por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
Prosseguindo a
viagem de férias com a Camisa Gloriosa, apresenta-se um local pitoresco da
cidade de Bragança, portador de miniaturas da região, do país e do mundo (foto
acima e as duas seguintes):
Historicamente a área do atual concelho de Bragança era já uma povoação
importante durante a ocupação romana. Durante algum tempo teve a designação de ‘Juliobriga’
dada a ‘Brigantia’ pelo imperador Augusto em homenagem a seu tio Júlio
César.
Destruída durante as guerras entre cristãos e mouros, encontrava-se em território pertencente ao mosteiro beneditino de Castro de Avelãs quando a adquiriu, por troca, em 1139, D. Fernando Mendes, cunhado de D. Afonso Henriques.
Reconstruída no lugar de Benquerença, D. Sancho
I concedeu-lhe foral em 1187 e libertou-a em 1199 do cerco que
lhe impusera Afonso IX de Leão, pondo-lhe então definitivamente o nome de
Bragança.
A região de
Bragança possui um patrimônio imaterial imenso no que respeita a contos, lendas
e romances. Na linha das foto-reportagens anteriores eis um poema paradoxal romanceado
de ‘O Conde preso’:
Preso vai o conde, preso, preso vai,
arreatado,
não vai preso por ladrão nem por homens ter
matado.
Vai por desonrar uma donzela no caminho do
Santiago,
não bondou de zombar dela que ainda lha deu ao
criado.
Donzela, como discreta, ao rei lhe fez um
queixado.
O rei
lhe deu um conselho que nenhum outro lhe dava.
– Ou hás de casar com ela ou hás de morrer degolado.
– Antes quero morrer mil vezes que viver
envergonhado.
Enterrai-me naquele poulo, donde o rei faz o
mercado,
deixai-me a cabeça fora e o cabelo entrançado,
que digam os passageiros: – Deus te salve,
malogrado!
Não morreste por ladrão nem por homens ter
matado,
morreste do mal de amor, não há mal tão
desgraçado.
/
Fonte do poema:
J. J. Dias Marques & Ana Sirgado (2019). Romances Tradicionais do Distrito de Bragança. Lisboa: Instituto de
Estudos de Literatura e Tradição.
Créditos das fotos: Editor do Mundo
Botafogo.
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