por CARLOS VILARINHO e RUI MOURA
Adeptos dos verdadeiros Hinos do Glorioso
Em
Outubro de 1956, durante um jogo do Botafogo, estranhou-se que não tivesse sido
tocado o hino do Clube nos alto-falantes do Maracanã. Na verdade, o
presidente Paulo Azeredo solicitou que não tocassem o disco, porque a nata
botafoguense entendia que a marcha de Lamartine não exaltava suficientemente as
glórias do Botafogo.
Partilhamos
da opinião de Paulo Azeredo e dos ilustres botafoguenses da época. A obra ‘O
Futebol do Botafogo 1951-60’ – I volume (da autoria de Carlos Vilarinho), explica
a história da marcha.
O
saudoso Nelson Cintra, que à época tinha uma coluna no ‘Jornal dos Sports’,
implicava solenemente com a história de ‘campeão de 1910’, como se o Botafogo
não tivesse títulos muito mais significativos posteriormente – por exemplo, o
tetracampeonato 1932-33-34-35.
Para
quem não sabe, o tal ‘hino’, juntamente com outros nove, foi lançado pelo ‘Trio de Osso’, integrado por Lamartine Babo (torcedor
do América), Yara Salles e Héber de Bôscoli (ambos flamenguistas), num espetáculo de homenagem ao Flamengo,
designado por ‘Até Breve, Rio’, no Teatro João Caetano, em 10 de janeiro de
1944.
Quer
dizer, o nosso Hino, obra de simpatizantes do América e do Flamengo, e lançado
juntamente com outros em homenagem ao grêmio da Gávea, não corresponde às
tradições do Botafogo e ao seu nível desportivo, social e intelectual. É
inegável que a marchinha de Lamartine Babo não nasceu no Botafogo; não foi
encomendada pelo Botafogo; foi imposta ao Botafogo.
Leia-se
Carlos Vilarinho na Obra citada em Fonte:
Acontece que o Hino do Botafogo era outro, da criação dos
botafoguenses Eduardo Souto (música) – o maior compositor popular da sua
geração – e Octacílio Gomes (letra). No ano de 1921, um grupo de apaixonadas
torcedoras quis presentear o Botafogo com uma rica bandeira de seda: senhorita
Lucia Monteiro (madrinha) e senhoras Antenor Las Casas, Bernardino de Carvalho,
Francisco Guimarães Romano e Oldemar Murtinho (alvinegros de primeira linha).
Em 29 de junho, General Severiano lotou. A jovem Lygia Raposo Murtinho conduziu
o pavilhão. Seguiram-se a bênção do Monsenhor Castorelli e os discursos de
Oldemar Murtinho, Miguel de Pina Machado (padrinho) e Renato Pacheco
(presidente do Botafogo). Uma comissão de alunos do Colégio Botafogo formou a
Guarda de Honra para o ato de hasteamento. Neste momento, o “GLORIOSO” fez sua
estreia oficial, executado por coro de sócios e banda militar regidos por
Eduardo Souto. Festa prosseguiu até as 22 horas: música, dança e Buffet
fornecido pela Confeitaria Colombo.
Em 12 de julho a imprensa já anunciava a venda do disco,
na Casa Carlos Gomes – Instrumentos de Música (Rua do Ouvidor, 153), de Eduardo
Souto.
A primeira audição do “GLORIOSO”, fora do Botafogo,
ocorreu no Trianon (Rua Treze de Maio), centro das atividades artísticas da
Capital. Oduvaldo Vianna vinha de ARRENDAR o famoso teatro, dando-lhe uma nova
fisionomia (inclusão do cinema). Surgiu o “Movimento Trianon”. Em 29 de julho,
o Hino foi apresentado ao grande público. Os ingressos esgotaram. A direção do
programa coube ao jovem Lyra Tavares (20 anos), com especial participação de
Francisco G. Romano, fazendo caricaturas no palco. Romano (seu nome de guerra)
fazia então muito sucesso na Dom Quixote (revista de sátira política). A
interpretação do “GLORIOSO” coube à atriz Abigail Maia (botafoguense), grande
estrela de seu tempo.
