por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Na mitologia grega, Pigmalião foi um rei da ilha de Chipre que, segundo Ovídio – poeta romano contemporâneo de Augusto –, também era escultor e ter-se-á apaixonado por uma estátua que esculpira, à qual deu o nome de Galathea, quando buscava reproduzir a sua ‘mulher ideal’, visto ter optado pelo celibato devido à sua insatisfação com o comportamento libertino das mulheres da região de Amatonte, conhecidas como cortesãs.
Entretanto, surge em cena a Deusa Afrodite – cuja lenda grega afirma o seu nascimento em território cipriota – que ter-se-á erguido do mar em algum lugar entre as atuais Paphos e Limassol e dirigido à ‘Petra Tou Romiou’, agora designada por ‘Rocha de Afrodite’.
Na versão mais famosa narrada por Hesíodo, Afrodite surgiu por meio de uma castração, em que Cronos teria decepado os órgãos genitais do seu pai Urano e os havia arremessado ao mar. A espuma que emergiu da queda dos genitais, que alguns autores consideram ser esperma, fecundara Tálassa, personificação do mar, e dessa espuma nasceu Afrodite, que flutuou até às margens sobre uma concha de vieira. A imagem de ‘Afrodite erguendo-se das águas do mar’ é uma das representações mais icônicas da Deusa, celebrizada pela pintura de Apeles.
Comemorada por alguns autores como ‘filha do Mar’, conta-se, também, que outros autores afirmam que foi arrebatada pelo Céu, em grande pompa, pelas Deusas Horas, e que pela sua extrema beleza todos os Deuses queriam desposá-la. Porém, foi Vulcano que a recebeu, em virtude da sua façanha de ter forjado os raios que permitiram a Júpiter combater os Gigantes que se queriam apoderar do Céu. Mas o marido de Afrodite era de uma fealdade tão grande que ela entregou-se à vida dissoluta e teve muitos amantes, entre os quais Marte, de quem concebeu Cupido.
Sendo a Deusa do Amor, da Beleza e da Sexualidade na
antiga religião grega, e responsável por perpetuar a vida, o prazer e a alegria,
Afrodite sentiu compaixão de Pigmalião e foi em busca da mulher ideal para ele,
mas não encontrou nenhuma outra que se aproximasse sequer da que Pigmalião
esculpira, em beleza e em pudor, pelo que, então, transformou a estátua
Galathea numa mulher de ‘carne e osso’, com quem Pigmalião casou e que dela
teve uma filha, chamada Paphos, dando o nome à atual região de Paphos.
O mito traduz-se pela capacidade humana de determinar o
rumo de cada um, concretizando planos e representações particulares ou
coletivas. É por esta razão que em psicologia se atribui a designação de
‘Efeito de Pigmalião’ às nossas percepções e expectativas que agem com a
realidade numa certa forma de realinhamento dessa realidade às expectativas que
dela temos.
Seja como for, Afrodite cumpriu os seus ‘poderes divinos’
devolvendo a Pigmalião o prazer e a alegria de viver ao lado da sua mulher
ideal.
2 comentários:
Mais uma aula sobre mitologia do Mundo Botafogo, excelente e obrigado. Muito interessante os locais visitados por você,vê que bela camisa. Abs e SB!
Sempre fui apaixonado por lendas e mitos. Quando era jovem escrevia poesia, contos e histórias de lendas e mitos da Grécia, do Egito, de Roma e da Escandinávia. Era uma diversão cultural espetacular!
Tenho várias camisas, mas esta foi uma oferta especial da nossa amada Lúcia Senna, cronista do blogue. É linda!
Abraços Gloriosos.
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