por Leandro Lainetti
8 de Setembro de 2014
O tal do
futebol moderno é feito para máquinas. Fala-se muito em força, físico, explosão
muscular, condicionamento físico, preparação. Por vezes, esquecemo-nos da
técnica, da arte, dos malabarismos com a bola, características intrínsecas ao
jogo. Tamanha preocupação com o físico, até necessária, dada a maratona de
partidas que os jogadores enfrentam durante o ano, parece estar transformando
os atletas quase em robôs.
Tem que ser
alto, forte, veloz, ter boa impulsão, ágil, resistente. Essa constante busca
pelo atleta perfeito acaba por transformar seres humanos em máquinas, não
somente na força, como também nas atitudes. Hoje, num cenário geral, os
jogadores são robozinhos controlados. Dos principais craques do mundo aos mais
pernetas, todos têm frases prontas para entrevistas e questionamentos.
Uns dançam
ao fazer gols, outros abraçam os companheiros. O título sempre vem acompanhado
de discursos recheados de Deus e rodas de oração, mesmo daqueles não
religiosos. Quando derrotados, pode haver um choro que, na maioria das vezes,
nem parece sincero. Isso quando simplesmente não tiram as camisas e saem de
campo apenas como se tivessem cumprido seu trabalho.
Ver Cristiano
Ronaldo ganhar o prêmio de melhor do mundo é ver uma máquina de futebol ser
premiada. Talvez nenhum outro jogador alie tanto a busca pela perfeição física
e técnica quanto o português. Mas, ao mesmo tempo, é ver também um ser humano,
repleto de emoções, vencer o pragmatismo do discurso pronto, das frases feitas,
dos gestos comuns.
Messi é o
mocinho. Fala – mesmo que quase nada – o que todos querem ouvir, foge de
polêmicas, não provoca ninguém. Ri pouco, enerva-se pouco, humaniza-se pouco. É
o perfeito robô. Messi, sem contar a genialidade em campo, não suscita reações.
Cristiano, não. Ou você gosta, ou você odeia. Não é propriamente um vilão, mas
se aproxima muito mais desta alcunha do que de ser um herói.
Ele olha
para a câmera, ajeita o cabelo, faz pose para bater faltas, sabe que é o centro
das atenções e gosta de mexer com isso. Tem a marra dos grandes craques, a
postura superior de quem realmente é um dos melhores naquilo que faz. Comemora
gols pedindo “calma, Camp Nou” ou “eu estou aqui, eu mando aqui”, situações que
agradam quem o ama, e que aumentam ainda mais o ódio de seus opositores.
Cristiano é
o jogador humano dentro e fora de campo. É quem chora por ganhar o prêmio, quem
afaga o filho, quem se emociona por causa da mãe. É o anti “estou feliz, estou
tranquilo”, mesmo sendo o melhor jogador do mundo. É o individualista que rouba
a cena, atrai os holofotes. Precisamos de mais jogadores como Cristiano
Ronaldo, Romário, Eric Cantona, Djalminha, Ibrahimovic. Bons dentro de campo, e
cheios de personalidade fora dele. E menos Messi, Kaká, Pato, Ronaldinho Gaúcho
e seus discursos ensaiados, frases feitas e declarações insossas.
Que
Cristiano Ronaldo ainda perdure por muitos anos no topo, pois estamos fartos
dos robôs certinhos.
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