sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fechar a escotilha: Conseguiremos?

por blogue FogoEterno

Poderia escrever sobre o nocivo sentimento que mistura em iguais doses a frustração e a irritação, sobre os efeitos devastadores de uma derrota desse naipe nas novas gerações, sobre esse revés indigesto que faz mal à saúde do novo e do velho botafoguense.

Poderia escrever ainda mais sobre esse infortúnio sacana que sempre nos espreita, à espera de uma oportunidade grandiosa para nos visitar, ou melhor, nos invadir, enfiando o pé na nossa cara e, com escárnio, nos jogar no chão e nos dar a sensação de nocaute e nos fazer questionar tudo, da necessidade do futebol nas nossas vidas até a existência dos deuses alvinegros – menos a fé no Jefferson, que não merecia estar em campo e ver a rede balançar quatro vezes na noite fatídica dessa amaldiçoada quarta-feira, 23 de outubro de 2013.

Poderia escrever milhares e milhares de palavras, todas igualmente amargas, desesperançadas e inúteis.

Mas não, não vou escrevê-las.

Vamos falar um pouco do jogo – e ao que passa a importar, as consequências dele.

Oswaldo foi igualzinho ao time que escalou: mal no primeiro tempo, ainda pior na segunda etapa.

Logo nos primeiros minutos, Oswaldo começou a tomar uma goleada tática de um técnico recém-promovido, que ganha 10 vezes menos do que ele. E assistiu, impávido e imóvel, a ala direita do seu time ser totalmente dominada pelo adversário (Gilberto, quem diria, deu saudades do Edilson – complet), sem contar a lacuna entre o meio e a defesa, por culpa da omissão do Renato e de uma noite horrorosa do Marcelo Mattos. Nosso treinador demorou muito, talvez não tenha percebido até agora, que Paulinho e André Santos iriam atacar o tempo inteiro em cima do Gilberto e não conseguiu esboçar nenhuma estratégia para socorrer nosso jovem e envolvido lateral, muito menos explorar a ala esquerda do adversário, que ficou desguarnecida diante de tanta ofensividade. Nesse sentido, como fez falta um técnico como o Cuca que tem facilidade em ler o jogo e muda estratégia ainda no primeiro tempo, protegendo quem precisa ser protegido e equilibrando as ações diante do predomínio do rival.

E a coisa foi ficando ainda pior. O Botafogo, depois que tomou o primeiro gol, foi se apagando até o futebol de todos simplesmente sumir. Seedorf esteve estranhamente apático e, assim como contra o Cruzeiro no Mineirão, passou muito longe de ser decisivo. Rafael Marques, lamentável; Lodeiro, inoperante e Sassá, apenas vigor físico. Resultado: pouquíssimas chances criadas. Enquanto o adversário deitava e rolava na nossa defesa.

Oswaldo entra pra história como o treinador do time que sofreu a maior diferença de gols na história recente do confronto dos dois clubes – o último 4×0 a favor deles tinha sido em 1975. Seu time, o seu descansado time que não entrou em campo no domingo para jogar uma batalha de vida-e-morte nessa quarta, nos “presenteou” com a noite mais amarga desde a desclassificação para o River Plate, no Monumental de Nuñez, em 2007. Sobram cicatrizes e hematomas; mais uma vez, nosso coração foi machucado. E pisoteado – justo pelo maior rival. Justo em um confronto decisivo. Justo na última chance de levantar um título nacional em 2013.

Bem, mas e agora?

Agora, meus amigos, o nosso treinador terá que justificar seu altíssimo salário e dar um jeito de impedir que a desclassificação desastrosa contamine a luta, cada vez mais difícil, pela Libertadores, que é o que nos sobrou até o fim do ano. Pra complicar um pouco mais, o São Paulo avançou e pode ganhar a Sul-Americana, o que reduziria para três o número de vagas na competição internacional.

Para assegurar uma vaga no G3, é preciso retomar o aproveitamento do primeiro turno. É preciso novamente ter uma sequência de vitórias no Brasileirão – e, depois do jogo de sábado contra o Atlético-MG, o adversário será o rival direto, o Goiás, no Serra Dourada. É preciso jogar com vibração, sangue nos olhos e malícia no cérebro, tudo o que faltou nessa quarta-feira.

Você vai conseguir fechar a escotilha, isolar essa derrota vexatória e impedir a contaminação, Oswaldo?

Você vai conseguir nos poupar de mais uma dose cavalar de amargura, Botafogo?

PS: Já estou na campanha “Loco Abreu para técnico do Botafogo”. Lógico que ainda vai demorar algum tempo, ele precisa se aposentar direitinho, se preparar e tal. Mas é preciso ter no nosso banco alguém com conhecimento tático e técnico, identificação com o time e cojones, se é que vocês me entendem. Isso fez falta, muita falta, ontem. O Loco tem tudo para ser para o Botafogo o que Renato Gaúcho é para o Grêmio. E não iria assistir impassível, sem reagir, a uma derrota como a que ocorreu nessa quarta-feira.

Nota de Mundo Botafogo: Há bastante tempo concordei que futuramente valeria a pena testar Loco Abreu como treinador do Botafogo. Continuo concordando.

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