por LÚCIA SENNA
Escritora e cantora
[Escrito para o blogue Mundo Botafogo]
Rede é uma das grandes invenções da
humanidade. Eu mesma não passo sem uma! A minha já fica atada direto na
varandinha do quarto. Ela é a minha musa inspiradora!
Quando chego em casa, cansada da lida da
vida, ela me recebe de uma forma tão especial, tão aconchegante, que me torno
presa fácil da sua sedução.
Dentro dela, tudo, absolutamente tudo,
fica mais fácil. Problemas insolúveis desaparecem em um passe de mágica. Dentro
dela equaciono toda a minha vida.
Não há nada que eu não resolva dentro de
uma rede. Minha memória fica mais viva, mais esperta, fazendo que eu relembre fatos
há muito esquecidos, esmaecidos, desbotados pelo tempo.
Nas noites quentes de verão ela é
simplesmente adorável. Uma companheira e tanto! Embalo-me bem alto e sinto-me
feliz qual criança em parque de diversão.
Não existe nada mais refrescante que uma
rede. Rede mata sede. Aliás, rede mata várias sedes: sede de aconchego, sede de
liberdade, sede de intimidade... É isso! Intimidade.
Se rede fosse música seria Bossa Nova –
uma redinha e um violão, uma dupla mais que perfeita!
Na rede embalo meus sonhos, minhas
alegrias, minhas loucas fantasias. Dentro da rede sou princesa, rainha,
fada-madrinha, uso roupas de cetim, sou a Marilyn, uso roupas de couro, sou a
dona do ouro, sou Madonna, sou mandona, sou gatinha, sou vilã ou mocinha, sou
perua, sou cantora, sou cigarra, tenho garra... E agarrada às fantasias, perco
a hora. E agora?
Rede, que delícia! És pura preguiça.
Tens um balanço malemolente, sensual, que mexe com a gente. És
deliciosamente imoral, pois preguiça é pecado capital.
Rede, fiel companheira, do dia, da tarde,
da noite, no sono, na insônia, na tristeza e na alegria, na saúde e na doença,
amiga, irmã... Digo e repito em alto e bom tom: tu és tudo de bom!
Rede que te quero verde, que te quero
azul, que te quero branca ou cru, que te quero com varandas ou sem, que te
quero sempre armada, rede amada, sem ti, a vida não vale quase nada.
Rede, como te quero!
Texto: LÚCIA SENNA; Imagens: (a) Lúcia
Senna e (b) Derby F óleo sobre tela, ambas captadas por FERNANDO MOURA PEIXOTO.
32 comentários:
"Caiu na rede é peixe", diz o ditado. E todos nós caímos nesta rede estendida por Lúcia Senna no MB. Sua mais nova crônica é leve, ágil, bem humorada e relaxante. Como certamente afirmaria um amigo literato, muito econômico em seus comentários: "Excelente..."
Gostei muito, que delícia de crônica!
Pode se dizer, rede o lado bom da vida.
Lúcia,
Li sua crônica e mais uma vez fico encantada com sua graciosa forma de
escrever. Mais do que ninguém conheço a relação entre vocês ( a rede e você).
Sei o quanto há de verdade nessa crônica. Você deve ter uma centena delas, não?
Mas o melhor de tudo é que você tem um bom lugar para atar uma rede, pois uma
boa rede precisa de um lugar apropriado.
Bjs
Eunice Oliveira
Show de bola, Lúcia
Pronto assim, rebati de primeira, curti, confirmei e comentei.
Estás de Parabéns, por letras docemente abençoadas.
A rede no mar , espere peixes grandes
Bjs do mais novo admirador
Abilio Fernandes
Em um serão em Bruxelas puxei das crônicas de Lúcia publicadas no Mundo Botafogo e li-as. Uma delícia!... Beijos admirativos.
Oi, meu amigo
Te aconselho a adquirir uma. É um dos melhores relaxantes que conheço.
E o melhor de tudo : não tem contraindicações. É deitar e ...sonhar!
Obrigada pelo carinho,
bjs
Oi, Bete
Viver é bom demais... Cair dentro de uma rede, quando o tempo nos permite é
maravilhoso. O embalo da rede nos acalma como se fosse colo quentinho
de mãe - que , infelizmente não temos mais.
Gostei de te encontrar aqui no MB. Que tenhamos muitos outros encontros!
Bjs,
Eunice querida,
É verdade! Sabes muito bem a importância de uma redinha na minha vida.
Não posso me imaginar sem uma por perto. Como eu, tens também algumas armadas
na varanda. Certamente nossas raízes indígenas não nos deixam fugir delas.
Bjs, amiga
Obrigada pelo comentário
Bom mesmo é jogar a rede e pescar amigos como você.
