terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Fragmentos ‘jogos memoráveis do botafogo’: porque Zico tem raiva do Botafogo [23]

por AURIEL DE ALMEIDA
Investigador esportivo
especialmente para o Mundo Botafogo

Entre 1977 e 1978 o Glorioso conquistou mais um recorde nacional, ao permanecer invicto por 52 jogos. A série começou em 21 de Setembro de 1977 […] e só terminou em 20 de Julho de 1978, na derrota para o Grêmio de um iluminado Renato Sá, autor de dois dos três gols gaúchos na partida.

No mesmo ano em que o Botafogo estabeleceu a marca, outro clube iniciou uma série invicta – o Flamengo. Por meses o esquadrão de Zico, Adílio, Júnior e Rondinelli não soube o que era perder, e conseguiu igualar o feito Alvinegro. E justamente contra o Bota […] os rubro-negros poderiam derrubar o recorde – bastava um empata para o Fla estabelecer sua 53ª partida sem derrota. Mas não foi uma coincidência. […]

O recorde do Glorioso foi conquistado de forma bem mais difícil. […] Contou com nada menos do que 42 partidas do concorrido campeonato brasileiro. Já a marca do Flamengo foi construída em cima de 33 jogos de competição estadual e 19 amistosos, sem partidas no torneio nacional. […]

A quantidade exagerada de amistosos do rubronegro se devia à sanha […] em quebrar o recorde. Muitos desses jogos foram de qualidade duvidosa, como o combinado “armado às pressas”, palavras do “Jornal do Brasil”, por ABC, Alecrim e América, de Natal. E calculando para que a 53ª partida fosse justamente contra o Botafogo, pelo campeonato estadual, o que engrandeceria ainda mais o feito, o Flamengo chegou a jogar tais amistosos dia sim, dia não.

Se a intenção era mesmo quebrar o recorde nacional de invencibilidade, os rubro-negros deveriam ter escolhido outro adversário.

Quando Borrachinha foi anunciado na escalação do Botafogo, a um dia do jogo, a confiança dos rubro-negros triplicou, e os Alvinegros jogaram a toalha. Borrachinha era apenas o terceiro goleiro do Botafogo. […] O ataque também ganhava um importante desfalque. […]

O Maracanã recebeu um público gigantesco – mais de 139 mil pessoas – e a festa estava preparada para o Flamengo. Antes do apito inicial os jogadores do rubro-negro foram presenteados com medalhas comemorativas pelo recorde de invencibilidade. […]

Mas a comemoração não durou muito. Logo aos dois minutos de jogo Renato Sá – o mesmo que. Jogando pelo Grêmio, derrubou a marca Alvinegra – aplicou um lindo chapéu e chutou com categoria: […] 1 a 0 para o Botafogo.

Foi então que a improvável estrela de Borrachinha começou a brilhar. […] O goleiro reserva fechou o gol. Como na espalmada espetacular em chute de Cláudio Adão, que bateu na bola a três passos da pequena área. […] Ou cortando um cruzamento açucarado de Reinaldo. […]

A bola espirrou para Zico, que na entrada da área acertou um de seus belos chutes, com endereço certo no ângulo direito do gol. Borrachinha, fazendo jus ao apelido, conseguiu se esticar todo e mandar a redonda para fora. […]

O Flamengo quase empatou com Zico, […] mas Borrachinha conseguiu triscar a bola com aponta dos dedos. […]

Fim do jogo e muita festa pelo recorde mantido.

[Auriel de Almeida narra os momentos mais importantes da partida e faz destaques e curiosidades sobre Renato Sá, Borrachinha e Mendonça.]

Nota do MUNDO BOTAFOGO: Recentemente Zico reconheceu que tinha raiva do Botafogo, confirmando toda a inferioridade que os flamenguistas sentem junto de botafoguenses. Mas… como não ter raiva de um Clube que fez bailar o Flamengo na década de 1960? Que o goleou por 6x0 no dia do seu aniversário? Que lhe travou o recorde de invencibilidade arranjado à boa maneira flamenguista com amistosos comprados? Que o impediu por duas vezes de alcançar o tetracampeonato carioca e igualar-nos em sequência de títulos? Que foi sobre os flamenguistas que o Botafogo conquistou o campeonato carioca que quebrou o jejum de 21 anos sem o título máximo estadual? Que se não fossem as arbitragens muitos outros desgostos teriam tido com o Glorioso?

Excerto autorizado pelo autor. In: ALMEIDA, A. (2012). Jogos Memoráveis do Botafogo. Rio de Janeiro: ed. iVentura, pp. 139 a 142 (à venda nas livrarias Travessa e Saraiva ou no portal www.iventura.com.br)

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