“Desde que chegou
ao Botafogo, Seedorf mostrou que uma de suas principais características era a
liderança. Experiente, o camisa 10 cobra e gosta de orientar os jogadores tanto
em treinos quanto nas partidas. Por isso, ele ficou conhecido carinhosamente
como "Pai chato". Em alguns momentos, porém, quando o sangue está
mais quente, a recepção não é tão amena. Nos últimos tempos, no entanto, a
comissão técnica e seus companheiros sentiram o holandês mais calado e menos
interativo, bem diferente daquilo que se acostumaram a ver.
Assim, nesta sexta-feira, o zagueiro Bolívar teve a
iniciativa de intermediar uma longa reunião antes do treinamento com a
participação de todos os jogadores. Na conversa, Seedorf argumentou que alguns
estavam sendo hostis quando ele fazia cobranças, e, caso sua iniciativa
estivesse criando desentendimento, preferia se calar, se fosse o melhor para o
time.
Um dos casos mais recentes envolveu o craque holandês e
Dória, que retrucou Seedorf de forma mais áspera. Antes, houve episódios
semelhantes com o goleiro Jefferson e o zagueiro Antônio Carlos. Na conversa
desta sexta-feira, o elenco tentou deixar o camisa 10 novamente à vontade para
exercer sua liderança. Os atletas consideram que a força dele é importante para
potencializar a qualidade de todos os outros.”
– in Globoesporte.com
Comentário de Mundo Botafogo:
Seedorf tentou orientar, disciplinar e fazer concentrar
os seus companheiros de equipa, muito menos experientes do que ele, durante os
jogos. Ainda se fez de ‘pai conselheiro’ de Fellype Gabriel, vitinho, Hyuri,
Octávio… Porém, os atletas do futebol brasileiro, neste caso botafoguenses, mal
acostumados pelos treinadores e pela cultura reinante, cuja exigência é, em
minha opinião, muito deficitária, contestaram Seedorf – o grande ‘maestro’ do
time em campo.
Estávamos, então, ganhando, e os nossos atletas devem
ter pensado que eram intocáveis craques de outro planeta. Contestaram Seedorf
várias vezes, Seedorf sentiu-se isolado, calou-se, perdeu motivação em campo e
deixou de chamar os companheiros à atenção, em campo e no vestiário. O
treinador não interveio para explicar a necessidade da liderança de Seedorf,
até porque Oswaldo nunca realçou o surinamês, colocando em realce sempre,
sempre, Rafael Marques, homem da sua escolha pessoal. Na verdade, desde a sua
contratação, o treinador nunca quis Seedorf
devido à sua idade, mas declarou que gostaria de ter dois Rafael
Marques. Agora, sem Seedorf no comando, e sequer sem um Rafael Marques a jogar
futebol, a equipa quer, em pleno mar revolto, o regresso do ‘pai chato’.
É tarde, camaradas, é muito tarde.
Os vossos contributos para reforçar a nossa fama de ‘cavalo
paraguaio’ nos últimos jogos, assim como a fama (mentirosa) de cathartiformes que
ganham na raça, foram significativos.
Os ‘pais chatos’ são geralmente contestados pela
imaturidade dos jovens, que recorrem logo à proteção do ‘pai chato’ quando
metem o pé na poça. E mais tarde dão graças divinas quando percebem a absoluta
necessidade de cada um de nós ter tido um ‘pai chato’. Pena que, em geral, só se
reconhece tardiamente…
O mal que Jefferson, Antônio Carlos, Dória ou outros atletas fizeram é
irremediável. Não por malícia, mas porque a disciplina imposta aos atletas no
futebol brasileiro é parecida com manteiga em tempo de verão, e os nossos
rapazes já se achavam a meio caminho da titularidade da Seleção Brasileira…
É certo que os jogadores foram os menos responsáveis
pela queda fulminante do Botafogo – que está intimamente associada à venda
sucessiva de atletas (Maurício Assumpção) e à má gestão física e técnica do plantel (Oswaldo
Oliveira) –, mas que contribuíram com as suas atitudes, indubitavelmente que
sim.
