por JOSÉ
RICARDO CALDAS E ALMEIDA
Colaborador
do Mundo Botafogo e Pesquisador de futebol
Héctor Papetti nasceu em Rosário, na Argentina, em 8 de junho de
1914.
Começou a jogar futebol num clube sem maiores projeções,
defendendo as cores do Intermedio Atlético de Calçada. Ainda muito jovem foi para
o Newell's Old Boys, também de Rosário. Depois ingressou no Provincial F. C. e
lá ficou até 1938.
Quando os clubes de Buenos Aires começaram a fazer grandes ofertas
para contratarem as jovens promessas do interior, Papetti achou que era a hora
certa para deixar sua cidade natal.
Foi aí que surgiu o Gimnasia y Esgrima com uma proposta tentadora
e o levou. Jogou apenas duas partidas em 1938, o suficiente para perceber que o
clube não tratava bem seus profissionais e resolveu voltar para Rosário.
Estava inclinado a abandonar a carreira de jogador de futebol
quando ficou sabendo que fôra vendido ao Platense. Como acontecera no Gimnasia
y Esgrima, também no Platense Papetti teve muitos desgostos. Em todo caso,
conseguiu resistir um ano, revezando nas atuações entre a primeira e a segunda
divisões. De repente, contundiu-se e foi dado como incapacitado para o futebol.
Entretanto surgiu um convite do Esporte Clube Bahia para ir jogar
em Salvador. Carlos Wildberger, tricolor fanático, rico, assumiu a presidência
do clube em 1940 e pelo Bahia fez de tudo, inclusive sendo o responsável por contratar
um trio estrangeiro que viria a fazer sucesso no clube e formou a linha média
de ficaria famosa na história do futebol baiano: Papetti, Bianchi e Avalle.
No dia 6 de abril de 1940, Papetti e Avalle (que era italiano)
desembarcavam em Salvador, vindos de Buenos Aires (Dante Bianchi viria logo
depois).
No dia 14 de abril, Papetti treinou pela primeira vez no Esporte
Clube Bahia. Estreou uma semana depois, a 21 de abril, em jogo amistoso contra
o Ypiranga, no campo da Graça, com vitória de 2x0. O Bahia formou com Maia
(Menezes), Bahiano e Pitangueiras; Papetti, Alheiros e Avalle; Luiz Viana
(Dedé), Tintas, Vareta, Capi e Zé Lago.
De forma oficial, estreou num BA-VI (Bahia x Vitória), pelo 1º
turno do Campeonato Baiano de 1940, com empate em 1x1.
Como a situação de estrangeiro ainda não estava legalizada, no dia
23 de outubro de 1940 Papetti foi preso pelo Serviço de Estrangeiros, ficando
incomunicável. Foi posto em liberdade 15 dias depois.
O Bahia foi campeão invicto em 1940. No ano seguinte, o Bahia
chegou a ganhar o Torneio Início, mas, sem que esperassem, o clube quase foi à
falência e, com isso, acabou sendo despejado de sua sede, na avenida Princesa
Isabel, por falta de pagamento dos aluguéis. Os troféus foram levados para a
casa de Mário Sandes e os atletas instalados numa pensão à Ladeira do São
Bento.
Curiosamente, em 1940, jogou uma partida pelo rival Vitória, em
amistoso contra a Seleção Baiana que se preparava para o Campeonato Brasileiro
daquela temporada.
Mesmo com toda essa crise, o Bahia disputou o campeonato baiano de
1941, chegando na segunda colocação.
Em 1º de fevereiro de 1942, em jogo válido pelo 2º turno do
campeonato baiano de 1941, empate em 2x2 com o Ypiranga, Papetti disputaria sua
última partida pelo tricolor baiano, tomando a decisão de retornar para a
Argentina.
No Bahia, Papetti disputou 62 jogos, marcando dois gols.
De volta para a Argentina, Papetti resolveu descer no Rio de
Janeiro, para conhecê-lo melhor. Quando estava num café, ficou conhecendo Abel
Picabéa, argentino que era o treinador do São Cristóvão, que, entre uma
conversa e outra, convidou-o a aparecer em Figueira de Mello. Foi, e quando lá
chegou só encontrou vaga no time reserva, onde foi testado numa posição em que
ainda não havia atuado e logo se transformou na atração do treino, fazendo com
que Picabéa o passasse para o time titular.