Você, que tem um jeito maneiro de levar a vida, que tem " jogo de cintura",
que é escritor, poeta e muito mais... aposto que curte um bom livro,
acompanhado de uma cervejinha gelada, jogado dentro de uma redinha armada
na melhor varanda da cobertura. Que delícia! Esse cenário me faz lembrar a
música de Gonzaguinha : ' Viver e não ter a vergonha de ser feliz..." É a sua cara!
Adorei teu criativo e bem- humorado comentário.
Bjs da mais recente fã
Lucia
Lindo texto!!Adorável!E nesse balanço caí na rede...Rede que embalou meu coração.
bjsss
Carmem Cardoso
Volta e meio entro por aqui para ler algumas coisas que me agradam e me seduz.
Mas pela segunda vez sou surpreendido por essa elegante Lúcia Senna que parece ter o dom e a magia entre os seus sentimentos, mente que remete para as pontas dos dedos para nos presentear com algo aparentemente simples mas rico de vida e vivência, harmonia e alegra, energia e sentimentos...
Algo fabuloso a forma que você Lúcia transporta sua visão de vida, sentimentos para uma "REDE". MAGNÍFICO !!!
Me fez sentir falta de algo quando descreve que sua "Rede, fiel companheira, do dia, da tarde, da noite, no sono, na insônia, na tristeza e na alegria, na saúde e na doença, amiga, irmã... Digo e repito em alto e bom tom: tu és tudo de bom!
Me imaginei no balanço das horas e da rede na fiel companheira que deve ser a rede balançando e exercitando nossas idéias e arrumando a verdadeira bagunça de sentimentos que a vida faz em nossas cabeças.
Fabulosa forma de traduzir seus sentimentos, visão de objetos se integrando e fazendo parte de sua vida como uma "companheira e amiga".
É a segunda vez que leio seu texto e começo a ver que serás a "RAINHA DO MUNDO BOTAFOGO" sem a menor dúvida.
Com mais textos assim, fará seu reinado de encantos e excelência de admiradores.
PARABÉNS e ansioso, aguardo o próximo texto.
Minha querida amiga de infância,sim eu sei de muitas vezes chegar na sua casa e encontrá-la derreada ali na rede. E ali trocamos todas as confidências, vivemos nossa adolescência e fomos felizes. Adorei a crônica tão você, vibrante e cheia de vida! Assim posso ver seus olhos graúdos cheios de redes que nos acolhem e nos pescam deixando-nos embevecidos. Um beijão minha querida!
Adorei essa cronica. Fiquei com muita vontade de experimentar também
as delícias de uma rede.
Parabéns
Quanta honra, Ruy! Tenho que te confessar que fiquei, além de surpresa
bastante emocionada e feliz com o comentário. Um dia, ainda hei de te presentear
com uma linda rede, listrada de branco e preto. Que tal?
Carinhosamente,
Nós que moramos em um país tropical, sabemos muito bem o quanto uma rede
é necessária nas nossas vidas. Dentro dela enfrentamos melhor os dias quentes
de verão - que por aqui, chegam a registrar até mais de 40 graus à sombra.
Bom saber que também acabaste seduzida pelo balanço da rede.
Estou te esperando para, juntas, continuarmos curtindo através do blogue, o delicioso balanço da vida.
Obrigada,
bjs
Veroca,
Amigas de infância são sempre muito especiais. E tu, querida amiga, és uma delas.
Saiba que a nossa amizade me é muito cara. Crescemos juntas e juntas vivemos o melhor de nossas juventudes. A rede sempre fez parte do nosso cenário e foi cúmplice de muitos dos nossos segredos. Amigas que caem na rede, ficam unidas
para sempre. Ando com saudades tuas. E não te esqueças: lá em casa terá sempre uma
rede armada te esperando e um cafezinho coado na hora.
Um beijo e todo o meu carinho,
O texto embala, amacia as amarras, nos conduz ao delicioso balanço da
memória, a histórias, à paz. Gostei, Lúcia. Parabéns!
MARIA INÊS GALVÃO
Ah... listrada de preto e branco, sim, e autografada pela fantástica cronista em bordado no topo! (rsrsrs) Beijos, querida Lúcia.
Mais uma vez observo certa cadência na prosa de Lúcia Senna, recurso poético que a autora administra muito bem na prosa... :)
Maria Inês, querida
Teu comentário é poesia pura. Se a gramática me permitisse, colocaria em
cada palavra de agradecimento uma porção de pontos de exclamação. Mas
aprendi contigo que eles tem lugar determinado e que não existem para
serem usados a toda hora. Ainda assim, te peço licença, mas o momento é muito especial!!!! Sinta-se coberta de exclamações!!!! Reticências ? Nenhuma !!!!!!!!!
Linda poesia disfarçada de comentário!!!!!
Beijos
Meu Deus! Não sei o que dizer...Se pudesses me ver agora, perceberias
meu ar de felicidade, pois não é qualquer coisa receber um elogio tão
fantástico de alguém tão admirável chamado RUY MOURA. Admirável, sim!
