Os três
pontos foram ganhos e a vitória foi justa, mas a atuação do time não convence.
Jogando mal fora de casa e jogando em casa sem a consistência que já devia
haver, o mata-mata que se segue à fase de grupos (admitindo-se a classificação)
será uma verdadeira roleta russa.
A falta de liderança
dentro e fora de campo parece-me bastante evidente. Eduardo Húngaro não faz a diferença
como treinador e em campo não há um verdadeiro líder para orientar o time. Na
verdade, o Botafogo vive de voluntarismo e não de estratégia e tática. O sufoco
tomado no fim do jogo é disso prova evidente.
A defesa
parece time de pelada e é incapaz de sair jogando. Os dois zagueiros usam e
abusam do chutão o tempo todo e só não houve gol do adversário porque o
Independiente é realmente um time fraco. Como a defesa não sai jogando e não
faz ligação ao meio campo, a criação praticamente não existe e Jorge Wagner não
é o maestro necessário.
Na medida em
que o time erra passes atrás de passes, o grande recurso é jogar a bola na área
à procura de Tanque Ferreyra, que jogou praticamente sozinho porque Wallyson parece
que se esgotou e regressou ao seu passado recente de jejum.
O
Independiente apertou a marcação e o Botafogo não soube simplificar,
enrolando-se sempre à frente dos marcadores equatorianos, que pressionaram do
início ao fim do jogo. Como a defesa não sai jogando bola, o contra-ataque do Botafogo
não funciona, ao que se junta uma lentidão inacreditável. E à hora em que
ocorreu o jogo não havia desculpas de calor excessivo.
Quando o
Botafogo marcou logo no início de jogo supunha-se que atrairia o Independiente
para matar a partida no contra-ataque, mas nada disso aconteceu. Não houve inteligência
suficiente para atrair tão fracos jogadores equatorianos e quem saiu no
contra-ataque foi o time equatoriano. Após uma atuação razoável na primeira
meia hora, o Botafogo desarticulou-se e no segundo tempo foi o Independiente
que sufocou o Botafogo, e não o contrário. Parece que o treinador equatoriano
foi mais eficaz no intervalo do que o seu homólogo brasileiro.
Jefferson na
baliza e Tanque Ferreyra oportunista no ataque são os nossos recursos mais
consistentes. Se perdemos Jefferson até ao final deste ano, o nosso time
passará por grandes problemas, a não ser que Helton Leite se mostre uma
revelação.
Na verdade,
esta equipa precisa jogar muitíssimo melhor, treinar bastante mais e o
treinador tem que dar uma identidade ao time, custe o que custar. Os atletas têm
que colaborar com o técnico, e não fazendo as coisas ao seu jeito, porque pior
do que termos um técnico sem grandes recursos é não se fazer o que ele
determina estrategicamente.
Se a
liderança do técnico não ocorrer – e temo que não – o futuro não será muito
risonho. Mas aproveitemos o prazer da liderança na Libertadores…
A minha nota 10 vai para a torcida.
PS: Após
publicar os meus comentários, ouvi o treinador do Botafogo em conferência de
imprensa. Eduardo Húngaro justificou a má segunda parte porque o adversário
subiu as linhas de marcação, bloqueou os laterais e então o nosso time deixou de
poder jogar um futebol apoiado e teve que efetuar lançamentos de 30-35 metros.
Acho isto inacreditável, porque identificando a situação concreta, o que é que
ele fez ao longo da segunda parte para alterar a situação? E como pensa fazer
no futuro em situações idênticas? Afinal, o seu conformismo confirma o que
julgo que todos nós já pensamos acerca das suas capacidades técnicas.
FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x0
Independiente del Valle
» Gol: Tanque
Ferreyra, aos 3’
» Competição:
Taça Libertadores da América
» Data:
18.03.2014
» Local:
Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro
» Público: 26.837 presentes; 23.347 pagantes
» Renda: R$ 1.248.880,00
» Árbitro: Darío Ubriaco (Uruguai); Assistentes: Carlos
Pastorino (Uruguai) e Gabriel Popovits (Uruguai)
»
Disciplina: Ferreyra, Gabriel, Jorge Wagner (Botafogo),
Henry León, Núnez (Independiente del Valle)
» Botafogo: Jefferson, Lucas (Júnior César), Dankler, Dória e Julio
Cesar; Marcelo Mattos, Gabriel (Bolatti 29'/2ºT), Jorge Wagner e Lodeiro;
Wallyson (Cidinho) e Ferreyra. Técnico: Eduardo Hungaro.
