quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

De avô para neto ou o ‘circo’ perdido nas brumas da memória… (3)

por PEDRO ARÊAS, 25/08/2014

Número 2: Josimar Higino Pereira, ou Josimar, sim, sim, ele mesmo, negão beiçudo que era uma comédia, amava os espetáculos noturnos mais que os diurnos ou vespertinos. E como admirava uma marvada e um perigoso talco branco pra passar no rosto, no nariz, etc. Fazia de moradia seu Escort XR3 conversível amarelo, endereço sem CEP fixo, como os caminhões circo, que invadem cidades pelo interior trazendo esperança. Colocou Carlos Alberto Torres no banco por conta de sua hilária e conturbada trajetória, era muito mais engraçado, fez dois gols antológicos em 1986. Estava sempre em noticiários esportivos ou não, sorridente ou não. Uma espécie de Antônio Carlos, ou Mussum. Fantástico!

Na zaga, equilibristas e domadores da maior qualidade, tinham a finalidade de desarmar outros artistas, mas o faziam de forma elegante e alegre, como Dedé Santana e Sargento Pincel. Números 3 e 4: Três, Sebastião Leônidas, ou Leônidas, um dos primeiros a fazer a linha de impedimento, inovação para sua época, zagueiraço! Classudo. Esteve no jogo em que a seleção brasileira, foi representada pela nossa trupe em 1968 e sapecou um 4 a 1 na Argentina. SELEFOGO. Apesar de toda melancolia contida nos tangos, deu para divertir brasileiros e até argentinos nesse dourado espetáculo. Fantástico!

Nosso quatro foi Mauro Geraldo Galvão, ou Mauro Galvão, se equilibrava em qualquer corda ou fita, e pela sua liderança natural, equilibrava o restante do elenco sem auxílio de varas de bambu, canos, madeiras ou porretes. Categoria, muita categoria em suas atuações. Fantástico! Número 5: Valdir Pereira, ou Didi. Um dos maiores e mais elegantes meio campistas da história. Quase perdeu a perna aos 14 anos por conta de uma infecção, imagina, que piada sem propósito, hein, destino? Palhaçada ao avesso. Mas sejamos justos, o destino amadureceu, tomou vergonha na cara e se recompôs, deu tempo ao menino, que pouco mais tarde criou a Folha Seca, técnica que consistia em bater na bola de forma diferenciada em cobranças de falta. Utilizava o lado externo do pé para fazer a pelota girar sobre si mesma, alterando sua trajetória natural. A bola ganhava altura e descaía de maneira ligeira próxima ao alvo, surpreendendo adversários. O efeito final era de uma folha caindo de uma árvore, alternando sua direção num vai e vem descompassado. Dentro da rede, claro! Tentaram copiá-lo, em vão. Houve um episódio clássico na final do mundial de 62, quando o Brasil levou, aos 15 minutos, um a zero da fria Tchecoslováquia. Segunda vez que o escrete brasileiro saía atrás do placar no torneio. Mas final é final. Desespero? Nada, pegou a bola dentro do gol e tranquilamente a conduziu ao círculo central caminhando vagarosamente.

Amarildo, o possesso, menino ainda, desesperado pediu pressa, gesticulou, e ele retrucou: calma garoto, nosso time continua sendo melhor que o deles. Olha em volta, você tá jogando no Botafogo, só mudou a cor da camiseta. Fica tranquilo que a gente já vira esse jogo. Final de partida: 3 a 1 Brasil. Inclusive com gol de Amarildo logo em seguida empatando a peleja. Segundo título mundial. Reclamou baixinho no fim da vida para parentes: meu sonho é ensinar meninos a fazer a Folha Seca, ninguém mais está fazendo isso. Infelizmente Didi, realmente não estão mais jogando folhas secas pelos gramados, e sim, esburacando-os com bombas, granadas, mísseis e dinamites. Foi uma espécie de Renato Aragão, nosso eterno Didi.

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