Era muito mais difícil passar por um zagueiro do que
atualmente, porque as regras de hoje protegem a integridade física dos atletas
e os cartões amarelos são bons dissuasores de entradas excessivamente viris.
«O único
meio de destruir Garrincha era caçá-lo a pauladas.» – escreve Dominique.
E o autor
continua a enumerar muitos outros dados que faziam do futebol de antigamente um
jogo muito mais difícil do que atualmente: a bola era muitíssimo mais pesada;
as chuteiras eram feitas de material grosseiro; a grama dos campos de futebol
estava a anos-luz dos estupendos tapetes verdes da atualidade; os treinamentos
ficavam muito longe do que são os treinamentos de hoje; os próprios tratamentos
as lesões dos atletas eram muito incipientes e os atletas jogavam muitas vezes
sob o efeito de drogas locais para poderem atuar.
Esse futebol
de outrora, não obstante as más condições acima descritas, era mágico.
Dominique garante que pode «dizer verdadeiramente que nos dias de hoje [o
leitor] não vê jogadas mágicas,
[porque] a arte do futebol nasceu pelos
pés de Garrincha e Pelé».
O autor
sublinha João Máximo na frase que diz quase tudo sobre Garrincha da Copa de
1962: «Dizer que foi o craque da Copa de
1962 é fácil. Difícil é falar de Garrincha». E, continuando a manifestar a
sua posição, o autor também sublinha Carlos Drummond de Andrade quando afirmou
que «difícil não é fazer 1.000 gols como
Pelé, difícil é fazer um gol como Pelé»
Para
Dominique, Garrincha e Pelé «juntos,
formaram a melhor dupla que o mundo já viu». E o autor não deixa em mãos
alheias uma sentença sobre o peso dos dois craques no mundo do futebol: «Cópias de dribles e jogadas são bem
abundantes hoje e são remanescentes do que Pelé e Garrincha fizeram há décadas.
Mas criar dribles e jogadas como eles fizeram, […] simplesmente não irão ver mais».
«Garrincha era puro talento, fazia proezas
que não se aprende nos clubes de futebol. Ele foi simplesmente o melhor, acima
de todos os outros, e sua proeza nunca será igualada novamente. Havia pessoas
que nessa época falavam que Pelé era o Rei, e se tivesse sido, então Garrincha
era Deus!»
Dominique Beaucant no túmulo de Garrincha
PAU GRANDE
Hoje, o nome
de Garrincha tornou-se lendário e tem uma reputação de renome em todo o mundo
por várias décadas. Como os filmes de Bogart são para cinéfilos, Garrincha é um
nome de veneração […] na história do futebol.
Definidos ao
parâmetros da obra e da posição que o autor assume face à beleza do outrora
futebol brasileiro e, sobretudo, à arte nascida com Garrincha e Pelé, faz-nos
entrar, já quase dominados pela intensidade das suas observações, faz-nos
entrar mentalmente numa localidade muito conhecida de todos os botafoguenses:
Pau Grande!
Dominique
coloca Garrincha em relação com as crianças, com os animais, com a localidade
onde nasceu, surgindo as primeiras fotografias pouco ou nada conhecidas. São
oito breves páginas em que as fotografias de Garrincha começam a ocupar páginas
inteiras e transmitem-nos a alegria que o rosto de Mané Garrincha evidenciava.
O autor não poupa adjetivos e descreve assim uma foto de Garrincha:
«Um dos mais agradáveis retratos de Garrincha
que já vi. Sua felicidade constante é claramente visível nesta imagem
fantástica. Mané foi um dos poucos homens em que você podia colocar toda a sua
confiança. Lealdade é uma palavra que vem á mente quando se fala nele. Esse foi
Garrincha, que nunca deixou sua fama subir à cabeça e este era um fato que o
colocava acima do resto, a grandeza de Garrincha não tinha igual».
E noutro
trecho:
«Sempre sorridente, sempre feliz, aquele era
Garrincha, um homem simples, à frente de seu tempo, à frente de todos!»
BOTAFOGO DE
FUTEBOL E REGATAS E O TORNEIO DE PARIS
Dominique
entra, então, no capítulo ‘Botafogo’, que ocupa 16 páginas profusamente
ilustradas com Garrincha envergando a camisa da Estrela Solitária. Cada foto é
acompanhada de comentários que apoiam e acrescentam algo mais que vai prendendo
a pouco e pouco o leitor.
