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jornal Notícias
"As pessoas queriam unir-se em volta de uma
pessoa que impressionou ao longo de todo o processo e impressionou a vários
níveis de serviço." – Samantha
Powell, embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas, sobre a
eleição de António Guterres para Secretário-Geral da Organização das Nações
Unidas.
O
mundo está de parabéns porque António Guterres era, de longe, o candidato mais
bem preparado para o exercício do cargo, tal como vem sendo reconhecido em todo
o mundo desde o início das rondas para escolha do Secretário-Geral da ONU,
assim como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) também está
particularmente de parabéns por esta vitória que, certamente, será decisiva
para o crescimento vigoroso da língua portuguesa em todo o mundo e dos países
que a falam.
Na
qualidade de chefe do governo português a sua primeira visita internacional foi
significativamente ao Brasil, em 1995, e recentemente sinalizou ser favorável a
que o Brasil passe a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em
2001, Guterres assinou o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre
Portugal e o Brasil que estabeleceu a igualdade de direitos políticos entre
cidadãos dos dois países.
Eu
tive a honrar de desempenhar o cargo de Assessor do Gabinete do
Primeiro-Ministro Português António Guterres, que liderou o Governo entre 1995
e 2002, no âmbito dos assuntos económicos e sociais da Presidência Portuguesa
da União Europeia e do Programa Nacional Integrado de Apoio à Inovação, tendo
sido agraciado com louvor público em ambas as ocasiões.
Guterres na
qualidade de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados
Imagem:
Rebecca Blackwell / AP
António
Guterres, cuja campanha eleitoral, quando venceu as eleições pela primeira vez
para chefiar o Governo, se baseou no lema ‘razão e coração’, manteve sempre, ao
longo dos anos, a razão e o coração lado a lado, sempre ligado à causa pública,
social e política. Brilhante orador e homem de ação, possui uma mente rara, sendo
a pessoa mais inteligente que conheci e que acaba de ser indigitado e aclamado Secretário-Geral
da Organização das Nações Unidas, no dia em que os portugueses comemoram 106 anos da Implantação da República, após
vencer seis rondas informais e obter finalmente o apoio dos cinco membros do
Conselho de Segurança [América (EU), China, França, Reino Unido e Rússia],
registrando 13 votos a favor, 2 abstenções e nenhum voto contra.
Mónica
Ferro, especialista em organizações internacionais lembra que "esta vitória significa uma vitória dos
valores e ideais sobre as teorias mais realistas", conseguindo assim a
ONU "o objetivo de reabilitar as
Nações Unidas aos olhos do mundo".
Vitaly Churkin, embaixador russo presidente da Assembleia
Geral da ONU: "Senhoras e senhores,
estão a testemunhar uma cena histórica. Nunca foi feito desta forma. Este foi
um processo de seleção muito importante. Temos um favorito claro e o seu nome é
António Guterres. Decidimos avançar para um voto formal amanhã de manhã e
esperamos fazê-lo por aclamação."
Pela
primeira vez a ONU nomeia um Secretário-Geral com transparência de uma consulta
pública e democrática que permitiu a vitória de uma candidatura exemplarmente
conduzida, independente de hipotecas políticas, um homem com autonomia de
pensamento, defensor dos direitos humanos e dos direitos dos refugiados, e que,
segundo Raul Vaz (in Negócios), “num
mundo formatado pela ganância, trava e trama essa lógica que desfaz a lógica do
que tem de ser, vencendo por mérito próprio contra lógicas de muros que caíram
mas dividem, contragolpes de lobbies que alimentam uma ganância qualificada.”
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jornal Folha de São Paulo
O
Presidente da República Portuguesa, membro de um partido de centro-direita,
nomeou recentemente o socialista António Guterres para seu Conselheiro de
Estado e considera-o como “o mais
brilhante da minha geração”.
António
Guterres nasceu em Lisboa há 67 anos, formou-se
em engenharia com 19 valores (equivalente a 9,5 na escala brasileira), desenvolveu
uma liderança democrática e de busca de consensos e compromissos, em forte defesa dos direitos humanos, tendo
sido capaz de manter a coerência socialista numa matriz de inspiração
social-democrata europeia, equilibrada com um catolicismo de grandes causas
sociais que venceu o tabu religioso do seu partido e que, na qualidade de Alto Comissário da ONU para os
Refugiados, conhece o lado mais difícil do mundo vivido por milhões de
refugiados. Em simultâneo, Guterres, humanista genuíno, pôs o ‘coração’ ao lado
dos mais sofredores e a ‘razão’ ao serviço da gestão eficaz mais
de 7 mil colaboradores em 126 países e
potencializou a Agência de apoio aos refugiados fazendo mais com menos recursos
durante dez anos.
Foi
António Guterres, enquanto primeiro-ministro, em 1999, que conduziu o processo
diplomático de libertação de Timor-Leste do jugo da Indonésia e da guerra civil
que durou 24 anos,
conseguindo mudar o posicionamento de Bill Clinton e, em duas semanas, o novo
país, antiga colônia portuguesa, seguiu o caminho da paz e da independência.
Ontem como hoje, Guterres coloca-se ao serviço do bem comum, disposto “a servir os mais vulneráveis”, evitar a
guerra e buscar a paz segundo princípios, valores e convicções guiados pela
utopia de vivermos num mundo melhor.
Imagem:
jornal O Globo
Guterres
foi, entre outros cargos, Presidente da Comissão Parlamentar de
Demografia, Migrações e Refugiados da Assembleia Parlamentar do Conselho da
Europa (1983), fundou o Conselho Português para os Refugiados (1991), dirigiu
o Partido Socialista entre 1992 e 2002, presidiu à Internacional Socialista
entre 1995 e 2000, foi Primeiro-Ministro entre 1995 e 2002 (XIII e XIV Governos
Constitucionais), exerceu o cargo de Alto Comissário
das Nações Unidas para os Refugiados entre 2005 e 2015 e agora foi eleito
Secretário-Geral das Nações Unidas, o cargo mais ambicionado pelos políticos de
todo o mundo.
Sucedendo
a um desastroso Secretário-Geral para o qual só existiam problemas insolúveis e
problemas resolvidos pelo tempo, e de outros que quiseram mandar na América e
na Rússia, obviamente não o conseguindo porque não se manda nos países,
Guterres tem pela frente a missão de gerir a ‘missão mais impossível do
planeta’ com uma agenda dramática num mundo à deriva: conflito
na Ucrânia e beligerância russa; Israel, Palestina e mundo árabe; guerra civil
na Síria; acordo do Clima, biodiversidade e pobreza; metade dos 21 milhões de
refugiados em dez países; manter imparcialidade e gerir antagonismos; a
igualdade e o ‘argumento mulher’; conflitos congelados e o papel da ONU;
reformar a ONU; a desnuclearização e a volátil Coreia do Norte.
António
Guterres possui 16 condecorações de 14 países: Portugal (2), Brasil (2),
Bélgica, Cabo Verde, Chile, França, Grécia, Itália, Japão, México, Polônia,
Tunísia, Ucrânia e Uruguai.
No Brasil foi
condecorado com o Grande-Colar da Ordem de Mérito do Grão-Pará (2002) e com a Grã-Cruz
da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul (1996). A Ordem do Cruzeiro do Sul é a mais alta condecoração
brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros.
Pesquisa
de Rui Moura (editor do blogue Mundo Botafogo)
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