por OLAVO BILAC
Poeta botafoguense nascido para o Club de Regatas
Botafogo
Cego, em febre a
cabeça, a mão nervosa e fria,
Trabalha. A alma lhe
sai da pena, alucinada,
E enche-lhe, a
palpitar, a estrofe iluminada
De gritos de triunfo
e gritos de agonia.
Prende a idéia fugaz;
doma a rima bravia,
Trabalha... E a obra,
por fim, resplandece acabada:
"Mundo, que as minhas
mãos arrancaram do nada!
Filha do meu trabalho!
ergue-te à luz do dia!
Cheia da minha febre
e da minha alma cheia,
Arranquei-te da vida
ao ádito profundo,
Arranquei-te do amor
à mina ampla e secreta!
Posso agora morrer,
porque vives!" E o Poeta
Pensa que vai cair,
exausto, ao pé de um mundo,
E cai – vaidade
humana! – ao pé de um grão de areia...
NOTA: Final da série de poemas de Olavo Bilac, fervoroso adepto do Club de Regatas Botafogo que reinou nas águas cariocas desde 1894. Segue-se a série de dez poemas de Vinícius de Moraes, que se tornou adepto não menos fervoroso do Botafogo Football Club.
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