»
Independiente del Valle: Azcona, Núnez, Andrés Lamas (Julio Angulo),
Fernando León e Mario Pineida; Henry León (Orejuela), Mario Rizotto; Fernando
Guerrero (Solís), González e Sornoza; Daniel Angulo. Técnico:
Pablo Repetto.
Imagem: Cleber
Mendes / LancePRESS
8 comentários:
Em Libertadores, há de se ver as coisas de uma forma pragmática. O 1 x 0 pode não refletir os problemas da equipe no jogo, mas o importante é vencer. Quantos timesogam bonito e não levam os pontos?
Grandes atuações de Lucas, Ferreyra e até de Dankler. O time precisa de tranquilidade, não precisa passar sufoco diante de um time mambembe equatoriano.
Sob um viés pragmático então, o importante é a liderança.
Falam tanto do Cruzeiro, que é uma equipe arrogante que perdeu dois jogos na Libertadores.
Não vejo nenhum grande time imbatível no torneio.
Até agora, excelente campanha na Libertadores.
E duas bolas na trave do Jorge Wagner, que também jogou bem e podia ter transformado o jogo em um 3 x 0.
Perfeitas observações: vimos o mesmo jogo. O que se percebe é que o treinador não consegue dar um padrão de jogo ao time e, como não temos nenhum jogador que pense, então parece um bando desordenado em campo. Nem em pelada se vê tal desorganização: o meio não arma, a defesa não sabe sair jogando, os laterais não apoiam e o ataque fica completamente perdido pois só recebe bolas prá dividir. Não se pode negar que o time lutou, mas é pouco e parece muito mal treinado e mal fisicamente. Parece que essa estória de poupar jogadores foi completamente equivocada. Precisamos de um técnico com experiência, pois depois das palavras do EH sobre o porque seu time não conseguiu sair do sufoco da marcação do time equatoriano, fica evidente que ele não sabe transmitir instruções. Aliás, seu antecessor também parece que não sabia, lembra-se? Que saudades do Seedorf, pois com sua liderança e inteligência o Botafogo poderia se comportar melhor. Na fase de grupos vai, mas no mata-mata, ou melhora muito e passa a jogar futebol ou então adeus. Realmente a torcida do Botafogo não merece essa diretoria, é uma torcida nota 1000. Abs e SB!
Caro Aurelio, não me contento em andar sempre com o coração nas mãos jogo após jogo e, fora o Cariocão, ano após ano a perseguir títulos que não alcançamos. Eu queria uma equipa consistente, e isso é coisa que ela não é, em minha opinião.
Parece um bando em campo, esforçando-se para fazer o melhor que pode, mas sem direção. No segundo tempo não houve praticamente uma jogada de cabeça, tronco e membros.O único momento do BFR na 2ª parte foi o chute de JW à trave.
A defesa marca mal, Dan kler e Dória não fizeram uma única saída de bola dominada, o meio campo não pensa, não cria, Wallyson parece que se esgotou e só Tanque Ferreyra nos salva.
Neste jogo tivemos Jeferson à altura de sempre, Tanque Ferreyra muito lutador, merecendo ser a figura do jogo, e Lucas em um ou outro cruzamento.
Não acho que seja uma 'excelente' campanha não ter conseguido ganhar nenhum dos três jogos fora contra times como o Dep. Quito, Unión Española e Independiente DV. Fora o jogo com San Lorenzo, o balanço tem sido sofrível.
No mata-mata, se o time se mantiver sem orientação dentro e fora de campo, é para o mata...
Abraços Gloriosos!
Concordo com tudo o que disse, Sergio. Somente uma nota para a poupança de jogadores: eu concordei e concordo com a alternância do time principal, o que está equivocado é o famoso 'planejamento'. Os jogadores foram poupados, mas sem um plano de organizativo que incluísse uma forte metodologia de preparação atlética.
Veja que se este time joga assim, sem velocidade, imagine se tivesse jogado os jogos todos... O que mais me espantou foi que quem colocou velocidade no jogo foi o independiente durante toda a 2ª parte. A nossa sorte é que são fracos e maus finalizadores.
Abraços Gloriosos!
Com o perdão da intromissão teço alguma considerações que me parecem interessantes ao debate sobre nossa última jornada na Libertadores:
1) O esquema tático implantado (ou ainda proposto pelo E.H.), a incapacidade técnica de algumas peças e a velocidade executada por alguns jogadores do Botafogo sugerem que contra times velozes e de bom toque no meio de campo teremos muito trabalho em campos como o Maracanã, principalmente se chamarmos os adversários ou "segurar resultados".
