quinta-feira, 31 de outubro de 2013

1962 o ano Mané: lançamento a 11 de novembro


No final de 2010, recebi um telefonema do advogado catarinense Maurício Neves de Jesus, rubro-negro de coração, que se apresentou a mim oferecendo os originais do livro “1981: o primeiro ano do resto de nossas vidas”, um diário do ano mais vitorioso da história do Club de Regatas do Flamengo, justamente quando “O Mais Querido” conquistara três títulos importantíssimos no curto espaço de três semanas: a Libertadores da América (em 22 de novembro), o Campeonato Carioca (em 6 de dezembro) e o Mundial em Tóquio (a 13 de dezembro), arrasando os ingleses do Liverpool.

Como editor, meu compromisso é com a história do futebol brasileiro e mundial, seus ídolos, craques e lendas. Por isso, o editor botafoguense e o autor rubro-negro se uniram para lançar a obra.

O livro tem uma proposta interessante. Escrito em forma de diário, o autor reuniu o material que já tinha no meu acervo – jornais, revistas, livros. Depois, passou à pesquisa nas fontes da época, principalmente jornais, do Brasil e do exterior. Anotados os trechos fundamentais, passa a escrever com o material selecionado como fonte principal. Os relatos dos jogos são baseados no maior número possível de jornais que fizeram a cobertura da partida e também nos vídeos disponíveis, de modo a evitar que a impressão de um único cronista vicie o texto. Para mim, Maurício criou um estilo que vale a pena levar adiante. Motivado por isso e pela aproximação das comemorações dos 80 anos de nascimento de Mané Garrincha, pedi a ele que escrevesse...

1962: O ANO MANÉ

assim mesmo, já com o título pronto; e o subtítulo “Diário do ano mais vitorioso do Anjo das Pernas Tortas”.

A princípio relutante, Maurício aceitou fazer o livro, percebendo que a história era maior que a rivalidade. Em meio ao trabalho, eu brincava com ele, dizendo que seria duro mesmo era escrever sobre o dia 15 de dezembro, justamente quando Mané Garrincha arrasou com o Flamengo, 3 a 0 no final do Campeonato Carioca, com certeza a sua derradeira atuação individual de gala, dois gols e um chute que provocou um gol contra. Mas depois daquele dia, Mané nunca mais foi Garrincha.

A partir dali, os demônios venceram o frágil Manoel dos Santos, que virou “joão” do álcool e das mazelas físicas que o acompanharam em toda a sua vida.

É preciso, contudo, louvar sempre, lembrar para não esquecer, quem foi Mané Garrincha. Um gênio dos gramados, um craque acima de muitos os que hoje se enchem de dinheiro e glórias. Um índio simples, vítima do alcoolismo e de problemas físicos incontornáveis, quem sabe presa da ganância dos que precisam fazê-lo jogar mesmo à custa de injeções e infiltrações para que suportasse as dores nos joelhos.

Naquele 1962, Mané produziu performances extraordinárias, o ponto máximo da sua brilhante carreira. Com a Seleção Brasileira, durante o Mundial do Chile, jogou por ele e por Pelé, que se contundira no segundo jogo.

E Mané fez chover nos gramados andinos. Contra Espanha, Chile e Inglaterra, jogou mais do que se podia esperar dele. Sem Pelé em campo, Mané jogou como o peladeiro de Pau Grande, que gostava mesmo era de jogar de meia-esquerda. Fez gol de perna esquerda e até de cabeça, saltando contra os altos zagueiros ingleses. Desmontou a defesa da Fúria espanhola para deixar Amarildo na cara do gol e virar um jogo que se encaminhava para um fracasso e nos tiraria da Copa. E o fazia com a mesma tranquilidade com que jogava pelo seu Botafogo num estadinho qualquer do subúrbio carioca.

Em dezembro, na final do Carioca, perante mais de 155 mil pessoas, Garrincha tomou conta do gramado e desfilou seu repertório de “manjadíssimos” dribles pela direita – ele só sabia driblar por ali. Com 10 minutos de jogo, passou como quis por Gérson e Jordan, abrindo o placar, pulando por cima dos repórteres e fotógrafos e dando início ao seu baile particular. Mais 25 minutos, de novo a mesma jogada, uma bomba pra gol que explodiu no goleiro Fernando, quebrou o nariz do zagueiro Vanderlei para fechar o primeiro tempo em 2 a 0.

O segundo tempo nem começou e lá estava ele de novo, pelo meio da pequena área, aproveitando o rebote do goleiro Fernando numa temível “tesoura voadora” do Quarentinha, para fechar o placar.

Lamentavelmente, depois daquele sábado, 15 de dezembro, Mané nunca mais foi Garrincha. Aos poucos, seu brilho foi se acabando, ele ainda tentou a sorte em outros times, Olaria, Flamengo e Corinthians, mas era então uma pálida lembrança da Alegria do Povo, do Anjo das Pernas Tortas, do Demônio da Copa... ele voltara a ser apenas Manoel do Santos, sem o “Francisco” que a mídia acolheu depois que ele quis homenagear o pai, incorporando-lhe o nome.

Neste 18 de outubro, Manoel dos Santos completaria 80 anos. Infelizmente, em outra data redonda, ele nos deixou há 30, nem bem completado meio século de vida. Este livro é uma forma de homenagear o craque, agradecer pela alegria que trouxe aos nossos olhos e corações. Pelos dribles, pelos gols, pela molecagem, pelos títulos.

Minibiografia do Autor

Maurício Neves de Jesus é advogado e professor universitário. Na área jurídica, é autor da obra “Adolescente em Conflito com a Lei: Prevenção e Proteção Integral”. Como cronista esportivo, foi editor do blog Jogo Aberto, do jornalista Lédio Carmona, e publicou os livros “1981 – O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas”, sobre o ano mais glorioso da história do Flamengo, e “Aquelas Camisas Vermelhas”, a história do Internacional de Lages, campeão catarinense de 1965.

Pergunta ao Autor

Como você, um notório rubro-negro, recebeu o convite para escrever este livro?
Com alegria e como um desafio. Garrincha é um caso raro de alguém que está acima das paixões clubísticas e o livro definitivo sobre ele já foi escrito, pelo também rubro-negro Ruy Castro. Assim, a intenção foi esmiuçar o ano mais intenso da vida de Mané, reconstituindo dia a dia sua trajetória pessoal e também as temporadas do Botafogo e da Seleção Brasileira, seus habitats naturais no mundo da bola. Pode-se perceber como eram diferentes o cotidiano de um clube de futebol e a preparação da seleção para um Mundial, e como a vida dos grandes jogadores era menos vigiada do que atualmente.

Serviço 1962: O ANO MANÉ
(Diário do ano mais vitorioso do Anjo das Pernas Tortas)

Prefácio: A primeira vez em que vi Mané Garrincha, por Péris Ribeiro
Posfácio: A última vez em que vi Mané Garrincha, por Roberto Porto
Editor: Cesar Oliveira
Capa: Marcelo Fonseca da Rocha (MQuatro Design)
Revisão: Bia Barreto
Produto Oficial do Botafogo FR
Formato: 14 x 21cm
Páginas: 148
ISBN 978-85-65193-02-3
Preço: R$45
Lançamento: dia 11 de novembro, a partir das 19 horas, no Café Lamas (Rua Marquês de Abrantes, 18 – Flamengo)
Informações: Cesar Oliveira Tel.: (21) 3172-0450 – Cel.: (21) 988-592-908 cesar.oliveira@livrosdefutebol.com
Anexos: Degustação das vinte primeiras páginas do livro; Imagem da capa em alta resolução

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