A convite de Papetti, também apareceu no São Cristóvão Dante
Bianchi, a quem igualmente foi dada uma oportunidade, fazendo com que Papetti
passasse a jogar de center-half e
Bianchi de ‘asa médio’, inverso do que acontecera no Bahia.
De forma oficiosa, Papetti estreou no São Cristóvão no amistoso
contra o América, em Campos Salles, no dia 31 de março de 1942, com derrota de
3x2. Oficialmente, fez seu primeiro jogo no clube no dia 3 de maio de 1942, em
jogo válido pelo Campeonato Carioca desse ano, com vitória de 4x0 sobre o Canto
do Rio. A formação do São Cristóvão foi a seguinte: Oncinha, Augusto e
Mundinho; Papetti, Dodô e Castanheira; Santo Cristo, Salim, Alfredo, Nestor e
Magalhães.
O desconhecido Papetti transformou-se na grande revelação do
campeonato carioca. Nem o badalado argentino Spinelli, do Fluminense, logrou
suplantá-lo no primeiro ano de atuação no São Cristóvão.
Como sempre fazia, assinou contrato de um ano e com passe livre.
Estava muito bem no São Cristóvão, a quem considerava uma família, e foi
campeão do Torneio Municipal de 1943, mas suas boas atuações passaram a
despertar o interesse de outros clubes do Rio de Janeiro, e até de São Paulo.
Nos anos de 1942 e 1943, o São Cristóvão chegou a disputar o
título com os favoritos. Foi quarto classificado em 1942 e terceiro em 1943,
três pontos atrás do campeão Flamengo e um do vice-campeão Fluminense.
Quando perguntado, disse: “Em deixando o São Cristóvão, um só
clube me entusiasma para vestir sua camisa. Este clube é o Botafogo!”
Depois de participar de uma excursão do São Cristóvão ao
Norte/Nordeste do Brasil (de 26.12.1943 a 05.03.1944), Papetti se apresentou ao
Botafogo, com o reconhecimento por parte da maioria dos críticos como o melhor center-half do campeonato carioca de
1943.
No Botafogo a estreia de Papetti aconteceu no dia 15 de abril de
1944, em jogo válido pelo Torneio Municipal, no estádio das Laranjeiras, com
goleada de 6x0 sobre o Bangu. O Botafogo formou com Ary, Laranjeira e Lusitano;
Zarcy, Papetti e Santamaria; Renê, Geninho, Heleno de Freitas, Limoeirinho e
Walter Fazzoni. Técnico: Martim Silveira.
Não conquistou títulos com o Botafogo. Disputou um total de 47
jogos, sem marcar gols. Sua última partida com a camisa do Botafogo foi em 18
de agosto de 1946, na Gávea, com empate em 2x2 com o Flamengo, válido pelo
Campeonato Carioca desse ano. O Botafogo atuou com Ary, Gerson dos Santos e
Sarno; Ivan, Papetti e Nilton Senra; Nilo, Tovar, Heleno de Freitas, Geninho e
Braguinha. Técnico: Martim Silveira.
No começo de 1947 se apresentaria ao América, de Belo Horizonte (MG),
iniciando as atividades como treinador, ocupando ao mesmo tempo o centro da
linha média do clube mineiro. Sua estreia, como treinador, aconteceu em 2 de fevereiro
de 1947, no amistoso contra o Sete de Setembro (2x2), no campo da Alameda.
Em 24 de agosto de 1947, em Divinópolis-MG, o América venceu o
Ferroviário local, por 4x2, com Papetti formando na linha média ao lado de Luiz
e Negrinhão.
Retornou para a Argentina, onde foi treinador de futebol, tendo
dirigido, entre outros, o C. A. Sarmiento, em 1968.
Fotos: O Globo Sportivo e Sport Ilustrado.
Fontes: Bahêa na História; História do Campeonato Carioca
1906-1976, de Júlio Bovi Diogo e Rodolfo Pedro Stella Junior; Jornal dos Sports;
O Canto do Coelho; O Globo Sportivo; Sport Ilustrado.
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