Agora percebe-se que a inadequada gestão do vestiário, no
qual o treinador nunca deu força a Seedorf, e a incompetência de gestão do
plantel, que não preveniu a equipa para os tempos do cansaço, de suspensões e
de lesões, só poderia dar no que deu.
O treinador nunca deu força a Seedorf com receio de ser
secundarizado – apenas admitindo as suas atitudes por força das circunstâncias –,
e por isso nunca lhe deu respaldo. Agora o treinador não está secundarizado,
mas terciarizado com o pique em mar alto… Talvez esteja feliz e contente com a
sua arritmia…
O Mundo Botafogo chamou inúmeras vezes a atenção sobre o
papel de liderança técnica de Seedorf em campo, suprindo as inúmeras incapacidades
táticas do treinador. Mas Seedorf cansou-se de ser contestado pelos
companheiros e de não sentir respaldo do treinador, e entendeu que, se estava a
incomodar, o melhor seria calar-se porque não quer prejudicar ninguém e nem precisa
de mais nada para a sua carreira, ao contrário de quem ele voluntária e
generosamente orientava. Eu faria o mesmo – ou melhor, eu simplesmente rescindia
amigavelmente o contrato no fim da temporada, como fiz na minha própria vida.
Será que todos percebem agora que a queda abrupta do
nosso desempenho, além da má gestão física do elenco e da incapacidade técnica
do treinador, se deveu a deixarmos de dispor do único líder-treinador que o Botafogo
tinha em campo?
Embora não o expressem abertamente, sei que uns quantos
leitores entendem que o Mundo Botafogo – isto é, eu – tem sido ‘pessimista’ (*)
e ‘chato’ com as suas permanentes chamadas de atenção para corrigir as deficiências
e manter o rumo, em vez de embandeirar em arco com a campanha que se fazia no
Brasileirão.
Eu, o ‘blogueiro chato’, Seedorf, o ‘pai chato’.
Os ex-intocáveis ex-craques (**) querem agora o regresso
do ‘pai chato’?! É tarde, tarde demais… As boas aprendizagens são sempre feitas
nos tempos certos. A cereja já se foi e o bolo está em vias de desaparecer…
(***)
(*) Em lugar de ‘pessimista’ leia-se a expressão certa: ‘realista’.
(**) Craques no Botafogo só há dois: Jefferson e o ‘pai
chato’, em fim de carreira, que apenas quis colocar a sua imensa generosidade
ao serviço do Botafogo e da sua torcida – e que por isso mesmo jamais deveria
ser vaiado.
(***) Tomara que não! Que o ‘pai chato’ ainda vá a tempo!
4 comentários:
Rui,
Outra coisa, acho que corrobora o teu pensamento, é que as únicas duas vitórias que temos, depois da derrota para o Cruzeiro, ocorreram após a arritmia do monge japonês!
Talvez, ali, os jogadores se uniram por causa do problema.
Não é normal o não futebol do Seedorf na quarta-feira. Ele errou tudo! Cobranças de faltas, inversões, escanteios e nem falo de dribles!
Além disso, conversando com o Luiz Biriba na saída do estádio quarta-feria, ele disse que o Seedorf percebeu ou viu que nunca houve projeto, plano nenhum do presidente.
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Gil, quanto a mim não é bem isso. Penso que a desmotivação do Seedorf relaciona-se com as resistências que sentiu nos últimos tempos da parte do treinador e dos companheiros.
O que a flapress publicou de mal-estar dos jogadores por causa da cobrança de Seedorf, desmotivou-o, porque ele não está habituado a equipas que erram sempre da mesma forma e ainda resistem a aprender com quem, indubitavelmente, sabe muitíssimo mais do que todo o plantel junto.
