segunda-feira, 25 de julho de 2016

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1961-1965’: temporal no futebol e na política… [9]

por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

No início da noite de quarta-feira desabou um temporal, provocando enchentes em toda a Guanabara, causando mortes, ferimentos e grandes prejuízos materiais. Por isso, o Botafogo pediu adiamento aos dirigentes do Palmeiras. Os gaiatos responderam que só concordariam se o jogo fosse disputado na terça-feira. (…) Ora, eles sabiam que Niltton Santos, Didi, Quarentinha e Zagalo teria de se apresentar à CBD na noite de segunda-feira. O juiz paulista Anacleto Pietrobom abriu mão da sua autoridade, curvou-se aos interesses palmeirenses e liberou o campo. (…)

O gramado virou um pântano, inseguro, impraticável. Os jogadores foram a campo decidir na base da raça, sem tática, protagonizando cenas circenses. (…)

Só a partir dos 15 minutos o Botafogo adapta-se ao jogo aquático. (…) Na fase final, a chuva diminui. (…) Devido ao terreno, a bola perde velocidade, foge do caminho das malhas e vai raspando a trave. No vestiário, Paulo Amaral não se conformou com o 0x0. (…)

Felizmente, Didi e Quarentinha participaram no coletivo de sexta-feira, garantindo presença na rodada final. Já Nilton Santos, sentindo dor no joelho, foi afastado.

Na política, o momento também era de decisão. (…) Jânio dera os primeiros passos na direção de uma política externa independente. (…) Ele e Arturo Frondizi (presidente argentino) defenderam que os problemas no hemisfério sul deviam ser resolvidos sem interferência de “fatores extracontinentais” (…) e com respeito ao princípio “de autodeterminação dos povos, assegurando uma efetiva soberania das Nações”. Os EUA decretaram a liquidação de ambos. No caso de Jânio, serão incumbidos da tarefa a ala extremista da UDN (Lacerda) e o partido político-militar vinculado ao imperialismo (a Cruzada Democrática).

No mesmo dia, o Vasco perdeu (Palmeiras 1x0) no Pacaembu e afastou-se do páreo. No domingo, na capital bandeirante, o Botafogo bateu o Santos com facilidade, graças ao exuberante retorno de Didi e Quarentinha e à arte genial de Garrincha, autor de um baile particular em Getúlio.

Fonte do excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor: Rio de Janeiro, pp. 25-26.

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