domingo, 20 de outubro de 2013

Um dia de 1935…

Dia 29 de dezembro de 1935. Botafogo x São Cristóvão. O Botafogo sagrar-se-ia tetracampeão carioca de futebol (1932-33-34-35) já em janeiro de 1936. Foi um campeonato muito duro decidido nos últimos 10 minutos, mas antes do derradeiro jogo, cujo resultado nos foi favorável pelo esdrúxulo placar de 5x4, em janeiro, o Botafogo efetuou jogos fantásticos e muito renhidos, entre setembro e dezembro, com placares absolutamente ultraplanetários: 6x4 contra o Carioca; 6x4 contra o Bangu; 6x4 contra o São Cristóvão. É o último destes três 6x4 que ilustrará “Um dia de 1935…”

 

A descrição de Alceu Mendes de Oliveira Castro:

 

“Sempre na ponta da tabela, o Glorioso, a 29 de dezembro, em São Januário, venceu com intensa e brilhante luta, o forte esquadrão do São Cristovão por 6x4. Não podendo ainda contar com Carvalho Leite, que continuava machucado, o grande Carlito Rocha apelou para a dedicação de Nilo e o mesmo, que contraira casamento um mês antes e não pensava em jogar mais foi para a cancha comandar o quinteto da vitória, assinalando dois goals impressionantes, ambos com magistrais cabeçadas. Leonidas, Martin, Alvaro e Russinho marcaram os pontos restantes.”

 

A excecional exibição do grande craque amador Nilo, uma das maiores figuras de sempre do Glorioso e do futebol brasileiro, mereceu de ‘O Jornal’ os seguintes comentários:

 

“A classe de um jogador é qualidade que resiste à ação do tempo, sem que sofra nunca solução de continuidade. Quando um jogador possui a fibra do verdadeiro crack, em qualquer ocasião que se exiba, revela os seus conhecimentos, conseguindo êxito mesmo entre os players mais novos e de vitalidade consideràvelmente superior.

 

Êsse é o caso de Nilo. O extraordinário jogador botafoguense aparece de quando em quando nos gramados cariocas, sem que se prepare com antecedência e, sempre que surge num gramado, colhe mais aplausos e novos louros.

 

Nilo, o excepcional artista da pelota que já entusiasmou a tantas gerações, continua revelando aquela estrela brilhante que o elevou ao nível dos mais famosos jogadores da América do Sul. Mas Nilo possue classe. É o símbolo fiel do verdadeiro crack.

 

Foi o que observamos na tarde de domingo último, quando assistimos à exibição feita pelo extraordinário footballer, no estádio de São Januário, como chefe da artilharia botafoguense, que arrazou o reduto do São Cristovão. Entre Leonidas e Russinho, Nilo não só não destoou, como conseguiu ser o elemento mais destacado. Impressionou pela movimentação, pela firmeza dos passes, pela colocação primorosa, pela perfeição dos driblings e pela certeza dos tiros que, embora mais escassos, foram sempre perigosos.

 

Depois do jôgo de domingo, como, aliás, depois de todos em que figure o excepcional jogador, a torcida comentava com entusiasmo: “Nilo é sempre Nilo!” Essa frase já se tornou familiar nos nossos meios esportivos. E quem poderá prever durante quantos anos ainda se ouvirá essa expressão de entusiasmo?”

 

O Botafogo alinhou com Alberto, Albino (Otacilio) e Nariz; Afonso, Martin e Luciano; Álvaro, Leônidas da Silva, Nilo, Russinho e Patesko. Os gols foram assinalados por Nilo (2), Leônidas da Silva, Martin, Alvaro e Russinho.

 

Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo); fontes: Alceu Mendes de Oliveira Castro: O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro, 1951; O Jornal.

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