Tens um blogue que é um MUNDO, mundo esse que administras com maestria.
Neste nosso mundo tão conturbado e confuso, teu ( nosso) MUNDO BOTAFOGO,
é o mundo que deu certo. Sucesso absoluto! Parabéns!
Beijos, querido Ruy.
Liberada, sem usares estratagemas,
Única, na maneira de rimar na prosa,
Crônicas, fazes sobre os mais diversos temas,
Insere-os, bem, em nossa mente que os dosa,
Assimila e passa vê-los formosas gemas...
Mais ainda sobre este, rede, onde ganhas:
A languidez no teu caráter amazônico;
Raro entusiasmo, contagiante, crônico;
Insinuante ser cheio de truques, manhas;
As teias fatais das perigosas aranhas...
Sendo assim, é fácil que, o leitor, captures
E conquistes com talentos latentes, tais
Naus românticas, ventos nas velas cantando;
Não se vê cronista assim aqui ou algures,
Aventuras, das mais arriscadas, capaz...
Crônicas de se degustar, saboreando
O prazer que tiveste ao escrever, ali,
Suave, sensual, sereno, em paz e brando,
Tendo saudades, lembranças, até de ti,
Aas vezes sem limites, sem horas ou quando!
Sérgio Sampaio, um poetinha por encomenda
das emoções sentidas...
www.umpoetinha.com.br
Difícil não ficar emocionada com um comentário tão rico e complexo.
Fizeste uma ótima análise dos efeitos que uma rede produz, até mesmo
no nosso lado psicológico. Acertaste em cheio quando dizes que o balanço
da rede é capaz de " arrumar a verdadeira bagunça de sentimentos que a vida
faz em nossas cabeças". É isso mesmo. Não é à toa que as mães embalam seus
bebês para que durmam serenos e tranquilos.
Não pude deixar de rir com o título de " Rainha do Mundo Botafogo ".
És muito gentil e fico imensamente lisonjeada por ter " pescado" um leitor
tão sensível e delicado.
Gratificante DEMAIS, saber que a minha rede balançou teus sentimentos a ponto
de escreveres uma verdadeira crônica em resposta á minha.
Um grande abraço,
Olá, querido leitor ( leitora?)
Acho que deves mesmo experimentar. Tenho certeza que irás adorar.
Obrigada pela participação.
Um abraço
S érgio, Embora não tenha o teu talento,
E m resposta, um acróstico, tento.
R egistrando aqui o meu encantamento:
G uloseimas, em forma de versos, me ofereces.
I magens poéticas, de cores quentes, embaladas pra presentes.
O brigada, poeta! Toda a minha admiração, bem mereces!
Beijos querida. É mesmo muito preciosa sua amizade!
Teus comentários me enchem de entusiasmo. Especializada , que és, em Literatura
Brasileira com mestrado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua
Portuguesa, além de poeta, contista, crítica literária - não posso deixar de ressaltar o quanto me honras com teus elogios.
Teu livro " Minas de Mim" continua me fazendo companhia. Algumas poesias já
até sei de cor: "... Me farei gota e deslizarei pelo teu corpo, como sonhei..."
Lindo, lindo, lindo!
Que venham outros, muitos outros, querida amiga.
Bjs,
Ludicidade que expressas nas crônicas, passas,
Úmidas lágrimas, muitas vezes, nos provocas...
Coração do desprevenido leitor, enlaças,
Indicando, provéns do Norte, das pororocas,
Amazona, perigosa, lutadora e forte!
Característica, tens: alta auto-estima;
O desafiante semblante mostra bem isso:
Serena ou bravia, dás-te, a ti mesma, suporte!
Trono que usas: a rede, que contigo afina,
A cobrar aos que te cercam, senso, compromisso...
Sérgio Sampaio - www.umpoetinha.com.br
Não mereces minhas pobres rimas e meus versos sem métrica.
Assim sendo, me abstenho de te responder com outro acróstico.
Digo então, que teus versos me tocam o coração.
Tens total domínio das palavras. Controla-as de tal forma, tornando-as macias,
dóceis e encaixáveis. Admirável o teu talento para os acrósticos. És das palavras, o acrobata. Eis o meu diagnóstico.
Obrigada, poeta
Com muito carinho,
Lúcia,
Que texto singelo e delicioso como um embalo de uma rede.
Bjs
Graça Nascimento
Seu texto me deu saudades da minha rede da varanda que ainda hoje, ao veres meus ganchos na parede solitários, me perguntastes se eu tinha!
Chego a sentir, lendo suas palavras, o balanço gostoso , o ventinho no rosto, a vontade de cantarolar.
Obrigada por me transportar para este lugar!
Beijos
Cristina Nemer
Que lindo tia/cumádi querida! Texto articulado que nos faz viajar no tempo e no vento e no balançar da rede tão querida... parabéns pelas crônicas!! beijos com carinho, sobrinha Ju e Cumádi Lourdes
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