por
AURIEL DE ALMEIDA
Investigador
esportivo
especialmente
para o Mundo Botafogo
Entre
1977 e 1978 o Glorioso conquistou mais um recorde nacional, ao permanecer
invicto por 52 jogos. A série começou em 21 de Setembro de 1977 […] e só terminou em 20 de Julho de 1978, na
derrota para o Grêmio de um iluminado Renato Sá, autor de dois dos três gols
gaúchos na partida.
No
mesmo ano em que o Botafogo estabeleceu a marca, outro clube iniciou uma série
invicta – o Flamengo. Por meses o esquadrão de Zico, Adílio, Júnior e
Rondinelli não soube o que era perder, e conseguiu igualar o feito Alvinegro. E
justamente contra o Bota […] os
rubro-negros poderiam derrubar o recorde – bastava um empata para o Fla
estabelecer sua 53ª partida sem derrota. Mas não foi uma coincidência. […]
O
recorde do Glorioso foi conquistado de forma bem mais difícil. […] Contou com nada menos do que 42 partidas do
concorrido campeonato brasileiro. Já a marca do Flamengo foi construída em cima
de 33 jogos de competição estadual e 19 amistosos, sem partidas no torneio
nacional. […]
A
quantidade exagerada de amistosos do rubronegro se devia à sanha
[…] em quebrar o recorde. Muitos desses
jogos foram de qualidade duvidosa, como o combinado “armado às pressas”,
palavras do “Jornal do Brasil”, por ABC, Alecrim e América, de Natal. E
calculando para que a 53ª partida fosse justamente contra o Botafogo, pelo
campeonato estadual, o que engrandeceria ainda mais o feito, o Flamengo chegou
a jogar tais amistosos dia sim, dia não.
Se
a intenção era mesmo quebrar o recorde nacional de invencibilidade, os
rubro-negros deveriam ter escolhido outro adversário.
Quando
Borrachinha foi anunciado na escalação do Botafogo, a um dia do jogo, a
confiança dos rubro-negros triplicou, e os Alvinegros jogaram a toalha.
Borrachinha era apenas o terceiro goleiro do Botafogo.
[…] O ataque também ganhava um importante
desfalque. […]
O
Maracanã recebeu um público gigantesco – mais de 139 mil pessoas – e a festa
estava preparada para o Flamengo. Antes do apito inicial os jogadores do
rubro-negro foram presenteados com medalhas comemorativas pelo recorde de
invencibilidade. […]
Mas
a comemoração não durou muito. Logo aos dois minutos de jogo Renato Sá – o
mesmo que. Jogando pelo Grêmio, derrubou a marca Alvinegra – aplicou um lindo
chapéu e chutou com categoria: […] 1 a 0 para o Botafogo.
Foi
então que a improvável estrela de Borrachinha começou a brilhar.
[…] O goleiro reserva fechou o gol. Como
na espalmada espetacular em chute de Cláudio Adão, que bateu na bola a três
passos da pequena área. […] Ou
cortando um cruzamento açucarado de Reinaldo. […]
A
bola espirrou para Zico, que na entrada da área acertou um de seus belos
chutes, com endereço certo no ângulo direito do gol. Borrachinha, fazendo jus
ao apelido, conseguiu se esticar todo e mandar a redonda para fora.
[…]
O
Flamengo quase empatou com Zico, […] mas Borrachinha conseguiu triscar a bola com aponta dos dedos. […]
Fim
do jogo e muita festa pelo recorde mantido.
[Auriel de Almeida narra os momentos mais importantes da
partida e faz destaques e curiosidades sobre Renato Sá, Borrachinha e Mendonça.]
Nota do MUNDO BOTAFOGO: Recentemente Zico reconheceu que
tinha raiva do Botafogo, confirmando toda a inferioridade que os flamenguistas
sentem junto de botafoguenses. Mas… como não ter raiva de um Clube que fez
bailar o Flamengo na década de 1960? Que o goleou por 6x0 no dia do seu
aniversário? Que lhe travou o recorde de invencibilidade arranjado à boa
maneira flamenguista com amistosos comprados? Que o impediu por duas vezes de
alcançar o tetracampeonato carioca e igualar-nos em sequência de títulos? Que
foi sobre os flamenguistas que o Botafogo conquistou o campeonato carioca que
quebrou o jejum de 21 anos sem o título máximo estadual? Que se não fossem as
arbitragens muitos outros desgostos teriam tido com o Glorioso?
Excerto autorizado pelo autor. In: ALMEIDA, A. (2012). Jogos Memoráveis do Botafogo. Rio de Janeiro: ed. iVentura, pp. 139
a 142 (à venda nas livrarias Travessa e Saraiva ou no portal www.iventura.com.br)
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