O “GLORIOSO” era cantado em todas as ocasiões: jogos,
bailes, solenidades, etc. No carnaval de 1922, por exemplo, no salão de
Wenceslau Braz, com a massa em polvorosa, foi ele que encerrou o concurso de
fantasias. Entretanto, em 1950, a marcha de Lamartine Babo foi gravada em
disco, caindo rapidamente no gosto do público mais jovem com a ajuda poderosa
do Rádio. O Botafogo reagiu.
No dia 1 de outubro de 1956, Nelson Eduardo Souto (filho
de Eduardo Souto) escreveu uma carta ao Botafogo: “Só nos resta fazer o que
agora fazemos: oferecer ao Botafogo uma gravação do seu verdadeiro Hino. Creio
que essa gravação está de acordo com a atitude da Diretoria, pois musicalmente
será feita com o que de melhor existe. Radamés Gnattali fará a orquestração. O
disco, assim que tivermos em mãos, entregaremos ao Sr. Paulo Azeredo.”
Na quarta-feira o (genial) botafoguense Radamés Gnatalli
cumpriu a incumbência com enorme prazer.
[Excerto grafado em itálico e autorizado pelo autor, foi extraído de VILARINHO, C. F. (2013). O Futebol do Botafogo 1951-60. Rio de Janeiro: Edição do Autor, pp. 164 a 166. O livro pode ser adquirido nas melhores livrarias do Rio de Janeiro e a partir do sítio www.ofuteboldobotafogo.com]
[Excerto grafado em itálico e autorizado pelo autor, foi extraído de VILARINHO, C. F. (2013). O Futebol do Botafogo 1951-60. Rio de Janeiro: Edição do Autor, pp. 164 a 166. O livro pode ser adquirido nas melhores livrarias do Rio de Janeiro e a partir do sítio www.ofuteboldobotafogo.com]
Os lindos
Hinos Oficiais do Botafogo do futebol e do Botafogo das regatas podem ser
ouvidos em:
Sendo
Hinos Oficiais, Carlos Vilarinho almeja que, em todas as reuniões do Conselho
Deliberativo, além da famosa marchinha, sejam tocados no sistema de som,
SEMPRE, os Hinos Oficiais.
Também
sugere que a página do Clube, na internet, popularize os vídeos do Youtube
disponíveis e divulgue as letras dos Hinos Oficiais dos Clubes fundadores do
Botafogo de Futebol e Regatas – o Club de Regatas Botafogo e Botafogo Football
Club.
Por
isso, o MUNDO BOTAFOGO convida todos os leitores que queiram recolocar os
nossos Hinos no lugar de relevo que merecem, que enviem um e-mail ao Botafogo
com a seguinte mensagem:
Sou
torcedor/a do Glorioso Botafogo e manifesto – neste momento de autêntico
ressurgimento do GLORIOSO – o meu desejo de serem resgatados os Hinos
Oficiais dos Clubes que deram origem ao Botafogo de Futebol e Regatas – o do
Futebol e o das Regatas – e que, para tanto, sejam executados EM TODAS AS
REUNIÕES DO CONSELHO DELIBERATIVO DO CLUBE, os Hinos Oficiais do Club de
Regatas Botafogo e do Botafogo Football Club, se necessário, com
orquestrações modernas.
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OBRIGADO,
CAMARADAS DE ESCUDO!
7 comentários:
Lamento não ter vivenciado a cidade do Rio de Janeiro e o Botafogo entre as décadas de 1920-50. Saudades de uma época que não foi a minha.
Estamos empatados, Antonio. Eu tenho essas mesmas saudades de um tempo em que eu ainda nem era nascido.
Abraços Gloriosos.
Já enviei meu email!
Vamos resgatar nossas glórias e tradições!!!
Obrigado, Hangman.
Abraços Gloriosos.
Ruy, o presidente Carlos Eduardo me garantiu que os Hinos Oficiais serão resgatados.
O Botafogo está voltando.
Um abraço,
Vilarinho
Rui, em uma das paredes que dão acesso ao clube consta os hinos do Regatas, do Futebol e o de Lamartine oriundo da fusão e sugere, ter sido adotado pelo clube como do Futebole e Regatas.
José Gonçalves,há informações contraditórias sobre o passado, mas sobre o Hino do Lamartine sempre li que era o hino 'popular' e não o oficial. Quer dizer, não tenho nenhuma informação disso, pelo contrário: o hino 'popular' era contestado por muitos.
Abraços Gloriosos.
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