domingo, 11 de janeiro de 2009

11 de Janeiro

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No dia 11 de Janeiro de 1979: o Botafogo sagrou-se campeão estadual de voleibol masculino adulto de 1978 ao vencer o Flamengo por 3x1 com parciais de 15x5, 11x15, 15x13, 15x10.


O primeiro parcial foi ganho facilmente em 20 minutos. O segundo parcial, mercê de uma movimentação muito boa de Zezinho na armação, na defesa e no ataque, o Flamengo empatou a partida. O terceiro parcial, com o Flamengo animado pelo empate, terminou por um resultado apertado de 15x13, mas o quarto parcial foi vencido serenamente pelos botafoguenses. A equipa alinhou com Levenhagem, Mauro, Suíço, Paulo Roberto e João Siqueira.

No dia 11 de Janeiro de 1941 nasceu, em Niterói, Gerson de Oliveira Nunes, o ‘canhotinha de ouro’. A fama e o prestígio de Gerson muito se deveram à sua fabulosa perna esquerda com a qual fez extraordinários lançamentos em profundidade da ordem dos 30 a 40 metros. Herdeiro de Didi no Botafogo, Gerson foi elogiado pelo ‘Príncipe Etíope’: – “No começo, ele era afoito, corria muito. Depois, chegou à perfeição como jogador de meio-de-campo”.


O futebol de Gerson era refinado, inteligente e estratégico, mas durante cerca de duas décadas foi tão amado quanto odiado. A fama de violento começou em 1962, quando quebrou a perna do juvenil Mauro durante um treino. Quanto à fama de mau carácter, o próprio defendeu-se assim: – “Sempre defendi os interesses de companheiros menos favorecidos pela fama.”

Independentemente das críticas ao seu lado de cidadão, Gerson foi o grande comandante do Botafogo entre 1963 e 1969 e do escrete canarinho em 1970, ao lado principalmente dos botafoguenses Jairzinho e Roberto Miranda. Gerson tinha um sentido de organização perfeito, fazia chutes fortes e precisos, cobrava excelentes faltas e era capaz de colocar a bola no peito de um atacante em lançamentos de 40 metros. Líder em campo, nunca parava de falar e foi apelidado de ‘Papagaio’. Pode-se considerar, visto pelos meus próprios olhos no Maracanã, que Gerson foi um dos maiores talentos brasileiros de todos os tempos.

O armador defendeu o Flamengo, o Botafogo, o São Paulo e o Fluminense. Foi campeão carioca em 1963 pelo Flamengo, em 1967 e 1968 pelo Botafogo e em 1973 pelo Fluminense; foi campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1961 pelo Flamengo, e em 1964 e 1966 pelo Botafogo; foi campeão brasileiro (Taça Brasil) em 1968 pelo Botafogo; foi campeão paulista em 1970 e 1971 pelo São Paulo; em 1972 foi campeão do Torneio Independência do Brasil e em 1970 foi campeão do mundo pelo Brasil. Entre 1960 e 1974 fez 98 partidas pelo Brasil, 83 das quais oficiais, marcou 28 gols e participou nas copas do mundo de 1966 e 1970.

Mas… como é que Gerson saiu do Flamengo para o Botafogo no ano em que se sagrou campeão pelos vermelho-negros, sendo ídolo do rival e jogador do escrete canarinho?...

Flávio Costa, que era um treinador muito conceituado e de estilo militarista – pessoalmente nunca vi nenhuma inovação nas equipas de Flávio Costa – , treinava o Flamengo e tirou Gerson do Campeonato Carioca em 1963, fazendo o jogador ficar sem ambiente no clube. O craque foi conversar com o então presidente Fadel Fadel. Porém, este apoiava Flávio Costa na decisão de afastar o melhor jogador da equipa, acabando por encerrar a reunião em tom de desafio:

– “Quem depositar 150 milhões leva o seu passe!”

Nesse tempo, em 1963, não existia a Ponte Rio-Niterói e o jogador atravessava todos os dias a Baía de Guanabara de barca e andava de transporte público para ir ao treinar à ‘Cidade Maravilhosa’. Desanimado com a reunião, porque 150 milhões era muito dinheiro, Gerson seguiu o caminho para tomar o transporte para a barca na Praça XV, que o levaria de regresso a casa, em Niterói. Sucede que no caminho até ao ponto de transporte na Avenida Bartolomeu Mitre havia diversas oficinas e, em uma delas, o botafoguense Quarentinha aguardava o conserto do seu carro.

