segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Lulu Rocha: tricampeão botafoguense nos primórdios do futebol

Da esquerda para a direita: fila detrás – Pullen, Coggin e Dinorah; fila do meio – Rolando, Lulu Rocha e Lefevre; fila da frente - Emmanuel, Abelardo, Décio, Mimi e Lauro. Crédito: Alceu Mendes de Oliveira Castro (1951): O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro, Gráfica Milone.

 

por ANGELO ANTONIO SERAPHINI & RUY MOURA

Colaborador do Mundo Botafogo & Editor do Mundo Botafogo

 

Luiz Martins da Rocha, o ‘Lulu Rocha’, nasceu no Rio de Janeiro, em 1º de agosto de 1889, e faleceu na mesma cidade em 1977, tendo defendido as cores do Botafogo Football Club como médio-direito e centro-médio entre 1906 e 1916.

 

Lulu era irmão do histórico Carlos Martins Rocha – o ‘Carlito Rocha’ –, de Pedro Martins Rocha, de José Martins Rocha e de Luís Martins Rocha, todos jogadores do Botafogo entre 1904 e 1919, que mais tarde foram dirigentes do Clube.

 

Foi casado com Dona Dercylia Machado da Rocha, teve dois filhos – um médico e outro advogado – e um casal de netos.

 

Lulu começou por jogar no Rio FC, quando cursava ‘humanidade’ no Colégio Alfredo Gomes, e em 1906 estreou na equipe de Segundos Quadros do Botafogo FC, tendo disputado apenas um jogo e ascendido imediatamente ao escalão principal. Nos primeiros tempos Lulu atuou como médio-direito, mas em 1908 passou a centro-médio.

 

Ele era alto, forte e utilizava bem os dois pés nos lançamentos de elevada técnica que efetuava para os atacantes, além de possuir qualidades de comando e de desportista. Participou praticamente em todos os jogos internacionais que se realizaram durante o período da sua carreira e sagrou-se campeão estadual pelo Botafogo em 1907, 1910 e 1912. Marcou 16 gols em 83 jogos pelo Glorioso.

 

Entre 1909 e 1916, ano em que encerrou a carreira de futebolista, Lulu esteve sempre presente nas convocatórias da Seleção Carioca e algumas convocatórias da Seleção Brasileira. Praticou também outros desportos, com destaque para o remo, tendo vencido, entre outras provas, dois grandes clássicos: o clássico ‘Sul América’, em 1909, e o clássico ‘Joaquim Botânico’, em 1910.

 

Em entrevista de 1957, Lulu Rocha revelou o ambiente futebolístico da época:

 

– “O convívio fraternal dos defensores botafoguenses tinha qualquer coisa de exemplar e grandioso. O futebol daquela época era praticado com cavalheirismo e lealdade. Nenhum jogador teria coragem de fazer acintosamente um hand e muito menos um faul. Era um aborrecimento bater o adversário desfalcado. Um goal de penalty empanava o brilho da vitória. A rivalidade entre os clubes não prejudicava a boa camaradagem, o espírito, a graça de suas relações.”

 

Confessou, ainda, que a sua maior alegria foi “quando pela vez primeira, em 1907, vencemos o Fluminense, […] por quatro a dois.” E que a segunda recordação mais grata foi “a aclamação, em 1910, pelo público de São Paulo, ao terminar a partida que disputamos com a Associação Atlética das Palmeiras, que, por cinco anos consecutivos, mantinha o título de campeão paulista, e que o Botafogo vencera por sete a dois”. Finalmente, a sua maior tristeza “foi quando o Botafogo, campeão de 1910 e líder do certame de 1911, viu-se forçado a abandonar a Liga”.

 

Lulu destacou, como jogadores que mais admirou no seu tempo, Belfort Duarte, Mimi Sodré, Abelardo de Lamare, Victor Etchegaray, Nery, Welfare, Sidney, Luiz Menezes, Flávio Ramos, Pullen, Norman Hime e, acima de todos, Antônio Luiz Werneck, seu mestre. Já depois de ter encerrado a carreira de futebolista apreciou principalmente Nilo, Paulinho, Carvalho Leite, Domingos, Riva, Leite de Castro, Alemão, Martim e Victor.

 

Fez parte das Comissões Técnicas do Botafogo nos anos de 1914, 1915, 1921 e 1924 e foi-lhe atribuído o título de Sócio Benemérito do Clube em 25 de novembro de 1915.


Lulu formou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1911, exercendo a profissão de advogado e desempenhando altas funções no Contencioso da Prefeitura do Rio de Janeiro, que à época era Distrito Federal.

Fontes: Boletim do Botafogo de Futebol e Regatas (1957); Datafogo; Mundo Botafogo; Wikipédia.

2 comentários:

JANJÃO disse...

A rica história do glorioso como deve ser mostrada e reverenciada. Parabens meu querido irmão botafoguense

Ruy Moura disse...

Janjão e editor do Mundo Botafogo sempre na missão de divulgação de tudo o que se refere a BOTAFOGO! Obrigado por tudo, Grande Irmão!

Abraço Glorioso, Angelo!

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