por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
Quem pesquisa sempre encontra…
O Mundo Botafogo, pioneiro da pesquisa sistemática e profunda sobre o Botafogo, desde os primórdios do Grupo de Regatas Botafogo de 1891 até hoje, catalogou todos os livros, filmes, esculturas e outros artefactos produzidos relativamente ao largo espectro da Cultura Botafoguense.
Porém, há sempre algo que escapa. Encontrei agora uma peça de Teatro, produzida em França, tendo Garrincha como personagem principal, esperando que seja uma novidade para a maioria dos leitores do Mundo Botafogo, e em especial para as camadas mais jovens de torcedores.
Trata-se de um monólogo em homenagem ao bicampeão do mundo, que estreou no Teatro Odéon, em Paris, no dia 10 de janeiro de 2001, da autoria de Serge Valletti e com interpretação de Eric Elmosnino.
A peça conta as glórias e os fracassos de Garrincha, conhecido internacionalmente pelo seu talento futebolístico e por possuir as pernas tortas, tal como o ator que o interpreta devido a um acidente de moto. Eric ficou muito comovido quando, em 1998, leu em L’Equipe que Garrincha, pouco antes de morrer, pediu ao seu grande amigo Nilton Santos para ambos vestirem a camisola do Botafogo e irem treinar – e então solicitou a Serge Valetti para escrever uma peça sobre o “artista que jogava sorrindo e fazia o estádio inteiro cair na gargalhada com os seus dribles e assuas piruetas”.
No portal ‘Le Footichiste’ o leitor encontra texto e vídeo sobre a peça, que aqui se reproduz em francês acompanhado da respectiva tradução e endereços do vídeo na Internet.
Em Francês:
THEATRE – La pièce “Monsieur Armand dit Garrincha” de Serge Valletti (2001) rend hommage à l’un des plus prodigieux footballeurs de l’histoire.
Un jour, Monsieur Armand a rencontré Manoel Francisco dos Santos, dit Garrincha. Il ajoute même que si le joueur brésilien a connu cette immense carrière, c’est grâce à lui. Ancien junior de l’Olympique Marseille, Monsieur Armand dit aussi qu’il avait un tel shoot qu’il a brisé les poignets d’un gardien de but. On se sait pas trop s’il dit vrai, Monsieur Armand, mais il raconte ses souvenirs avec tant de conviction, d’humour et de poésie que c’est finalement plus beau de le croire.
La pièce “Monsieur Armand, dit Garrincha” est née dans l’esprit du comédien Éric Elmosnino. Celui-ci lit dans L’Equipe un article sur le joueur brésilien, et s’émeut de la triste histoire de l’idole de tout un peuple morte à 49 ans dans l’alcool et la misère. Le comédien est particulièrement frappé par le passage où juste avant de mourir, le joueur demande à un de ses amis de l’emmener jouer au foot une dernière fois, comme quand ils étaient petits.
Éric Elmosnino évoque donc Garrincha avec Patrick Pineau, un metteur en scène, qui en parle à l’auteur Serge Valletti. Ce dernier donc écrit une pièce sur Garrincha. Il s’inspire d’un de ses oncles, obscur ancien footballeur qui contait comme personne ses exploits passés. Depuis longtemps Valletti rêvait de faire de cet oncle un personnage de théâtre. Il écrit donc “Monsieur Armand dit Garrincha” une pièce à rôle unique, lequel a été confié à… Éric Elmosnino. Celui-ci recevra le Grand prix du Syndicat de la Critique en 2001.
Em Português:
TEATRO - A peça de Serge Valletti "Monsieur Armand dit Garrincha" (2001) presta homenagem a um dos futebolistas mais prodigiosos da história.
Um dia, Monsieur Armand conheceu Manoel Francisco dos Santos, vulgo Garrincha. Acrescenta mesmo que se o jogador brasileiro teve uma carreira tão grande, é graças a ele. Um antigo júnior do Olympique de Marselha, Monsieur Armand, diz também que teve um remate tal que partiu os pulsos de um guarda-redes. Não sabemos se ele está a dizer a verdade, Monsieur Armand, mas ele conta as suas memórias com tanta convicção, humor e poesia que, em última análise, é mais bonito acreditar nele.
A peça "Monsieur Armand, dit Garrincha" nasceu na mente do ator Éric Elmosnino. Ele leu um artigo na L'Equipe sobre o jogador brasileiro e ficou comovido com a triste história do ídolo de um povo inteiro que morreu aos 49 anos de idade em alcoolismo e miséria. O ator fica particularmente impressionado com a passagem onde, pouco antes de morrer, o jogador pede a um dos seus amigos para o levar a jogar futebol uma última vez, tal como quando eram crianças.
Éric Elmosnino discute Garrincha com Patrick Pineau, um director, que fala com o autor Serge Valletti. Valletti escreveu então uma peça de teatro sobre Garrincha. Ele foi inspirado por um dos seus tios, um obscuro ex-jogador de futebol que contou as suas façanhas passadas como nenhum outro. Durante muito tempo Valletti tinha sonhado em fazer deste tio uma personagem no teatro. Assim escreveu "Monsieur Armand dit Garrincha", uma peça de teatro com um único papel, que foi dado a... Éric Elmosnino. Este último recebeu o Grand Prix du Syndicat de la Critique em 2001.
Endereços de texto e vídeo em francês:
https://www.dailymotion.com/video/xa25tw
2 comentários:
Sensacional! Realmente uma das grandes qualidades do Garrincha é que jogava de forma lúdica, razão de ser chamado de "Alegria do Povo". Jogava sem maldade de humilhar os adversários, porque futebol para ele era um brinquedo, essa é a visão que tenho do maior ponta direita que conheço.
Outro ponto interessante é a projeção mundial que o Botafogo e número de literatura a respeito do clube e de muitos de seus grandes craques. Isso é muito importante, pois mostra o tamanho do nosso Botafogo. Abs e SB!
É verdade, Sergio. O número de obras internacionais de natureza cultural relacionadas ao Botafogo são de monta, e isso revela o que já fomos. E que voltaremos a ser!
Abraços Gloriosos.
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