por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do
Botafogo de Futebol e Regatas
Na noite de quinta-feira [em 1961], Paulo Amaral se reuniu com a Diretoria para informar que recebera
denúncias contra Manga. (…)
Na manhã de segunda-feira, Manga
recebeu o repórter Geraldo Escobar (Última Hora), a quem expôs toda a revolta (…):
“Seu Paulo me chamou
particularmente. Levou-me para a sala do presidente e trancou a porta. Tinha um
revólver sobre a mesa. Olhei aquilo e fiquei espantado. Seu Paulo entrou direto
no assunto e perguntou porque eu me vendi ao América. Queria que eu
confessasse. (…) Tinha recebido denúncias de que eu me havia
vendido por 300 mil cruzeiros ao América. Disse que eu fora visto por dois
detetives apanhando dinheiro de um diretor do América.” (…)
“Olhei sério para ele e
revoltei-me dizendo [que] eu não sou disso. (…) se eu precisasse de dinheiro, pediria ao
Clube, que sempre me atendeu. (…) O senhor Seu Paulo, não pode estar
acreditando numa numa estória fantástica desta.” (…)
“Seu Paulo disse que o melhor era
eu pedir rescisão de contrato. (…) Não aceitei a
imposição. (…) Seu Paulo acreditou em
mim. (…)”
Mas houve uma reviravolta: “No
sábado, às 9 horas da manhã, Seu Paulo me chamou e disse que eu estava
dispensado, que podia ir embora da concentração. (…) Fui a meus companheiros e contei tudo. (…) Meus companheiros ficaram revoltados e (…) muitos me disseram que também já foram vítimas de graves e torpes
acusações. Admito que o Clube não me queira mais como jogador (…) Mas não posso concordar que me dispensem
como ‘vendido’.”
O presidente do América, Álvaro
Bragança reagiu com violência. (…)
Manga agiu como um homem de
caráter, de moral, de bem. O Botafogo reconheceu isso. (…)
Na quarta-feira, João Saldanha
escreveu em sua coluna “Contra-Ataque” (Última Hora): “Peço por escrito, Dr.
Paulo Azeredo – o senhor mesmo, que nunca acreditou nessas coisas – peça por
escrito e encaminhe ao Distrito Policial do bairro. Mas não permita mais que o
clube seja veículo de infâmias, e muito menos se transforme em tribunal de
inquisição”.
[Nota do
editor do Mundo Botafogo: Manga, excelente goleiro, de vez em quando tomava
‘frangos’ monumentais; à época muitos atletas eram comprados pelos adversários,
tendo alguém aproveitou uma má atuação do goleiro para desestabilizar o Clube.]
Fonte do
excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O
Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor: Rio de Janeiro, pp. 19-21.
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