quarta-feira, 5 de junho de 2013

O regresso de Maurício Assumpção

por Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)

Maurício Assumpção regressou. Eu manifestei por mais de uma vez a necessidade de o presidente não manter a seu licenciamento em ‘banho maria’, mas decidir entre regressar de imediato ou demitir-se para evitar erosão dos poderes institucionais do Botafogo. Ele ouviu e regressou.

A pertinência do seu regresso foi evidenciada por declarações bastante mais determinadas do que aquelas que estavamos a assistir com os poderes se esboroando por falta de consistência do executivo botafoguense para comandar o leme da nossa embarcação.

Independentemente das críticas que faço, e que continuarei a fazer ao modo como o Botafogo é conduzido sempre que isso for aconselhável, ficou evidenciado que na ausência de Maurício Assumpção a nossa embarcação flutua sem rumo. A voz do presidente tornou a ouvir-se e, até agora, positivamente. Maurício Assumpção tem feito uma grande aprendizagem ao nível da gestão – fundamental para que o Botafogo seja respeitado e retome as glórias de outrora.

O presidente recusou liminarmente o regresso de Jobson. Quando Jobson regressou ao Botafogo pela 1ª vez fui contra essa decisão, porque o atleta fora irresponsável em tomar drogas na reta final do Brasileirão sabendo que o Botafogo poderia ser prejudicado por uma suspensão imediata do atleta. Não teria obviamente remédio. Então Maurício Assumpção não quis ouvir por duas vezes, mas posteriormente emendou a sua decisão e agora tornou a rejeitar o regresso de Jobson – e muito bem.

Sobre o projeto de Túlio Maravilha, por muito que gostemos dele, tornou-se impraticavel manter uma parceria desde que o atleta processou o clube. Essa atitude só poderia ter uma decisão do clube: a quebra da parceria. É assim que o Botafogo deve agir para não se deixar torpedear, mesmo quando se trata de um ídolo como Túlio.

Quanto à venda de atletas, e especialmente de Dória, Maurício Assumpção anunciou que vendas somente pelo preço das cláusulas rescisórias, e se os atletas assim o desejarem. Menos ainda uma negociação de Dória com uma entidade profundamente ligada ao Cruzeiro. Muito bem novamente.

E teve o cuidado de reunir com o plantel do futebol para conversar sobre os esforços que têm sido feitos – se é que têm sido feitos esforços alternativos – para solucionar a questão dos salários em atraso.

Já anteriormente, de forma discreta, o presidente conseguira calar a eterna boca de trapo de C.A. Montenegro acerca da devolução do Engenhão, mostrando que tem armas de porte e pode esgrimi-las a favor dos interesses do Glorioso.

Por outro lado, reconheço que foram tomadas muitas medidas a favor da construção de uma equipa competitiva. As aquisições de Seedorf, de Bolívar e de Júlio César, três titulares muito experientes e que têm contribuido fortemente para a serenidade da equipa em campo e fora dele, mostraram-se muito acertadas.

Devo ainda realçar o que já manifestei noutras ocasiões: o afastamento de Anderson Barros (André Silva já o tinha sido anteriormente), o afastamento do corpo clínico do Botafogo (que lamentavelmente ficou agora privado do seu chefe) e o afastamento da psicóloga foram outras medidas acertadas. Tais medidas melhoraram significativamente diversos aspectos, entre os quais um acréscimo muito importante da condição física dos atletas e uma reposição mais rápida da saúde de cada um, bem como um estado psicológico muito mais elevado do plantel.

Neste momento encontro-me satisfeito com o rumo das coisas (exceptuando, evidentemente, a grande preocupação com a devolução do Engenhão e a nossa capacidade financeira), discordando apenas do modo como tem sido gerido o dossiê Engenhão. Maurício Assumpção acabou de afirmar que “existem formas e formas de atuar” e que “outra forma é apanhar um pouco e ir por um caminho de tentar resolver”.

Compreendo as intenções do presidente, que, aliás, não é homem de enfrentar cara a cara grandes conflitos, já que o seu know-how nessa matéria orienta-se por relações mais diplomáticas, mas o caso do Engenhão é muito grave porque existem claros indícios de a interdição ter, eventualmente, contornos políticos e económicos alheios ao Botafogo. Por isso, a falta de assertividade neste caso não beneficia a imagem nem do presidente nem do Botafogo, porque estamos “apanhando” muito mais daquilo que devíamos.

Ademais, as informações vindas a público e o comportamento nada transparente da prefeitura na interdição do Engenhão, incluindo as declarações do prefeito de que nem cem laudos chegariam para devolver o Engenhão ao Botafogo se houvesse um só desfavorável, são fatores que configuram algo mais do que a mera interdição.

Urge que Maurício Assumpção encontre habilidades próprias para perseguir novas formas de atuação e pressione para a devolução do Engenhão o mais rapidamente possível. Compreendo que todos têm que salvar a cara, mas que as caras sejam salvas rapidamente e que a normalidade regresse a General Severiano.


[Nota fora de tópico: Estou preocupado com Vitinho a titular, porque muda completamente o figurino de jogo do Botafogo; com Vitinho a equipa será menos compacta, menos coletiva e mais individualista; os desequilíbrios que Vitinho provoca não beneficiam o coletivo porque Vitinho não passa a bola e o desequilíbrio provocado acaba por ser anulado por algum zagueiro; mesmo não gostando de Andrezinho, creio que para início de jogo seria mais acertada a sua escalação porque faz o jogo do coletivo e mantém o figurino da equipa mais compacto; Vitinho ficaria como ‘arma’ caso as coisas não estivessem a correr bem até aos 65’ de jogo.] 

Fotografia de Alexandre Loureiro.

2 comentários:

MAM disse...

Concordo com você em gênero numero e grau.

Ruy Moura disse...

MAM, vamos acreditar que MA tenha habilidades 'escondidas' para reverter o mais rapidamente possível as coisas a nosso favor. Está em causa um semestre futebolístico que pode vir a ser muito bom - ou simplesmente desolador.

Abraços Gloriosos!

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