A disciplina falta ao futebol brasileiro e o Seedorf é disciplinado e trabalha para o grupo. Não está habituado a que o grupo resista às evidências e não queira aprender.
Mas no futebol botafoguense é sempre assim: ninguém quer aprender. Jefferson não quer aprender a fazer boas reposições de bola, que são essenciais para se iniciar a construção de uma boa jogada; Dória não quer a prender a sair com a bola dominada; o Antônio Carlos já não tinha jeito mesmo; quanto aos garotos não sei se querem aprender, porque o vitinho não quis, ao escolher a direção errada da sua carreira, mesmo depois de ouvir Seedorf; o treinador resiste subtilmente, sem dar nas vistas; etc.
Então, Seedorf percebeu que o nível de burrice é tanto maior quanto maior é a resistência ao aprendizado. E o seu gosto para orientar perdeu-se...
Penso que ontem retomou um pouco essa orientação, e o time ganhou. Mal, mas ganhou. É preferível ganhar mal do que perder bem.
Abraços Gloriosos!
Rui, maravilhoso o seu comentário, aqui em Barra Mansa e Volta Redonda, conversamos muito sobre esta situação o nosso Seedorf sempre quis o melhor para o Botafogo e alguns jogadores não entenderam estou visualizando isto a algum tempo e não deixei e não deixo de fazer criticas ao Dória que esta se achando o maior zagueiro do mundo. Realmente o trem passou na estação jogadores perderam este estava indo para uma estação muito melhor por ignorância e coloco inclusive pimenta maldade deixaram o trem passar. Agora ponham o coração na ponta da chuteira faltam 21 pontos. Lembres a algumas rodadas atrás perderam 11 que nos dariam 64 pontos hoje. Como botafoguense acredito muito porque ser Botafoguense é ser Forte. O Botafogo não enfrenta somente os times da Serie A ele enfrenta também muitos Jornalistas, as TV, os Cronistas e também as vezes sua própria torcida. Mais acima de tudo AMO este clube e com certeza nós vamos chegar muito longe ainda. Observação sou muito otimista, porque sonhar é dos vivos... abraços meu amigo.
Geraldo Camargo Filho
Obrigado, Geraldo. Também assino em baixo do seu comentário, exceto no que respeita ao otimismo.
Eu considero-me um otimista baseado no realismo, isto é, não sonho sem visualizar os recursos que potencialmente permitam a concretização do desejado, porque sonhar num quadro de ilusões sem conteúdo é buscar frustrações inúteis.
Eu penso que a torcida do Botafogo frustra-se muito porque assim que vê qualquer coisa de positivo também acha que somos o melhor dos mundos, tipo Dória. Isso talvez esteja relacionado com a grande necessidade de ganharmos, mas não é bom para nós.
Por isso, durante todo o ano, chamei a atenção para que o desmanche feito no plantel não permitiria ganharmos o Brasileirão, porque não tínhamos peças de reposição para as suspensões, as lesões e o cansaço. Foi o que sucedeu. A quebra veio por via de algumas ausências do time principal e do cansaço que o Brasileirão provoca.
Pode-se dizer que provoca cansaço a todos? Sim, pode. Mas no nosso caso é muito pior porque as nossas baterias estiveram sempre ligadas desde janeiro, já que quisemos apostar em tudo no campeonato carioca, e realmente ganhamos tudo. Porém, esse permanente funcionamento a todo o gás seria pago mais tarde por um time titular que não tem reservas à altura.
Veja que o Atlético Paranaense, com um time vulgar, consegue estar a disputar o 2º/3º lugar porque colocou os juniores a jogar o campeonato estadual e preparou adequadamente a equipa para poder apostar no Brasileirão.
Por isso eu sempre disse que tendo apostado no cariocão, só poderíamos almejar, no máximo, a Copa do Brasil e o G4. E creio que se não fosse a incapacidade do nosso treinador poderíamos ter conseguido isso.
Abraços Gloriosos!
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