sexta-feira, 15 de julho de 2016

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1961-1965’: Manga acusado em tempos de insídia [7]

por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

Na noite de quinta-feira [em 1961], Paulo Amaral se reuniu com a Diretoria para informar que recebera denúncias contra Manga. (…)

Na manhã de segunda-feira, Manga recebeu o repórter Geraldo Escobar (Última Hora), a quem expôs toda a revolta (…):

“Seu Paulo me chamou particularmente. Levou-me para a sala do presidente e trancou a porta. Tinha um revólver sobre a mesa. Olhei aquilo e fiquei espantado. Seu Paulo entrou direto no assunto e perguntou porque eu me vendi ao América. Queria que eu confessasse. (…) Tinha recebido denúncias de que eu me havia vendido por 300 mil cruzeiros ao América. Disse que eu fora visto por dois detetives apanhando dinheiro de um diretor do América.” (…)

“Olhei sério para ele e revoltei-me dizendo [que] eu não sou disso. (…) se eu precisasse de dinheiro, pediria ao Clube, que sempre me atendeu. (…) O senhor Seu Paulo, não pode estar acreditando numa numa estória fantástica desta.” (…)

“Seu Paulo disse que o melhor era eu pedir rescisão de contrato. (…) Não aceitei a imposição. (…) Seu Paulo acreditou em mim. (…)”

Mas houve uma reviravolta: “No sábado, às 9 horas da manhã, Seu Paulo me chamou e disse que eu estava dispensado, que podia ir embora da concentração. (…) Fui a meus companheiros e contei tudo. (…) Meus companheiros ficaram revoltados e (…) muitos me disseram que também já foram vítimas de graves e torpes acusações. Admito que o Clube não me queira mais como jogador (…) Mas não posso concordar que me dispensem como ‘vendido’.”

O presidente do América, Álvaro Bragança reagiu com violência. (…)

Manga agiu como um homem de caráter, de moral, de bem. O Botafogo reconheceu isso. (…)

Na quarta-feira, João Saldanha escreveu em sua coluna “Contra-Ataque” (Última Hora): “Peço por escrito, Dr. Paulo Azeredo – o senhor mesmo, que nunca acreditou nessas coisas – peça por escrito e encaminhe ao Distrito Policial do bairro. Mas não permita mais que o clube seja veículo de infâmias, e muito menos se transforme em tribunal de inquisição”.

[Nota do editor do Mundo Botafogo: Manga, excelente goleiro, de vez em quando tomava ‘frangos’ monumentais; à época muitos atletas eram comprados pelos adversários, tendo alguém aproveitou uma má atuação do goleiro para desestabilizar o Clube.]

Fonte do excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor: Rio de Janeiro, pp. 19-21. 

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