por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do
Botafogo de Futebol e Regatas
No início da noite de
quarta-feira desabou um temporal, provocando enchentes em toda a Guanabara,
causando mortes, ferimentos e grandes prejuízos materiais. Por isso, o Botafogo
pediu adiamento aos dirigentes do Palmeiras. Os gaiatos responderam que só concordariam
se o jogo fosse disputado na terça-feira. (…) Ora,
eles sabiam que Niltton Santos, Didi, Quarentinha e Zagalo teria de se apresentar
à CBD na noite de segunda-feira. O juiz paulista Anacleto Pietrobom abriu mão
da sua autoridade, curvou-se aos interesses palmeirenses e liberou o campo.
(…)
O gramado virou um pântano,
inseguro, impraticável. Os jogadores foram a campo decidir na base da raça, sem
tática, protagonizando cenas circenses. (…)
Só a partir dos 15 minutos o
Botafogo adapta-se ao jogo aquático. (…) Na fase final, a chuva
diminui. (…) Devido ao terreno, a
bola perde velocidade, foge do caminho das malhas e vai raspando a trave. No
vestiário, Paulo Amaral não se conformou com o 0x0. (…)
Felizmente, Didi e Quarentinha
participaram no coletivo de sexta-feira, garantindo presença na rodada final.
Já Nilton Santos, sentindo dor no joelho, foi afastado.
Na política, o momento também era
de decisão. (…) Jânio dera os primeiros passos na direção de
uma política externa independente. (…) Ele
e Arturo Frondizi (presidente argentino) defenderam que os problemas no
hemisfério sul deviam ser resolvidos sem interferência de “fatores
extracontinentais” (…) e com respeito
ao princípio “de autodeterminação dos povos, assegurando uma efetiva soberania
das Nações”. Os EUA decretaram a liquidação de ambos. No caso de Jânio, serão
incumbidos da tarefa a ala extremista da UDN (Lacerda) e o partido
político-militar vinculado ao imperialismo (a Cruzada Democrática).
No mesmo dia, o Vasco perdeu
(Palmeiras 1x0) no Pacaembu e afastou-se do páreo. No domingo, na capital
bandeirante, o Botafogo bateu o Santos com facilidade, graças ao exuberante
retorno de Didi e Quarentinha e à arte genial de Garrincha, autor de um baile
particular em Getúlio.
Fonte do
excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O
Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor: Rio de Janeiro, pp. 25-26.
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