quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A escola mágica do Botafogo (I Parte)

por Fausto Netto

O TIME NÃO PERDE HÁ 110 JOGOS

Quanto vale um técnico que forma jogadores da categoria de Valtencir, Moreira, Nei, Carlos Roberto, Careca, Nílson, Ferreti, Mura e outros titulares do Botafogo?

Quanto vale um técnico que transforma meninos em craques? Pois é isso que Neca faz no Botafogo já vai para dez anos, calado e sempre humilde.

Na arquibancada a torcida aguarda alegre e confiante o momento de gritar ‘Gol!’, de deixar o estádio comentando mais uma vitória – êste time está invicto há 110 jogos. A bola passa de pé em pé, as jogadas são estudadas, tudo é feito com precisão – este time tem um técnico que gosta de futebol certinho. Quando o jogo termina, um pretinho recebe mais cumprimentos do que todos os demais – êste time tem até um ídolo.

É o time da Escolinha do Botafogo, treinado por Neca, um técnico diferente. Futebol para êle não é o grande estádio em dia de festa. Não são os títulos, os bichos, os bons contratos.

- Futebol para mim é levar anos vendo um garôto treinar e, um dia, descobrir que êle se transformou num craque.

Tudo começou há dez anos, quando Neca sofreu um desastre de carro. Perde não perde a perna, Neca só se preocupava com uma coisa: continuar dentro do futebol. Foi quando teve a idéia da Escolinha. Ex-jogador do São Cristóvão, São Paulo, Botafogo, Flamengo e América (Recife), Neca encontrou o apoio  que precisava junto a Ademar Bebiano, benemérito do Botafogo, que lhe cedeu o campo da Fábrica Nova América para a peneira dos meninos. Já então Neca esquecera o desastre.

Muito tempo passou e o trabalho de Neca revelou alguns excelentes jogadores, como Moreira, Valtencir, Mura, Carlos Roberto, Ferreti, Nílson, Humberto e Nei.

FALTA UM CRAQUE

- Só me falta uma coisa: revelar um fora de série, um fenômeno que chegue bem lá em cima. Sei que é difícil, mas não impossível. Garrinchas e Pelés não andam dando sopa por aí.

Calmo, perseverante, capaz de esperar anos por um menino. Neca acha que seu Garrincha já está na Escolinha e que daqui a cinco anos correrá com a camisa 7 do Botafogo.

- Só não digo o nome para evitar complicações. Êle tem onze anos e está sendo preparado em segrêdo. Quando êle mostrar o seu valor, eu posso parar. A Escolinha do Botafogo foi a grande sensação da Taça Rio-São Paulo de Futebol Juvenil dêste ano. O time chegou à final com o Fluminense, dando show de bola e fazendo muitos gols. A final, depois de estar perdendo por 3x1, empatou e, na prorrogação, chegou a marcar 1 a 0. O Fluminense empatou e, na decisão por pênaltis, ganhou o título. Mas o time que ficou na memória dos torcedores neutros foi o do Botafogo, principalmente pela alta qualidade do futebol de Perácio e Luisinho.

SELEÇÃO DESFALCADA

China; Calibé, Pedro Paulo, Maurício e Nei; Marco Aurélio e Edinho; Tuca, Perácio, Luisinho e Galdino – esta a seleção da Escolinha, que disputou o Rio-São Paulo. Com idade média de dezesseis anos, êles jogam um futebol de gente grande.

Pena que a seleção já esteja desfalcada. Tuca, Perácio e Luisinho passaram para o time juvenil que, êste ano, tenta recuperar o título que foi do Botafogo, pela última vez, em 1966.

Fonte: Placar Magazine, nº 58, 23.04.1971.

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