Jairzinho, Rogério e Parreira com
a Taça Jules Rimet conquistada no México em 1970
por MAURÍCIO SABARÁ MARKIEWICZ
blogue Futebol de Todos os Tempos
excerto da entrevista referente
ao Botafogo
Obtive
o contato do Rogério Hetmanek de uma forma bem curiosa. Recebi um e-mail da
Helen, que faz parte da Fundação Mokiti Okada (M.O.A), pedindo o telefone do
Leivinha, que eu já tinha entrevistado. Passei o contato dele, sendo que ela
também havia passado o telefone do Rogério. Não perdi tempo e aproveitei pra me
contatar com o ex-ponta na segunda-feira dia 10 e marcando a entrevista na
quarta-feira dia 12. Foi uma matéria bem rápida, mas fiquei na Fundação durante
três horas, pois conversar com o ex-jogador acabou sendo bem gratificante,
porque é dotado de muita inteligência e sabedoria, qualidades essas adquiridas
na Igreja Messiânica, da qual ele é o presidente. Confiram a matéria.
FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Você
nasceu no dia 02 de Agosto de 1948 no Rio de Janeiro e me contava a pouco que
começou como na várzea, mas não era propriamente um ponta-direita.
ROGÉRIO HETMANEK: O meu ídolo na época era o Pelé e eu jogava com a 10,
começando na posição de meia-esquerda. Posteriormente, no Botafogo-RJ, também
joguei como meia nas equipes de Base. Quando abriu uma brecha no time
Profissional, foi justamente na ponta. Eu driblava muito, o treinador era o
Zagallo e com o apoio do Neca, que também treinava os times de cima,
acabei me efetivando na ponta-direita e nunca mais deixei essa posição.
Rogério com a faixa de
campeão carioca juvenil de 1966
FTT: Jogando na ponta-direita no Botafogo, formou uma
linha de ataque fantástica, ao lado de Gérson, Roberto Miranda, Jairzinho e
Paulo Cézar ‘Caju’. Falei sobre essa linha.
ROGÉRIO: Essa linha de ataque realmente marcou época, pois
ganhávamos tudo entre 1967 e 1969. Eu sempre cito que foi a única linha que fez
parte de uma Copa do Mundo, algo que nem o Santos, na sua época áurea,
conseguiu colocar os cinco. Muitos falam que o Gérson já era do São Paulo, mas
conhecia a todos nós.
FTT: Por sinal o Gérson formava a ala-direita do
Botafogo contigo. Comente sobre esse grande jogador.
ROGÉRIO: O Gérson foi um fora-de-série e era tido por todos
nós como o maestro do time, ditando as jogadas, falava muito, ou seja, um
treinador dentro do campo. Foi realmente um craque inigualável e não apareceu
ninguém igual. Pensamos atualmente que o Ganso pode chegar perto, mas ainda
está bem longe.
FTT: Rogério, no Botafogo você
foi Bicampeão Carioca e venceu uma Taça Brasil, conquistas muito importantes.
Vocês acham que eram tão badalados como o antigo ataque do time, formado por
Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo.
ROGÉRIO: Foram duas épocas marcantes no Botafogo. O time sempre
esteve presente nas Copas do Mundo, com os jogadores se destacando muito. Entre
1958 e 1962, havia uma Base muito boa do Botafogo e em 70 também, além da
Comissão Técnica, oferecendo bastante à Seleção Brasileira.
Da esquerda para a direita: Rogério, Gérson, Roberto
Miranda, Jairzinho e Paulo Cézar ‘Caju’
FTT: Qual era o lateral-esquerdo que te dava mais
trabalho?
ROGÉRIO: Provavelmente o Marco Antônio, que jogava no
Fluminense, pois foi quem mais enfrentei no Botafogo e Flamengo.
FTT: No final dos anos 60, o Botafogo estava numa
grande fase, com praticamente todo o ataque na Copa do Mundo de 1970. Por
sinal, você era o ponta-direita titular da Seleção, mas, pouco antes da Copa
sofreu uma distensão muscular e acabou saindo do time do Brasil, sendo que
continuou na Delegação. Conte sobre esse fato.
ROGÉRIO: Sempre digo que aquela Seleção foi uma das melhores em
preparo físico para uma competição. Todos os jogadores que estavam naquela
Delegação, viviam o seu auge em condição atlética. Eu já tinha certo
reconhecimento no México, porque o Botafogo jogava todo o ano neste país, pois
as excursões sempre passavam por lá. Realmente era uma Copa que tinha tudo pra
chegar próximo ao Garrincha, revivendo-o, era uma esperança e estava no time
ideal. Mas, infelizmente, devido a uma contusão fácil de ser resolvida, pois
bastava fazer alongamento e eu não fiz, descobrindo isso somente quando jogava
no Flamengo, o que acabou me tirando deste Mundial. Mas como estava entrosado
em vários aspectos, houve um movimento do Zagallo e dos jogadores para eu
ficasse na Delegação e pudesse atuar como espião junto com o Parreira, que na
ocasião era o Preparador Físico. Nós observávamos todos os jogos dos possíveis
adversários do Brasil, fazíamos relatórios, juntávamos os jogadores e
percebemos que todas as informações que demos ao Zagallo foram aproveitadas,
chegando a ganhar os jogos na véspera, neutralizando as jogadas táticas dos
times que enfrentávamos e criando as alternativas pra Seleção
conquistar vitórias. Foi importante porque, de um certa forma, o que não pude
fazer dentro do campo como gostaria, contribuí nessa condição de observador.
2 comentários:
Quem viu essa linha aí da foto não pode se conformar com o que fizeram e fazem com o Botafogo. Vi o time de 62 mas era muito garoto e pouco me lembro, mas esse time de 67 e 68 me lembro bem e, o Rogério era um ponta espetacular. Ter visto aquele time fez dos botafoguenses mais antigos super exigentes, pois quem se acostuma com filé mignon, nunca vai gostar de carne de pescoço, que é o Botafogo atual. Abs e SB!
Às tantas, Sérgio, nem carne de pescoço é. São os ossos que normalmente revertem para os cachorros roerem.
Abraços Gloriosos.
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