Beaucant
reconhece o Torneio Internacional de Paris, ganho pelo Botafogo em 1963, como
tendo por «objetivo principal criar uma
competição entre os dois melhores clubes europeus contra o seu homólogo da
América do Sul, para descobrirmos o melhor do mundo. E era um dos maiores
eventos do calendário de futebol, era uma espécie de campeonato mundial
interclubes, que durou até 1966. […] Garrincha
acabou sendo a maior atracão de todos os jogadores de futebol que participaram
neste evento desportivo bem aclamado».
Portanto,
além de bicampeão do mundo, o autor reconhece Garrincha também como campeão
mundial de clubes.
Após este
capítulo, o leitor é tomado de assalto pelo livro. Pela sua grandeza. Pela sua
qualidade gráfica. Pelas surpreendentes fotos que revelam o extraordinário
futebolista que foi ‘seu’ Manoel dos Santos. Pelos seus textos que revelam não
somente uma emoção profunda mas também complementos que fazem reviver, em todo
o seu esplendor, a trajetória futebolística de Garrincha através de imagens
deslumbrantes.
Apartamento de Dominique Beaucant
ANATOMIA DO
DRIBLE
A primeira
fase do drible: “sem a bola, que iria
transcender a um súbito movimento e o balanço de sua perna direita para a
esquerda, ou então para o interior do campo, que tinha o efeito de ele ir para
um lado, quando realmente ele ia para o outro; enquanto a inclinação do seu corpo
indicava uma coisa ele ia em outra direção para o desespero de todos os
zagueiros.”
A segunda
fase do drible: «com uma rapidez
dramática e uma velocidade inimaginável, consistia em um retorno inexplicável
do seu corpo e de sua perna direita, com um toque ultrarrápido de dentro de seu
pé direito que precede a recuperação imediata da bola. Então, de repente, Garrincha
toca a bola para a direita, para a esquerda de seu oponente.»
O resultado nós
já sabemos…
Entrando nos
meandros das Copas do Mundo, Beaucant considera Garrincha como «único, imprevisível, fora de alcance; ele
foi o melhor, ele era de outro mundo.»
Em 1958 «Garrincha resolveu caprichar no baile, foi
um carnaval sublime. A coisa virou show de Grande Otelo. […] O marcador de ‘seu’ Manuel já não era um:
eram três. E, então, começou a se ouvir, aqui no Brasil, na Praça da Bandeira,
a gargalhada cósmica, tremenda, do público sueco.»
Leia-se
excertos do relato dos famosos três minutos de jogo contra a ‘equipe
científica’ da URSS considerada imbatível:
«O lateral Kuznetsov corre. Mané ginga o
corpo para a esquerda, mas sai pela direita. Kuznetsov desaba de traseiro no
chão. A educada torcida sueca não sabe se ri ou se aplaude. […] Repentinamente, pisa na bola e estanca. O
lateral soviético volta à marcação. Leva outro drible, E mais outro. A torcida
fica de pé, atônita. Garrincha invade a área, […] dribla os três. Um minuto de jogo. O estádio inteiro ri e aplaude com
entusiasmo. […] Garrincha está de
novo com a bola. Corre em ziguezague. Finge que vai, mas fica; finge que vai, e
vai, os soviéticos vão ficando estendidos no chão. Um a um. Didi lança Vavá. Gol do Brasil. […] O estádio explode em histeria. […] O relógio marca três minutos.»
«O treinador russo, ao ouvir falar que
Garrincha só driblava devastadoramente pela sua direita, decidiu colocar dois
ou mais zagueiros para fazer sua marcação, pois estava convencido de que ele
não seria capaz de fazer o que realmente fazia.» Porém, Dominique relembra
exatamente que «o primeiro drible que
Garrincha fez contra o zagueiro russo que veio em sua direção, foi para a esquerda,
para o desânimo completo e a surpresa de toda a equipe Soviética.»
Beaucant não
perdoa na sua narrativa e coloca o treinador soviético falando: «Ontem falei a vocês que Garrincha é um
jogador de um drible só, dispersivo e individualista. Estava enganado. Hoje ele
me provou que pode fazer coisas talvez impossíveis para outro jogador. Ele é
tão fantástico que fico me perguntando de que planeta teria vindo Garrincha.»
Em boa
verdade, a tal ‘jogada única’ que se atribuía a Garrincha era muito mais
complexa do que aparentava ser. Beaucant realça que são «as variações em torno da mesma jogada […] que o diferencia de todos os outros jogadores que já jogaram futebol e
que jogam até hoje.»