Encontraram-se, Gerson contou o sucedido, Quarentinha pegou o carro já consertado e disse a Gerson: – “Entra aí, vamos conversar com o presidente do Botafogo”.

Em General Severiano houve uma rápida conversa com Renato Estelita, que dirigia o futebol botafoguense, e, naquele mesmo dia, com o dinheiro obtido pela venda de Amarildo ao Milan, o Botafogo depositou os 150 milhões pedidos pelo presidente do Flamengo.

E o estratega brilhou por nove anos no clube da Estrela Solitária, conduzindo a fabulosa e quase imbatível equipa do Botafogo entre 1967 e 1969, período em que conquistou uma Taça Brasil, dois Campeonatos Cariocas, duas Taças Guanabara e vários torneios internacionais.

Fonte:
Acervo e pesquisa de Claudio Marinho Falcão e Rui Moura

12 comentários:

Saulo disse...

O futebol de Gerson era magnífico. O canhotinha de ouro era de mais.

Wilson Oliveira disse...

Gerson foi de uma categoria incrivel, habilidade peculiar, e lançamentos primorosos.

Hoje em dia é dificil ver um jogador com essas caractisticas. Infelizmente.

As vezes o escuto na Radio Globo. Ele comentando o nosso futebol de hoje, é garantia de boas risadas.

O "Futebol, Música e Etc" está de volta.

Um grande abraço, amigo Rui!

Vinícius Barros disse...

Poxa vida, as vezes fico até pasmo com essas histórias... antes vendíamos jogadores para Milan(Amarildo), Boca Juniors(Heleno de Freitas e Paulo Valentim), Real Madrid(Didi), etc... hoje temos que ver nossos "principais" jogadores serem vendidos para o - medíocre - clube vizinho!

Abs!

Ruy Moura disse...

É verdade, Saulo, o futebol do Gerson era magnífico. E era sagaz. Quando percebeu, na final de 1967, que o Manga estava muito nervoso e tomando frango (o Saldanho acusou-o de se ter vendido e o Manga acabou por sair logo em seguida), Põs-se à frente da defesa e o Bangu não conseguiu os seus intentos. Fomos campeões.

Saudações gloriosas.

Ruy Moura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ruy Moura disse...

Amigo Wilson, todos os epítetos dados ao Gerson não são demais: categoria incrível, habilidade peculiar, lançamentos primorosos... Porém, como pessoa, o Gerson sempre foi um bocado arrogante. Ainda hoje, as piadas que ele lança na Globo parecem-me que muitas vezes são diminuidoras dos outros - e disso eu não gosto. Ainda hoje me rio mas é com outra coisa: quando o Flávio Costa, que treinava o Flamengo (e que foi o grande responsável técnico pela derrota do Brasil em 1950 no Maracanã), mandou o Gerson marcar o Garrincha na final de 1962... não teve como!... [O Gerson nunca foi bom a marcar; outro erro do F. Costa] O próprio Gerson conta que o Garrincha o passou apenas com um palmo de terra entre a linha de fundo e ele próprio. Nunca haverá ninguém como o Mané!

Saudações desportivas!

Ruy Moura disse...

Pois é, Vinícius, você conseguiu definir muitíssimo bem a grande diferença entre o Botafogo de ontem e o Botafogo de hoje: antes vendíamos craques para o Milan, Real Madrid, Boca Juniores; hoje a qualidade dos nossos jogadores só serve para vizinhos medíocres...

Saudaçõesw Gloriosas!

Anónimo disse...

POIS É RUY TIVE OPORTUNIDADE DE CONVIVER COM O CANHOTA EM GENERAL SEVERIANO,PASSAVA UMA ARROGÂNCIA QUE NA VERDADE SE DISSIPAVA PESSOALMENTE PELO MENOS PARA MIM NA EPOCA - FUMAVA MUITO E MORRIA DE MEDO DE AVIÃO - DIZEM FOI PARA O MÉXICO A BASE DE DIAZEPAM PARA DORMIR A VIAGEM TODA.SENTI MUITO QUANDO SAIU DO BOTAFOGO PARA O SÃO PAULO,MAS FAZ PARTE DA MINHA SELEÇÃO DE TODOS OS TEMPOS - MARCOS VENICIUS

Ruy Moura disse...

