por PEDRO ARÊAS, 25/08/2014
Número 7: Bom, meu Neto, esse vou pular por enquanto, porque é
demasiado complexo te explicar que um 7 vale mais do que milhares de 10. Mas
calma, chegaremos lá.
Número 8: Gérson de Oliveira Nunes, ou Gérson. Canhotinha de Ouro,
fazia lançamentos de longas distâncias com precisões cirúrgicas, como o mágico que arremessa o homem bala dentro de seu alvo sem
titubear. Cadenciava o jogo como poucos, corria pouco e fazia a bola rodar com
qualidade. Jogava muito! Também chamado de Papagaio pelos amigos, porque dentro
de campo era uma espécie de técnico, falava pelos cotovelos o rapaz. E fumava
também o rapaz, e como fumava, inclusive nos intervalos dos shows. Fez uma
propaganda para uma marca de cigarros que lhe rendeu muita dor de cabeça. Uma
espécie de Carequinha. Fantástico!
Número 9: Túlio Humberto Pereira Costa, ou Túlio Maravilha. Um dos
mais engraçados palhaços deste planeta. Era para ser nosso 7, mas a
concorrência histórica é desleal. Esse caçoava dos adversários, mas caçoava
mesmo. Provocador. Irreverente. Sem papas na língua. Dizia que ia fazer um
número X de gols em uma partida e fazia, a bola batia em sua canela, em sua
mão, em seu peito, em seu joelho, na trave, no travessão e aos 44 do segundo
tempo cumpria a promessa. Que maravilha! Fez graça de todas as possíveis
formas. De pé direito, pé esquerdo, cabeça, ombro, coxa, canela, joelho,
calcanhar e bicicleta. Foi artilheiro do Brasil em três edições. Rodou o Brasil
fazendo à alegria das plateias, porque era desengonçado, desajeitado, mas metia
muito gol. Fez mais de mil piruetas em sua carreira, sem ligar se eram feias ou
bonitas, pura arte. Uma espécie de Arrelia.
Fantástico! Número 10: Heleno de Freitas, craque! Advogado formado
na UFRJ, boêmio toda vida, mulherengo, brigão, lutador, raçudo, galã de novela,
Gilda. Gilda, apelido dado pelos amigos do Clube dos Cafajestes fazendo
analogia à atriz norte-americana Rita Hayworth por conta de seu temperamento e
fisionomia no filme homônimo. Jogava tanto quanto arrumava confusões, era manchete
de jornal tanto pelas atuações em seus espetáculos quanto pelas incursões pelas
madrugadas. Atacante finalizador, 209 gols em 235 partidas pelo Botafogo e 19
gols em 18 jogos pela seleção brasileira, tá bom ou quer mais? Uma espécie de Pierrot Elitizado. Fantástico!
Número 11: Jair Ventura Filho, ou Jairzinho. Furacão da Copa de
70. Furacão?!... Porque bagunçou times adversários, devastou telhados, arrancou
árvores, entortou alicerces, envergou colunas, abalou sólidas estruturas,
desarrumou palácios. Fez gol em todos os sete jogos do mundial até levantar a taça.
Único na história. Único. Era para ser nosso 7, mas a concorrência histórica é
desleal. Chegou ao nosso Glorioso na Era de Ouro, foi gandula nos treinos dos
profissionais, viu desfilar alguns craques que estou a citar neste texto.
Prestou bastante atenção. E aprendeu. Aprendeu bem. Intrometeu-se aos poucos
nos profissionais e foi um dos melhores de todos os tempos. Brincava com sua
explosão, era o próprio homem bala. Gérson lançava e ele concluía o número com maestria. Fantástico!
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