Apartamento de Dominique Beaucant
FENÔMENO
ACIMA DE TUDO E DE TODOS NO FUTEBOL
Ao contrário
de quem considera que 1958 foi a ‘Copa de Pelé’ – na verdade teve muito mais
Didi e Garrincha do que Pelé – Dominique socorre-se de Walter Durando (Nice,
France) que reconheceu ter Garrincha repetido «sua incrível performance na Copa do Mundo no Chile em 1962; Garrincha
ganhou duas copas do mundo para o Brasil»
«Pelé disse que provavelmente foi o gol mais
importante que marcou em sua carreira [1x0 contra o País de Gales, em
1958]. É importante notar que Garrincha
foi totalmente responsável por este gol, pois ele iniciou a jogada driblando
vários defensores e depois centrou a bola para Didi que passou para Pelé marcar.»
As
fotografias, acompanhadas por textos adequados, são de tão grande dimensão que
damos conosco dentro de campo jogando com Garrincha e driblando soviéticos,
ingleses, espanhóis, suecos, franceses, checoslovacos... Na verdade, as
fantásticas fotos obtidas por Dominique convocam-nos irreversivelmente para os
gramados da Suécia e do Chile.
O leitor
talvez esteja pensando que além dos dois fabulosos espetáculos havia mais
qualquer coisa a realçar. Pois…
«Garrincha literalmente destruiu o Flamengo
em um jogo épico que desafiou qualquer lógica em um 3x0, no que foi provavelmente
o seu melhor desempenho no Estádio do Maracanã, em 15 de Dezembro de 1962,
marcando três gols para sua equipe.»
Desse jogo o
autor conclui que Garrincha «jogava
futebol com o objetivo de proporcionar um espetáculo de beleza, de talento, de
show, que acabava se transformando em algo de hilariante.»
Ademais, Garrincha era um
gentleman, não tivesse sido ele o autor do fair-play no futebol jogando a bola para
fora do campo, para um tricolor ser atendido; depois Altair entrou na cena
cobrando o lateral e entregando a bola a Garrincha. Dominique Beaucant também
não se esquece disso e dá a palavra a Ladislau Novak, zagueiro checo: «Era um jogador imprevisível, a gente nunca
sabia o que ele ia fazer com a bola, e ele era limpo e correto. Dava até orgulho
tentar marcá-lo.»
O autor
realça ainda as melhores crônicas sobre Garrincha, as melhores frases, os
melhores poemas, os melhores comentários, as melhores capas de revista – alguns
comentários sobre Garrincha até eu desconhecia!
Na verdade,
o livro monumental que acaba de ser editado por Dominique Beaucant é um hino de
glória a Garrincha e ao futebol, especialmente ao futebol brasileiro das
décadas de 1950 e 1960, cuja única falha é a qualidade do texto. Efetivamente,
a tradução de inglês para português apresenta deficiências que, numa obra de
tão grande qualidade, ainda se evidencia mais. Não obstante, os textos são
inteiramente entendidos pelo leitor.
Fiquemo-nos
com as palavras de Beaucant e, em seguida, com as palavras de Nelson Rodrigues
citadas pelo autor:
«Até hoje, eu ainda não encontrei um livro
sobre futebol sem o nome de Garrincha ser mencionado pelo menos uma vez. Mesmo
que o livro em questão seja dedicado a outro jogador de futebol, Garrincha
seria citado. Seu nome será sempre reconhecido e admirado em todo o mundo como
um verdadeiro gênio que ele era e ninguém pode duvidar disso.» – Dominique
Beaucant.
«Os outros três campeões do mundo estavam lá
também. Mas Didi, Zagalo e Nilton Santos pertencem à miserável condição humana.
[…] Garrincha, não. Garrincha está acima
do bem e do mal. […] Garrincha não
pensa. Tudo nele se resolve pelo instinto, pelo jato puro e irresistível do
instinto. E, por isso mesmo, chega sempre antes, sempre na frente, porque
jamais o raciocínio do adversário terá a velocidade genial do seu instinto.»
– Nelson Rodrigues.
Aquisição do livro: Copade58BrasilCampeao@aim.com
(Dominique Beaucant)
2 comentários:
https://www.youtube.com/watch?v=2O_ZgIkbHFI
Viva!
Filme curto e muito profundo, Patrick. Nunca haverá ninguém como ele.
Abraços Gloriosos.
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