2) Não sei o porque de se generalizar análises sobre nossos adversários baseando-se em condições de nacionalidades ou qualquer outra tergiversação que os desmereçam. É necessário pois ressaltar que num campo bom como o Maracanã apareceu também um bom futebol da meia-cancha do I.del V. misturando boa velocidade e rapidez na troca de bola. O ataque sim pode-se suspeitar que seja fraco na medida em que acabou ou se "embananando na hora H" ou sendo bem marcado pela defesa.
3) Em suma, pareceu-me o I.V. um time com um meio de campo técnico e aguerrido e que, embora não me pareça equilibrado em virtudes nos três setores (principalmente na conclusão e a bola aérea defensiva destoam), tem sim seus valores e virtudes como saída de bola, velocidade e movimentação. Não é a toa, portanto o atual 2° colocado no Equatoriano.
4) Vi neste jogo, ainda, um pouco do dedo do técnico deles que leu a partida inteligentemente logo no início e extraiu dos jogadores o melhor de suas capacidades. Sabendo da nossa falta de agilidade ele elevou a linha de zaga unindo-a com volantes de primeiro combate (e que diga-se de passagem, saem pro jogo melhores do que os nossos e ainda voltam correndo marcando).
5) A circunstância da pressão foi pois um resultado conjuntural de um Botafogo que fez 1X0 antes dos 5', agrupou linhas para marcar e pela ausência de bons passadores (num esquema tático que prescinde de movimentações de jogadores pelas alas) ficou sem saída para contra-ataque, sendo pois refém das virtudes do meio de campo do I. del V.
Mspeck, não é nenhuma intromissão. Desde o início que, em termos de linha editorial do blogue, não aceito comentários obscenos ou mal educados - o que afastou muita gente para outros blogues. Não lamento isso, porque na linha editorial preveni desde logo para essa situação. O cumprimento dos objetivos do blogue foram inteiramente conseguidos, excetuando o debate sobre questões técnicas e de gestão do Botafogo, que nunca passaram para um plano realmente de debate mais profundo, excetuando alguns comentadores habituais como o Aurelio e o Sergio. Assim, os comentários são poucos, mas os que aparecem são sérios, como o seu e o leitor tem a certeza de não ler 'vagabundices' por aqui. Seja bem-vindo.
(1) O mais interessante neste ponto é verificar que a desculpa do estádio em que jogamos contra o Independiente no Equador ser acanhado e lamacento e que não dava para espraiar o nosso futebol, caiu por terra. No Maracanã o 'mito' desfez-se, porque quem conseguiu tirar maior partido do relvado foi precisamente o IdV. Em minha opinião, o time é razoável, mas não tem direção. Ainda não percebi qual é o DNA proposto por E.H. para o nosso time. Vejo jogadores descansados e sem velocidade, o que sugere uma má orientação ao nível da preparação física e, por isso, a melhor preparação do IdV acabou por vir ao de cima quando nos fez sufoco. O nosso meio campo não cria, o ataque circunscreve-se apenas a Tanque Ferreyra (como será o próximo jogo sem ele?) e a não presença dele na área facilita o trabalho da defesa contrária. Quanto à nossa defesa, a técnica não existe: os zagueiros são de chutão e os laterais frágeis - Júlio César é um excelente convite aos contra-ataques em cima dele e Lucas esforça-se mas cansa-se depressa e não consegue 90 minutos equilibrados. Salvam-se o eterno Jefferson e o esforço lutador de alguns.
(2) Também não percebo esse desmerecimento, mas parece que é recíproco, já que o Peru - país cujos naturais têm mistura de ameríndios, europeus, asiáticos, africanos, etc. - consegue fazer cenas de racismo na arquibancada. Mas quem o faz não merece nenhuma consideração enquanto torcedor de futebol. Reconheço que o meio campo deles é bastante melhor do que o nosso, pelo menos em ação, bloqueou-nos e só não fez um verdadeiro brilharete porque o último toque do IdV é bastante mau. Jefferson praticamente não interviu em jogadas difíceis. O mesmo se diga de nós, que ameaçamos apenas em três ocasiões: um gol e duas bolas na trave, o que significa que o goleiro deles nada teve que fazer.
(3) Reconheço essa superioridade deles. Aliás, no cômputo dos dois jogos eles foram mais incisivos do que nós, salvando-nos o oportunismo de Tanque Ferreyra a marcar e de Jefferson a defender.