Indiscutível o Gerson!

Aqui no blogue os leitores fizeram a eleição da melhor equipa de todos os tempos:

MANGA; MARINHO CHAGAS, CARLOS ALBERTO TORRES, SEBASTIÃO LEÔNIDAS, NÍLTON SANTOS; DIDI, GÉRSON; GARRINCHA, JAIRZINHO, HELENO DE FREITAS, PAULO CÉSAR CAJÚ

Curiosamente, foram os 11 em quem votei para a equipa de todos os tempos!

Ainda o Gerson: eu sei que ele fumava muito e tinha medo de avião. Sabe se ainda fuma assim tanto (não creio, senão...) e tem medo de avião?...

Abraços Gloriosos!

Fernando Lôpo disse...

Pelo que sei, o Gérson parou de fumar já faz tempo e o medo de avião continua, sendo um dos motivos que o fazem não aceitar trabalho em TV. Gérson passou por uma situação difícil acho que há pouco mais de 10 anos que foi o falecimento de sua filha. Hoje, além do rádio e jornal, dedica-se muito ao seu projeto social em Niterói.

Gérson é um que eu faria questão que de alguma forma colaborasse com a base do Botafogo, fazendo algo de modo que não precisasse deixar o rádio. Só a presença dele dando palestras já seria muito útil. PC Caju, Maurício, Afonsinho, Jair, Roberto, Rogério, Amarildo, Zagallo e tantos outros poedriam ser uma espécie de "assessores especiais da base", ou qualquer outro nome metido a besta. O importante é que dessem algum salário simbólico e pelo menos de vez em quando eles colaborassem. Aqueles que não tenham outro emprego poderiam ser efetivados com cargos fixos e melhores salários. Enfim...


Sobre a seleção de todos os tempos, quase todos colocam Carlos Alberto Torres. Eu discordo. De fato foi um grande nome, mas é muito mais identificado com o Santos do que com o Botafogo, pois jogou pouco tempo aqui e não ganhamos nada. Todos os demais citados têm muito mais identificação com o Botafogo do que com outros clubes, embora alguns tenham a cara-de-pau de tentar "roubar" nossos ídolos.

O Josimar não foi o grande jogador que foi o Carlos Alberto, mas para o Botafogo ele é mais do que Carlos Alberto, pois além de ter sido campeão de um campeonato importantíssimo, no caso o de 1989, jogou mais tempo e nos representou muito bem em 1986 na Copa do Mundo.

Por exemplo, Nilton Santos diz que o melhor jogador de defesa com quem atuou no Botafogo foi o argentino Oscar Basso. Diz-se que eles saiam tabelando da área do Botafogo. O problema é que Basso jogou apenas 17 partidas pelo clube. Na biografia de Heleno, há uma passagem em que nosso craque é anulado por Basso num jogo Boca x San Lorenzo, se não me engano.

Já tentei fazer uma seleção dessas e sempre emperro no mesmo problema: parto do princípio de que o maior artilheiro de todos os tempos tem necessariamente de estar no time, mas então quem sai?

Mas como a seleção é minha e não entra em campo, posso escalá-la como quiser. No caso, eu faria um WM tirando o Carlos Alberto e botando o Quarentinha. rsrsrs

Abraços.

Ruy Moura disse...

Fernando, não sabia que o Gerson tinha trabalho social em Niterói. Isso é muito interessante e aumenta em muito o nível em que eu o tinha enquanto pessoa (apesar de continuar a não gostar de algumas graçolas dele... talvez seja defeito de tricolor... rsrsrs...).

Pois o Quarentinha é um problema. O que mais me custou foi deixar o Quarentinha de fora porque o acho - não um craque fora-de-série, confesso - mas um jogador muitíssimo bom. Acho que armando a equipa de outro modo pode-se fazer realmente essa opção de saída do Carlos Alberto e entrada do Quarentinha. Valeu!

Saudações Gloriosas!

snoopy em p/b disse...

rui,

quer dizer que, além de ser o maior artilheiro da história do clube e que, na minha opinião, o será eternamente, o quarentinha foi um dos responsáveis pela vinda de gérson a general severiano?
bendito quarentinha!!!

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