quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Botafogo há cinquenta anos

Paulo Antônio Azeredo dirigiu o Botafogo em duas ocasiões e conquistou oito campeonatos cariocas (1930, 1932, 1933, 1934, 1935, 1957, 1961, 1962) em doze (vencemos também em 1907, 1910, 1912 e 1948), sendo o ‘Presidente do Tetra’.

Há muitos anos que escrevo que ele não foi um presidente: ele foi ‘O Presidente’.

Nem antes de Paulo Antônio Azeredo, nem no intervalo dos seus dois períodos à frente do Glorioso, nem depois do último período,  se encontrou um presidente com a craveira de Paulo Antônio Azeredo que geriu os destinos do Botafogo Football Club (1926-36) e do Botafogo de Futebol e Regatas (1954-1963). No BFC inovou com uma comissão técnica estrangeira de elevadíssimo nível e reuniu grandes craques que conquistaram o tetracampeonato carioca; no BFR inovou em contratações espetaculares na década de 1950 e criou as grandes equipas que conquistaram três campeonatos cariocas em seis anos e duas Copas do Mundo em 1958 e 1962.

Para que se faça uma ideia de como Paulo Antônio de Azeredo deixou o Botafogo no início de 1963 – com um time formidável de campeões do mundo e um valor patrimonial elevado – leia-se o excerto seguinte publicado pela Revista Manchete, em janeiro de 1963, e trazido a público pelo Paulo Marcelo Sampaio, editor do blogue Arquibabotafogo:

 “A agremiação cresceu e dinamizou-se. Hoje o seu patrimônio é respeitável. A sede social, com 22.300 metros quadrados, foi construída em 1928 pelo atual presidente, Paulo Azeredo, e somente o seu mobiliário, todo em jacarandá, em estilo colonial, está avaliado em 10 milhões de cruzeiros. As instalações do serviço médico valem 6 milhões. O imóvel, em si, em 2 bilhões! No Mourisco, espalhados numa área de 14 mil metros quadrados, funcionam o novo ginásio coberto com capacidade para 3 mil espectadores, a piscina olímpica, restaurante, playground, bares etc. O quadro social do Botafogo já tem quase 12 mil contribuintes e tende a aumentar, com a ampliação das instalações esportivas e sociais. Para administrar isso tudo, está organizado um esquema de trabalho perfeito, superintendido por Adolpho Sherman, considerado como um dos homens mais organizados do esporte brasileiro. Ele comando um pequenino exército de 130 funcionários, que atua como autêntica máquina. O departamento técnico, chefiado pelo ex-sargento da FAB Válter José dos Santos, mantém gráficos atualizados de todos os torneios que o clube disputa, onde figuram resultados, classificações e futuros compromissos do Botafogo e dos seus adversários. O controle sobre esses números é meticuloso, porque deles depende todo a programação dos treinos feitos pelos técnicos. Quando os programas são estabelecidos, um funcionário encarrega-se de manter todos os atletas informados dos horários dos exercícios, enquanto outro cuida da distribuição do material esportivo, cuidadosamente cadastrado, desde a mais nova bola de futebol até ao mais insignificante prego para travar chuteiras. Quando chega ao clube, no fim da tarde, o presidente Paulo Azeredo encontra, à sua disposição, no gabinete da superintendência, uma pasta onde estão detalhadas as atividades do Botafogo F.R. naquela dia, desde as contas pagas e recebidas até aos ofícios a responder, ou os movimentos dos vários departamentos.”

Insisto há muitos anos que é este O BOTAFOGO QUE QUERO DE VOLTA!

Fonte primária: Revista Manchete, janeiro de 1963; fonte secundária: http://arquibabotafogo.com

5 comentários:

Antonio Oswaldo Cruz disse...

Muitos justas as homenagens prestadas pelo clube ao Patrono dos Presidentes Paulo Antonio Azeredo. Mais útil seria, porém, adotarem a mentalidade vencedora e a capacidade gerenciadora (como fica explícito acima) que P. A. Azeredo deixou como legado - junto com inúmeros troféus - ao clube e devolvessem o clube, no mínimo, ao mesmo patamar que o maior dos presidentes deixou.

Ruy Moura disse...

Assino em baixo. Ou como dizem os brasileiros: "concordo em grau, gênero e número."

Abraços Gloriosos!

Gil disse...

Rui,

Queremos o nosso Botafogo de Volta!
Acredito na reencarnação e espero que o nosso querido Paulo Antonio Azeredo já esteja entre nós e, melhor ainda, seja presidente do Botafogo!

Enquanto isso não ocorre, que acabem com a politicagem no nosso amado Botafogo!

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Sonhos, meu amigo, apenas sonhos nossos. O sonho é a constante da vida, mas nem sempre se concretiza. Por amor ao Botafogo continuaremos a suportar fileiras de potenciais candidatos que não trarão o nosso Botafogo de volta. Teremos o Botafogo possível, e a continuar a senda de nos prejudicarem escandalosamente [soa que Engenhão só lá para 2017...], não sei se algum dia sairemos deste beco de clube de bairro gerido pelas 'famílias' de sempre da era pós-Azeredo. São 'famílias políticas' más de mais. É só observar que desde Paulo Antônio Azeredo tivemos três presidentes razoáveis. Os outros foram maus, especialmente Charles Borer e os presidentes pós Emil Pinheiro, à exceção de Bebeto de Freitas, que nos reergueu da 2ª divisão, nos levou à liderança do Brasileirão e obteve o Engenhão.

Mas sonhemos, claro.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

A não ser, evidentemente, que os sócios-torcedores passem a votar e elejam um candidato do 'povo botafoguense' realmente apaixonado pelo clube.

E temos outro problema: os mandatos de seis anos como tempo máximo consecutivo de um presidente. Sei que isso é bom para afastar os ditadores e os incompetentes, mas é mau porque obriga a afastar os democratas e competentes. E, ademais, não será uma espécie de 'ditadura' o que temos desde o tempo em que Emil Pinheiro deixou a direção (exceção Bebeto)?

O FC Porto, que tem uma das melhores equipas de gestão clubista do mundo, é liderado pelo mesmo presidente há 30 anos. Desde aí o Porto começou a ganhar títulos e ainda não parou. Com um presidente dado ao clube, é possível estruturar grandes equipas de futebol e de outras modalidades.

Faz-me uma certa impressão que o país com o maior celeiro de futebolistas do mundo inteiro não tenha nem dirigentes nem treinadores de 1ª linha. Entre 200 milhões não se encontra ninguém realmente profissional e capaz? Acho que há vícios que só serão ultrapassados quando os sismos de alta escala abalarem seriamente toda a estruttura. Ou então 'americaniza-se' o futebol ao bom estilo do América FC. Em todo o Brasil. Lastimável.

Abraços Gloriosos!

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