(4) Concordo inteiramente. O técnico deles agiu, e o nosso ficou a olhar, limitando-se, no final do jogo, a mostrar-se conformado com a estratégia do adversário para a 2ª parte, nunca tentando sequer contrariá-la. E a entrada de Cidinho foi uma brincadeira, porque não me parece jogador nem de equipa B do BFR. A entrada devia ser do Henrique, mas gostava de saber a sua opinião sobre isto.
(5)O BFR mostrou algum futebol até à meia hora de jogo, a partir da qual o IdV percebeu que podia explorar as nossas fragilidades e nunca mais pegamos no jogo até ao fim. Saiu-nos a sorte grande em termos marcado um gol tão cedo, porque caso contrário estaríamos arriscados a não mais entrar na área e a perder no contra-ataque.
Confesso que não vejo com bons olhos o futuro, porque se o E.H. não conseguiu impor, até este momento, um DNA bem definido, dificilmente vai fazê-lo mais tarde. E não o fazendo, o time vai continuar sem líder dentro e fora de campo. JW não nos serve de muita coisa, limitando-se a bons remates de meia distância e de bola parada. Lodeiro fica perdido sem um orientador em campo. Do banco não se ouve a voz de E.H.
Abraços Gloriosos!
Rui,
Permita copiar comentário que fiz no Cantinho Botafoguense:
Pela primeira vez sai de um jogo do Botafogo com muita dor de cabeça, literalmente.
A torcida demonstrou mais uma vez que, se algum dia, quem estiver no poder conseguir montar um time competitivo faremos lindas festas. E olha que tem muita gente que não cansa de criticar o maior patrimônio do clube.
Além de incentivar, como em todos os jogos da Libertadores, fizemos as substituições e barramos o faltoso “EX jogador" do esgoto da Gávea. Como os atuais dirigentes gostam de contratar os refugos do esgoto da Gávea!
Foi cristalino que a torcida após gritar o nome, chamou o Bollati para substituir o Gabriel, que desapareceu após levar cartão amarelo.
Foi cristalino que a torcida não permitiu a entrada do Airton, quando foi chamado pelo que se diz treinador, Eduardo Húngaro.
Muito gozado foi a explicação dele após o jogo para a quase entrada do Airton:”Eu pedi ao auxiliar para chamar os dois. O Airton tinha treinado bem na lateral. Estávamos sendo atacados. Conversei com ele e o Junior Cesar para ver quem estava mais confiante. O Junior fez a função e me decidi por ele. Mas tenho certeza de que o Airton iria se sair bem."
Quando a torcida viu que o Airton foi chamado e começou a tirar colete vaiou muito (não veio os dois jogadores como disse o treinador). Nisso o Eduardo Húngaro gesticula, pula, e manda vir o Júnior Cesar. Só depois de muita vaia ele “ AFINOU”. Foi tão visível que conversamos (Eu e Danilo) sobre isso.
Ficou mais que provado que não temos técnico e estamos sem preparo físico. A única coisa que o time faz muito mal é ficar trocando passes laterais improdutivos que não conseguem dar sequência. Ou ficar invertendo jogados no meio do campo para a defesa e no máximo, três toques, perdemos todas as bolas.
Imagino como o Bolatti deva estar revoltado por ser reserva nesse time!
Se não fosse os dois chutes no travessão do Jorge Vagner, diria que ele e o Wallyson são balões japoneses!
Temos o melhor goleiro do Brasil e como disse o Danilo, um dos cinco melhores do mundo! Qualquer outro goleiro levava aquele gol que foi desviado no Dória. Que reflexo! Que defesaça!
Na saída do estádio não houve cânticos e expressões de felicidades. Teve inúmeros comentários sobre o péssimo futebol que estamos jogando e o medo de uma oitavas na Libertadores.
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Gil, depois dos comentários do EH e de outras coisas que li, apercebi-me que foi a torcida que vomandou as substituições, o que é dramático, porque s epor um lado temos um treinador omisso quanto à leitura de jogo e disposto a escalar e a substituir mal, por outro lado temos um treinador sem firmeza para impor as suas opções. Em suma, temos um presidente e um treinador sem coragem nem ousadia. Se chegarmos às oitavas-de-final é para eliminar. Só com muita sorte seguiremos em frente com este treinador e com o seu auxiliar que também se mostra incapaz seja do que for. Lamentável para quem esperou 18 anos e vê o que vê.
Abraços Gloriosos!
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