domingo, 2 de janeiro de 2022

Férias 2021: Passeando a Camisa Gloriosa (VI)

Rio Douro em Peso da Régua. Crédito: Editor do Mundo Botafogo.

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

O Museu do Douro, em Pesoa da Régua, conta a história das vinhas e do vinho e possui zonas destinadas a artefactos regionais e a exposições de artistas. Peso da Régua é a Capital Internacional da Vinha e do Vinho. A origem do seu estranho nome é inconclusiva até hoje, havendo várias hipóteses possíveis.

O nome da cidade nasceu da fusão, no século XVIII, das aldeias de Peso e da Régua. A primeira era a mais importante, mas entretanto foi criada a Companhia das Vinhas do Alto Douro e a Régua começou a crescer e a desenvolver-se, tornando-se mais importante – ao ponto de atualmente ser mais vulgar a expressão Régua em vez de Peso da Régua.

Museu do Douro, em Peso da Régua. Crédito: Editor do Mundo Botafogo.

A origem da designação de ‘Peso’ deriva de ter sido o local onde as mercadorias eram pesadas e os impostos eram cobrados. A origem da designação ‘Régua’ aponta várias hipóteses: (a) a Régua terá sido habitada durante as invasões romanas e bárbaras, dando origem ao nome de Vila Régula; (b) terá derivado de ‘récua’, devido aos ajuntamentos de récuas (grupos de animais de carga) ou cavalgaduras (animais de sela) que passavam o rio Douro; (c) terá derivado de ‘reguengo’, designação atribuída às terras dos Reis; (d) terá derivado de ‘Régoa’, que se refere a uma ‘Regra’ de direito de herança de ascendentes ou conferido a descendentes, através de um foral, baseando-se em doação de terras.

Barco típico do Douro, ágil, destemido e fugidio. Crédito: Editor do Mundo Botafogo.

Eis o Douro em traços largos segundo a obra “Douro – Guia Turístico da Natureza”, coordenação de Samuel Tapada e textos de Alberto Tapada (2012):

O Douro é uma grande marca, económica, turística e cultural, no País e no Mundo, ostentando uma justa visibilidade e notoriedade, graças aos seus produtos emblemáticos e aos seus recursos primários, assentes na paisagem, na natureza, nos vinhos, no rio e seus afluentes, na sua história e patrimónios da Humanidade de que é fiel depositário e, na segurança, no bem-estar e na tranquilidade que propicia.

Artesanato produzido exclusivamente com matérias da região. Crédito: Editor do Mundo Botafogo.

A LENDA ‘EU SOU O DOURO, O RIO QUE TODAS AS ÁGUAS BEBO!’

Tudo o que no Mundo é grande começa em lenda. E o Douro, fadado pelas divindades da criação, teve e tem uma origem, uma missão e um destino. E é de facto lendário!

Dizia-se que a curiosidade lhe acentuou a vontade de ver o mar distante, pois, ainda infante, perguntava às nuvens cansadas da serra de Urbion, donde vinham e como era esse lugar misterioso e nessa busca tornou-se caminheiro. Mas dado à preguiça, ora adormecia, ora vagueava pelas planícies de Castela, enquanto os seus irmãos (Tejo e Guadiana) já entravam em Portugal.

Artesanato produzido exclusivamente com matérias da região. Crédito: Editor do Mundo Botafogo.

Aflora-lhe então o mau feitio e a vontade de chegar primeiro. A fúria evidencia o seu carácter tempestuoso abrindo o seu caminho por entre as montanhas que, antes da fronteira, lhe barravam o caminho. Lança-se então como um louco, em precipícios, em cachões e em quedas vertiginosas, descrevendo um itinerário épico na rocha dura, afirmando-se como verdadeiro rio de montanha, como tão bem descreveu Guerra Junqueiro:

‘Fez-se moço e grande pelas serras brutas,

As águias pairam, onde o roble medra,

E onde os fragaredos bárbaros, como grutas,

Se encastelam crespos, infernais, em lutas,

Tal como tormentas de trovões de pedra’

Exposição da artista Armanda Passos. Crédito: Editor do Mundo Botafogo.

Desde Miranda até Barca D'Alva, antes de encontrar os xistos onde o leito se abre em busca do deslumbramento, [são] 210 pontos difíceis e saltos do rio que o tornavam imprevisível. Um ‘rio de mau navegar’, ao qual os homens se adaptaram, bastando para isso um barco ágil, destemido e fugidio. Juntos escreveriam uma história de gigantes.”

Segundo a obra “Património Imaterial do Douro – narrações Orais”, de Alexandre Parafita (2007), Fundação do Museu do Douro, a região de Peso da Régua tem mutas lendas, entre as quais se narra a seguinte:

Exposição da artista Armanda Passos. Crédito: Editor do Mundo Botafogo.

O CASTIGO DO SAPATEIRO

Ao lado do cabeço das Três Covinhas, há um outro a que o povo chama o Cabeço do Sapateiro.

Diziam-nos os antigos que lá dentro estava um sapateiro sempre a bater a sola, dia e noite, de castigo, porque, enquanto vivo, não ia à missa ao Domingo, preferindo ficar a trabalhar.

Então nós íamos lá encostar o ouvido ao cabeço para o ouvirmos bater na sola dos sapatos.

Mas quando dávamos conta, havia também alguém que nos dava com a cabeça na fraga. Ainda hoje quando passo ali, recordo as marradas que me deram.

Mas atualmente já só lá existe metade do cabeço, pois o proprietário precisou da pedra e cortou-o.

Uma pena. Já as crianças hoje não podem ter aquela ilusão do sapateiro lá dentro a bater a sola.”

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